terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Escritores de verão e inverno

Nunca gostei dos escritores de verão.
Tão coloridos e felizes,
Que soam falsas crendices.
Com suas calças floridas cor de melão

Adoram o sol de veraneio.
Andando descalços nas praias,
Piscinas e canteiros. Escrevendo
Em cadeiras de balanço.

Entornam suas cervejas geladas.
Escrevendo sobre realidades,
Que para muitos inexistem,
Mas vendem o desejo de existir.

Falam sobre ricos e suas fortunas,
Sobre lugares paradisíacos,
E uma vida perfeita e singular
Onde ninguém consegue alcançar.

Sou mais os escritores do inverno.
Ah! Esses sim são escritores.
Da realidade prosadores.
Os poetas das dores e do amar.

Sabem, como ninguém,
As dores de uma paixão,
A felicidade da conquista,
As lacunas da solidão.

Prosam sobre a realidade de todos,
Sobre o nascer de um boto,
Sobre a arte de matar,
E sobre o desejo de casar.

Dissertam sobre os humanos
Agarrados na realidade.
Seja ela feliz ou triste,
Leve ou cheio de esquisitice.

Enfrentam o frio do inverno
Na solidão de um lugar,
Com café a lhe esquentar
E uma historia a contar.

Conhecem as dores do mundo
Pois lá já viveram e sentiram.
Não vendem ilusões e vultos,
Mas iluminam a razão de existir.

Que se extinguem os escritores do verão
E que nasça muitos escritores do inverno,
Tarjados no frio da paixão
Moldados na solidão e ilusão.

Charonildo

Era mais um dia comum, na verdade, era mais uma noite comum. Não, espera, minto. Não era uma noite tão comum assim, afinal, não são todos os dias (ou seria noites?) que Charonildo se reunia, em confraternização, com os seus amigos.
Charonildo não queria muito estar ali, mas não tinha nada melhor pra fazer. Então, resolveu deixar seu pijama de lado, as barras de chocolate, o balde de pipoca, os restos da pizza da noite anterior e o “super mega hiper” jogo do ano (no vídeo game já meio gasto), e foi encarar essa socialização auto imposta.
Tantos conhecidos, um bocado de desconhecidos. Seria só mais uma confraternização, como qualquer outra, onde homens e mulheres conversavam sobre assuntos diversos, jogando restos de comida pelo ar com a boca, e gastando refrigerante (ou cerveja, ou vinho) pelo nariz, depois de ouvir aquela “super sensacional nova piada” de um cara que quer ser o mais humorado da mesa. Tudo isso, enquanto o garçom se descabela tentando atender aos caprichos individuais de cada um.
Rostos alegres, pensativos, observadores. Cada um vivendo aquele momento único, que provavelmente se repetiria na singularidade algumas vezes durante o ano seguinte. Ora ou outra Charonildo se perguntava se já não era hora de ir embora. Aquela fase “super difícil” do game o aguardava. Mas algo ainda o mantinha ali, ouvindo aquelas pessoas e comendo aquela comida (preferia o da mãe dele).
Foi quando ela surgiu, dentre tantos estranhos, tantos risos e sorrisos, o dela se diferenciou. Foi como se toda aquela gente, aquele burburinho de vozes querendo atenção, e aquela musica ruim, desaparecesse em um limbo desconhecido. Charonildo só a via, só a ouvia. Mais nada, mais ninguém, somente aquele acelerar do coração e aquela visão deslumbrante de uma ninfa urbana.
Esqueceu-se de toda aquela “gordice” que o esperava, e aquele jogo não tão bom assim. Pelo visto a noite seria mais longa do que planejará. Que maravilha! O destino apronta tantas, mas, de vez em quando, ela sorri. E são nessas horas que a resposta do “por que estou aqui?” vem à tona, balançando o coração.
Vamos deixar o Charonildo em paz, conquistando a sua amada. Quem sabe o resultado não venha a ser outra historia, que contarei com prazer.

domingo, 27 de dezembro de 2015

Lavando roupa suja

Como de costume, em um dia qualquer em minha vida, resolvi sentar em uma das cadeiras de plástico de uma barraquinha de café que há em frente ao hospital municipal da cidade, vulgo “matadouro” – apelido dado com carinho por pessoas não tão carinhosas assim, que, no geral, desconhecem a verdadeira realidade que os funcionários de lá vivem. – para degustar de um café decente, e assim começar o batente.

Um fulano (aqueles que nossa consciência conhece o nome, mas nosso senso de amizade desconhece a existência) sentou ao meu lado para, também, tomar seu café e resolveu puxar assunto com esta pessoa que vos fala.

- Rapaz, é cada uma que nos acontece. – disse, cutucando meu braço.

- Que houve, rapaz? – fingi curiosidade.

- Às vezes é um saco atender esse pessoal do interior. O povo não têm nenhum conhecimento. Deus me livre. Muita ignorância.

- A realidade deles é diferente da nossa.

- Papo furado. Sabe, blá blá blá...

Enquanto ele falava, lembrei-me de uma viagem que realizei até a capital, naqueles navios lotados, sendo esmagados por redes e malas, e contemplei, ao longe, uma mulher na beira do rio lavando a roupa de sua família. Provavelmente, depois de lavar todo o cesto de roupas sujas, ela iria limpar a casa, fazer comida, cuidar das crianças. Tudo, enquanto aguardava o marido e filhos virem do mato, com caças, ou depois de trabalharem na lavoura.

Que chances aquela mulher tem de adquirir conhecimento naquela realidade, longe de escolas, livros, etc? Lembro-me de um artigo, de Albert Einstein, onde ele diz que não existem chances de alguém conseguir se desenvolver intelectualmente se ele não tiver liberdade para isso. Se não houver tempo e energia para poder estudar, refletir, questionar, não há desenvolvimento.

Aquela mulher passava o dia inteiro em seu trabalho árduo, quando chegava à noite ela só queria dormir e aproveitar os braços de seu esposo. Ela não era livre, pois o trabalho e o cuidado com a família a encarcerava na rotina, sem chances de se desenvolver. Ela não tinha oportunidades, pois o Estado não chegava até sua região. Não tinha energia, pois todos aqueles serviços domésticos eram desgastantes.

Olho para o meu café, que havia chegado: pão, queijo, ovo e presunto, banhados em margarina. Iria ingerir toda aquela gordura saturada, sódio e carboidratos, contaminando-me, como alguns dizem. Olho para o fulano e percebo que há coisas piores a serem consumidas. Que não são os alimentos que destroem o interior dos homens, mas a desumanização, a verdadeira ignorância. E aquele fulano estava farto de todo aquele veneno.

Levantei e sentei em outro lugar. O fulano que vá pra puta que pariu.

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Dias de reflexão

Os últimos dias do ano vêm surgindo timidamente agarrando-se ao frio do inverno amazônico e trazendo a tona vários questionamentos da mente. E por mais que foquemos nas festas que surgem, nas confraternizações e trocas de presentes, não conseguimos   afastar as duvidas que se alastram com o anuncio de mais um ano que nascerá.

Por mais que quisesse animar a todos enganando-os com falsas promessas de um Ano Novo que pode ou não suprir todas as nossas necessidades e desejos, tenho que alertar quanto ao meu desconhecimento sobre o futuro que nos aguarda. São perguntas sem respostas que somente a continuidade da vida e o tempo poderão responder.

O ano está findando e continuamos a ser afetados pelos mesmos problemas graves que tivemos durante este movimentado período histórico que se passou. Ouço as histórias dos mais poderosos heróis e guerreiros que lutavam por honra e gloria. Escuto histórias de civilizações que batalhavam em defesa da nação e da família. Continuamos lutando, produzindo guerreiros, mas que batalham somente em nome da sobrevivência neste mundo caótico.

Nossos corações teimam em se prender ao passado, nas dores e sonhos não realizados, em momentos felizes que não mais voltarão a ser vivenciados. Nossas mentes encarceram-se nas duvidas do futuro indagando-se sobre o horizonte nada desnudo, que se apresenta na imensidão dos olhos desejosos de um futuro mais digno. E nossos pés paralisam-se no presente, descontentes, sem saber que rumo tomar.

O clima natalino infecta a mente das pessoas com a falsa sensação de amor e carinho, enganando a todos sobre o futuro obscuro que nos aguarda. Se pelo menos tivéssemos a certeza que este sentimento exercido no dia 24 de dezembro superasse a barreira do tempo e sobrevivesse o ano inteiro, poderíamos intensificar nossas esperanças de uma melhora gradativa na realidade em que estamos inseridos. Porém, não temos essa certeza, que se mistura a tantas outras incertezas deixando todos a  deriva neste mundo desgovernado. Se pelo menos nosso pensamento não fosse ultrapassado, trancafiado em hipérboles amarguradas de premissas inacabadas e baseadas na desumanização há muito tempo anunciada, poderíamos alimentar esperanças.

Que estes segundos de reflexão sem promessas e desejos e recheado de lamentos de um escritor sem jeito, produza um olhar mais analítico sobre os acontecimentos que se foram,  nos ensinando sobre a vida.

Que nos faça perceber que o que é pra ser vivido não são as lembranças ou planejamentos, mas aqueles minutos em que se está naquele momento em que o futuro é uma incógnita aguardada.

domingo, 20 de dezembro de 2015

Lamentos alcoólicos de um amor não vivido

“Somos aquilo que escolhemos ser”, essa premissa é interessante, soa quase como verdade absoluta, se não soubéssemos que nossas vidas são regidas pelas ações do destino; sejam elas nos atos da natureza ou dos outros indivíduos que a este mundo pertencem.
Acredito que todos nós já fomos alvo dessas incógnitas arteiras que a vida adora nos pregar, nos arremessando para lá, e para cá, como uma criança brincando com a sua bolinha de gude que acabara de ganhar de seu pai. Ora ajudando, outrora atrapalhando, nas decisões e planejamentos que tomamos diariamente. Sei que é difícil de aceitar, mas não temos controle sobre nossas vidas, por mais que a nossa humanidade não aceite esses fios do ventríloquo chamado ‘destino’.
O amor é um dos sentimentos mais afetados por essa peripécia da vida. Quantos, neste momento, não estão balbuciando lamentações pela perda de um amor, afogando-se em álcool devido uma paixão não concretizada, esgueirando-se na escuridão da traição para poder viver um sentimento proibido.
É triste saber que todos nós somos ligados ao acaso. Que estamos fadados a não termos um sonho realizado devido a fatos que estão além do nosso controle. Que para viver um amor temos que estar cientes de que a outra pessoa também deve assim desejar. Que as escolhas dela poderão afetar a relação. Que a vida pode fazer de tudo para que aquele sentimento não se concretize, e permaneça na dimensão dos sonhos e desejos de uma mente apaixonada.
Aquele sorriso puro e olhar curioso foram o que me chamou a atenção. Uma beleza singular, diferente daquilo que encanta a mente encharcada de hormônios de tantos homens. Igual a uma flor que acabara de desabrochar, que fascina pela simplicidade e delicadeza, sem o mínimo de esforço para isso.
A aproximação desejada houve, mas o afastamento imposto pela vida não pôde ser evitada. Seguimos estradas diferentes, que algumas vezes, pelo sádico humor do destino, cruzavam-se em curvas silenciosas, que logo se afastavam e adentravam na escuridão do esquecimento.
Porem, o mesmo acaso que rege nossa vida contra, ou a favor, de nossos desejos fez encontrarmo-nos em um momento de êxtase artístico. Em um sarau eu a vi e, diante de tantas lindas poesias emanadas naquele momento, ela era os versos mais sublimes que me anestesiavam de romantismo.
A aproximação, mais uma vez, foi concretizada e deste reencontro houve um encontro, tão primoroso quanto os mais belos sonhos já vividos em uma noite adormecido ao luar. Caricias foram trocadas, e o no fim veio à certeza de que, finalmente, nossas estradas seguiriam juntas, mesmo não tendo revelado a ela meus profundos sentimentos.
Neste momento você deve estar querendo me perguntar se já revelei a esta moça que sou apaixonado por ela e o que aconteceu. Bom, em um belo dia, um dos meus mais inspiradores amigos poetas presenteou-me com uma poesia dedicada as musas que possuíam o mesmo nome que tinha a minha amada. Revelei-lhe que era apaixonado por uma mulher com o mesmo nome e ele me perguntou se eu já a tinha dito. Responderei a vocês o mesmo que respondi a ele: Sim! E ela voltou para o ex.
Como vos disse, caros amigos, não temos controle sobre nossos destinos. Quando achamos que um de nossos mais encantadores sonhos será realizado, acabamos levando uma tapa da vida.
Desejo a todos a felicidade desejada e, enquanto ficarão por ai conectados lendo noticias ou postagens alheias, ficarei por aqui, esgueirando-me na escuridão, balbuciando as lamentações com uma garrafa de cerveja em mãos.
Pelo menos até a próxima postagem.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Sejam + sorriso

Há quem diga que os acontecimentos que circundam o Triangulo das Bermudas são os mais misteriosos do mundo, mas para um homem conectado como eu sabe, perfeitamente, assim como outros, que existe um acontecimento que deixa o cérebro extasiado de curiosidade diante das indagações acerca dos motivos que levam as mulheres a praticarem este ato: de tirar selfie fazendo bico.
O mestre Zé Ramalho, em sua sublime poesia, diz que “Quem não ama um sorriso feminino, desconhece a poesia de Cervantes”. Ora, realmente, quem não ama? O sorriso feminino são os versos mais sublimes da personificação de um poema divino. Encantam os corações mais machistas, abre as portas mais emperradas, inspira as poesias mais profundas e delicadas, conquistou, e conquista, o espaço das mais belas canções já cantadas. Mas há, diante disso, uma questão a ser levantada: para onde se foi o sorriso das mulheres nas redes sociais?
Dificilmente se vê uma mulher abrindo seu sorriso nas câmeras para postar fotos na internet. A maioria, hoje em dia, prefere fazer um bico como um peixe retirado da água, ou empinar o bumbum como os alienígenas do clássico filme Homens de Preto. O corpo da mulher deixou de ser melodias de uma canção, e se tornou somente carne para o consumo dos olhos dos internautas de plantão.
O mais curioso, diante disso, é que as mesmas mulheres que se esforçam para sensualizar na internet, transformando seu corpo naquilo que a sociedade acredita ser sensual e sexy - tudo para ganhar likes - são as mesmas que criticam os olhares e cantadas de alguns homens por ai. Se encantam com a grande quantidade de curtidas e comentários, enquanto a verdadeira beleza feminina fica de lado.
Mas não é essa a questão a ser discutida aqui, afinal, a mulher é livre para ser e usar o que quiser sem a presença invasiva e grosseira de alguns homens que há entre nós. Porem, contudo, sinto falta de mais sorrisos femininos nas redes sociais que frequento. Para onde foram? Assim como tantos barcos e aviões, desaparecidos no Triangulo das Bermudas, eles foram sugados por uma força misteriosa capaz de extinguir a verdadeira beleza feminina que inspira tantos artistas por ai?
Peço para todas as mulheres que lerem esta crônica que tirem uma de suas postagens, somente uma, e mostre a sua verdadeira beleza, sem utilizarem de uma sensualidade forçada. Sejam simples, sorriem. É tão fácil e gostoso. As redes sociais serão mais deliciosas de ser ver se, ao abri-las, contemplarmos o seu sorriso mais sincero. Embeleze os dias de seus amigos e familiares. Sorriam!

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Vidas que se vão

Enquanto sentava em frente ao meu notebook e pensava no que iria escrever, recebo a triste notícia que abalou as estruturas de muitos escritores que tenho contato: o poeta Darcel Andrade faleceu, na UTI do hospital da Aeronáutica em Belém, na madrugada do dia 12 de Novembro.
Infelizmente não tive contato pessoal com o Andrade, mas o tive através das redes sociais. E os adjetivos que vários de meus amigos verbalizaram, quando se referiam a esta figura, fez-me ter uma grande admiração por ele enquanto pessoa e escritor.
Mais um poeta se foi, para abrilhantar o eterno sarau do outro mundo e olhar para os escritores miseráveis que ainda teimam em permanecer neste plano; lutando para, com simples palavras, mudar algo nesta sociedade que caminha cada vez mais para o caos.
Não muito distante dessa perda, tivemos outra que chocou o coração da comunidade Brevense: a morte do jovem Adeilton. Um rapaz, cheio de sonhos, que acabou sendo vitima de uma violência bárbara e sem sentido.
“Até quando?”, gritava o seu pai. Um grito de dor e desespero que ecoava por toda a cidade, chegando aos corações de muitas pessoas que só tinham como resposta as lagrimas que caiam do queixo e encharcavam o chão de terra batida, em frente ao departamento de policia.
Uma pergunta feita aos céus, registrado pelos olhos das pessoas e pelas câmeras das tv’s locais deste município. Famílias, amigos e comunidade juntos, sentindo a mesma dor. Juntos, questionando-se que motivos cruéis levaram a silenciar aquele jovem rapaz. Que sadismo é este que faz com que tirem a vida de um ser humano de forma atroz?
Sinto em minhas entranhas que, cada vez mais, vivemos em tempos onde a sociedade se afasta, em passos largos, da humanização. É uma era perigosa, onde vivemos cercados de perigo, nos obrigando a entrar em um campo defensivo, desconfiando de tudo e de todos, nos trancafiando em casas cada vez mais parecidas com presídios.
Adeilton se foi, para nos escancarar a nocividade que se encontra nossa sociedade. Sua morte inumana veio para dar um choque de realidade em muitos corações que se esfriaram diante da normalização da crueldade em que vivemos.
Darcel se foi, para nos mostrar que ainda há esperanças. Que se pode viver com amor, paz, cultura e poesia. Que diante da desumanização da humanidade, há possibilidades de se nadar contra a correnteza deste rio revoltoso, e viver como humanos - dignos de se chamar assim.
Nenhuma das mortes era esperada e desejada, mas vieram e foram sentidas com forte impacto por todos. Suas mortes não serão em vão, servirão como gritos de protesto contra o caminhar errôneo que seguimos. Queremos menos ódio e mais amor. Menos chacinas e mais poesias.
E com o coração na mão termino está crónica, não com palavras minhas, mas com as do poeta Darcel Andrade, retiradas de seu perfil do Facebook:

“Escrevemos o que sentimos e falamos o que o coração está cheio. Neste momento viajo por uma razão qualquer sem nada pedir, talvez a certeza de um trabalho digno, compartilhado e cheio de entusiasmo. Seguimos

Solos Vermelhos

Hoje duas nações se abraçam e choram os horrores vividos. Esta semana o ocidente foi lavado com sangue inocente, causados por descaso, abandono politico e terrorismo, baseado em uma psicopatia sem sentido; usando a religião como desculpa para atrocidades que abalam o coração de todos os povos que anseiam pela paz.
Minas Gerais derrama lagrimas pelas centenas de vitimas que foram soterrados pela lama das represas que foram ao chão. O Brasil acompanha as dores das famílias e das vitimas dessa tragédia que não só abalou a seres humanos, mas também toda uma fauna. Peixes se foram e um rio morreu. Mortes, há mortes por todo lado. Mariana grita por socorro diante da ameaça de outra represa vir a romper.
O vermelho da bandeira de Paris se misturou ao sangue de seus conterrâneos, e turistas, que foram vitimas de mais um ataque terrorista em nome de um Deus que prega o amor ao próximo. As luzes da cidade-luz apagaram-se com os choros e gritos de desesperos de toda uma população.
A terra está vermelha de fogo, lama e sangue. O ar está pesado com a fumaça das explosões que varreram vidas de nosso plano. O chão está pegajoso com o que sobrou de homens, mulheres e crianças, atacadas por metralhadoras ou por um tsunami não esperado, não anunciado.
Enquanto isso, nossos marajoaras são vitimas de um abandono politico secular, que vai varrendo da historia sonhos e esperanças. Vivendo, todo dia, sob ameaça de terroristas que nasceram e cresceram nessas terras sagradas, e a desejam somente para nutrir seus anseios individualistas e egoístas.
Tudo que veem acontecendo, ao nosso lado, em nosso território e do outro lado do oceano, não são doenças que precisam ser curadas. Não, não o são. São sintomas. São sinais claros e gritantes que há em nossa sociedade uma doença mais profunda e nociva ao nosso futuro: a desumanização da humanidade.
Enquanto não nos vermos como uma humanidade, única, respeitando às diferenças de nacionalidade, cor, religião, filosofia e ideologia, continuaremos a criar mentes psicopatas dispostas a tudo para ver seu semelhante morrer em nome de um credo debandado para um extremismo fantasioso e cruel.
Enquanto apontarmos os dedos para o outro e acusarmos de estarem do lado errado de um credo, estaremos criando outras gerações machucadas, dispostas a adentrarem em grupos terroristas para, assim, deixarem seu grito de protesto adotando-se o terror.
Precisa-se, sim, cuidar dos sintomas que surgiram em nossa frente, nos dando um cruel choque de realidade. Mas mais necessário do que medicarmo-nos contra o terrorismo e o abandono politico, temos que tratar da doença que promove todas as mazelas que assolam a nossa sociedade humana.
Precisa-se, urgente, que resgatemos nosso altruísmo, nosso amor, nossa humanidade, para que possamos, de fato, educar nossas novas gerações a serem criaturas respeitáveis, amáveis, acolhedoras. Precisamos de pessoas que visem um mundo onde se esqueçam que há divisões de credo e raça, queremos uma geração onde somente se vejam como humanos.
Somente assim, não seremos mais vitimas de abandonos políticos e nossos marajoaras poderão, enfim, começar a viver uma vida digna, humana. Assim não mais veremos obras mal feitas, sem fiscalização, destruindo toda uma cidade, acabando com a paz de toda uma nação. Enfim, conseguiremos extinguir essa psicopatia que assola vidas na casa de nossos vizinhos, fantasiada de uma luta por Deus, camuflada de protesto por liberdade.
Hoje choramos por vidas que se foram e que estão indo aos poucos. Neste dia nos angustiamos com a presença de indivíduos dispostos a criar obras colossais sem segurança, em nome de um melhor lucro. Revoltamo-nos com a existência de grupos terroristas que matam e ameaçam, não nos deixando com a paz que tanto sonhamos.
Mas espero que o mal que nos atinge hoje, seja a motivação necessária para que, enfim, nos curemos de todo o mal em que nos afundamos e que abre portas para a existência de seres tão vis.
Com o coração na mão, despeço-me de vocês, queridos leitores, desejando que estas poucas palavras atinjam o seu coração e mente para que reflita e mude de atitude.

terça-feira, 24 de novembro de 2015

Carta às candidatas a Miss Breves

Engana-se o tolo que acredita que a representatividade da Miss Breves é exclusivamente estético. Não somente avalia-se que a candidata esteja dentro dos padrões de beleza exigidos por este tipo de concurso, mas também se pede que tenha padrões comportamentais que estejam dentro da normalidade da sociedade, uma boa índole e conhecimento sobre a cidade que se candidatou a representar.
Olhando as lindas candidatas que se puseram a participar deste concurso, e se disponibilizaram a nos representar no Miss Pará, questiono-me se estão realmente aptas a assumirem esta imagem simbólica da mulher brevense.
Estamos no período em que a cultura local está sendo exaltada no evento intitulado Viva Breves. São nove dias em que os artistas e produções são desnudadas para a contemplação da população. Infelizmente nossa cidade ainda não tem o habito de participar de eventos de mostras artísticas, como teatro, sarau, shows de bandas de cunho regional, entre outros. Mas este cenário está mudando graças a esse evento, e a luta constante dos próprios artistas em mudar essa realidade.
Nos dias em que estive contemplando o evento, não senti a presença de nenhuma das candidatas ao Miss Breves. Não que elas não tenham tenham ido ver os artistas locais, afinal não sou Deus para estar em todo lugar, o tempo todo. Mas no momento em que estive, principalmente quando os Poetas Dan Moraes e Bispo nos encantavam com poesias de própria autoria e de poetas locais, não as vi.
A vencedora da Miss Breves terá, não só a chance de representar a mulher brevense, mas também de ser um ícone que espelhará jovens que sonham em estar um dia no lugar delas. A candidata à Miss Breves deve possuir comportamentos benéficos a sociedade, em outras palavras, ser um bom exemplo. E todos querem ver nossas mulheres primando pela cultura da cidade que está representando.
Anseio por uma candidata que entre neste concurso visando, realmente, ser uma representante da mulher brevense: batalhadora, corajosa, inteligente, visionaria. E não somente focando na vitória para ganhar o premio ofertado. Sonho por uma candidata que nos orgulhará no Miss Pará, não somente por sua beleza, mas por sua paixão ao município.
Que nossas belíssimas candidatas recebam esta crônica não de forma ofensiva, mas como um pedido, de um simples brevense que sonha em ver seu município crescendo culturalmente, para que elas se percebam como personagens importantes para a boa representação da cidade lá fora. Afinal, estamos fartos de somente o lado negativo da cidade sair nas manchetes estaduais e nacionais.
Agradeço aos leitores. Até a próxima.

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Carta aos gordinhos e sarados

Em tempos onde a ditadura da beleza impera na mente da juventude, ser gordinho é uma grande ofensa. Não se pode ser uma pessoa acima do peso, pois vai contra os princípios estéticos que regem a sociedade. É quase considerada uma poluição visual a permissão de gordinhos transitarem nas ruas e avenidas.

Quem é obeso já está acostumado a se ver no espelho e se perceber como tal. É uma realidade que ele conhece e convive vinte e quatro horas por dia. Mas, mesmo assim, talvez motivados por uma incapacidade de raciocínio logico, há pessoas que adoram lembrar aos gordinhos que estão gordinhos; como se, só pelo fato de estarem acima do peso, acabassem ganhando, de brinde, uma deturpação visual de si próprio – como acontece com a anorexia.

Além de servirem como instrumentos de alerta sobre a obesidade para o gordinho, eles acabam adotando uma postura de “salvadores da humanidade” com perguntas como “vamos correr?”, “vamos fazer academia?” ou “por que não faz uma dieta?”. Tentam levar as pessoas que não estão dentro de suas crenças estéticas para a sua realidade, tomando atitudes invasivas.

Até onde lembro, se não me falha a memoria, constitucionalmente falando, todos nós, neste país, somos livres. E até onde consta esta liberdade abrange aos nossos interesses quanto ao que queremos para o nosso corpo; desde que não seja uma atitude ilegal, como é o caso do aborto.

Sendo assim questiono-me, quando sou bombardeado por essas questões, para onde se foi a minha liberdade? Por que será que a condição física das pessoas que estão acima do peso incomodam tanto aqueles que não o estão? Passa na cabeça dessas criaturas que há a possibilidade de alguém estar acima do peso pelo simples fato de querer estar assim e não se sentir bem quando ultrapassam a linha do bom senso e começam a se intrometer?

Pode surgir, então, uma criatura caridosa vinda dos confins do inferno e dizer que “é pra cuidar da saúde”. Belo discurso, e não há como negar. Todo mundo sabe que a obesidade abre portas para diversas doenças. Mas se uma pessoa está ciente disso, e quer continuar do mesmo jeito, por que então outros se sentem no direito de adentrar a particularidade da vida alheia e opinar sobre isso e aquilo?

Que a morte é certa, todos sabemos. Mas da mesma forma que um gordinho sabe que sua gordura pode lhe causar um infarto fulminante, um magro sabe que o uso exagerado de álcool pode causar cirrose, ou um sarado sabe da overdose com o uso de drogas, um “bombado” sobre os perigos das “bombas”, câncer de pulmão com o uso de cigarro, aids sem o uso de camisinha.

A vida é regida por escolhas, e todos tomamos escolhas que nos levam a um único destino: a morte. Como ela será, ninguém sabe. Um obeso pode estar comendo uma pizza sozinho enquanto um magro caminha, cuidando da saúde, e acaba sendo atropelado por outro magro que estava sob efeito de álcool.

E vale ressaltar outra coisa, interessante por sinal: as maiores mentes da historia da humanidade eram sedentários. Ninguém ouve falar que Albert Einstein era fitness, que Kafka caminhava toda madrugada, que Sócrates levantava peso nas praças de Atenas, que Spinoza praticava ‘circuito’ em alguma academia, que Rousseau andava de bicicleta ou que Marx discutia sobre o melhor jeito de deixar a barriga “tanquinho” com os operários e capitalistas.

A palavra que gostaria que vibrasse com alta entonação nas mentes das pessoas é “liberdade”. Vivemos em uma sociedade onde a liberdade é direito e lei - desde que não seja criminosa ou invada a liberdade alheia. Então não se incomode com a barriga voluptuosa de alguém, se este não se incomoda com os seus vícios nocivos à sua saúde física ou moral.

E não se esqueçam de que os únicos cidadãos que possuem o direito de pedir para alguém emagrecer são os médicos e nutricionistas.

Abraços a todos, fiquem em paz e vamos comer!

terça-feira, 27 de outubro de 2015

Transeunte Solitário

A vida me encontrou quando nem eu mesmo sabia exatamente onde me achar. Perdia-me no labirinto do meu ser e afogava-me nos meus profundos pensamentos. Sem destino traçado ou meta a se cumprir, acabei deixando-me levar pela ventania da solidão e, quando dei por mim, já não mais estava em mim. Perdi-me por ai.

Olhei pelo caminho percorrido e não quis voltar para me procurar. Deixei-me largado, onde quer que eu estivesse, crendo que alguém mais digno me encontraria. Alguém que pudesse cuidar de mim melhor do que eu mesmo.

Não sei por quanto tempo rodei pelas tortuosas estradas, sozinho de mim. Um transeunte solitário na megalópole da solidão. Vagando como um homem sem alma, em busca de algo que já nem sabia mais o que era. Na verdade, nem sabia mais quem era.

Até que um dia cruzei com um comercio de beira de estrada, onde encontrei a venda algo familiar. Não sabia exatamente o que era, então resolvi entrar para conferir. Uma moça me atendeu, mas nem quis saber dela, a curiosidade sobre a coisa a venda era maior.

Ela não sabia o que era, mas sabia que era de usar. Tinha achado na estrada e, como estava barato,  resolvi comprar. Quando usei me reconheci. Descobri que era eu que estava a venda naquele comercio no meio do nada.

Quando me encontrei, enfim, as duvidas foram respondidas. Quando me comprei e me usei percebi a verdadeira razão de tudo aquilo. Ela se fascinou comigo e a coisa que estava usando, e acabamos nos apaixonando.

Desde então moro com ela, no meio do mundo, procurando almas perdidas pelas estradas da vida para devolver aos donos que se procuram. Tentando acabar com a angústia de seres sem alma que sofrem, vagando na vida.

A vida me encontrou, e um dia encontrará você.

domingo, 4 de outubro de 2015

Crónicas do Renan - Doido, caralho

Você alguma vez na sua vida já foi um "doido, caralho"? Não?! Eu já. Perdi a conta de quantas  vezes o meu nome, dado com tanto carinho por minha mãe e pelas madres do hospital, foi trocado por "doido, caralho". E sempre foi no maravilhoso transito de Breves.

Aqui no nosso município este apelido carinhoso é dado para aquelas pessoas que, por alguma insanidade, resolvem obedecer as leis do transito. Porque, todo mundo sabe, o normal aqui é ser "vida loKa"; com K maiúsculo e tudo.

Certa vez estava em uma rua, e tinha que fazer o retorno. Parei no neio fio, esperei a rua ficar sem veículos transitando, joguei o pisca e fui dando a volta. Surgiu um sujeito, talvez teletransportado do inferno, em alta velocidade. Tive que acelerar a moto para não causar um acidente. O fulano passou por mim, com a cara linda e dizendo "Tá doido, caralho?"

Em uma situação em que fui testemunha. Parei em uma esquina e vi um casal de moto vindo na rua a esquerda, anunciando com o pisca que iria dobrar pro meu lado. Surgiu um sujeito do mesmo buraco de minhoca freiando bruscamente e chamando-os de "doidos, caralho".

Ser "doido, caralho" é ser um motorista obediente as leis do transito nas ruas caóticas em uma cidade abandonada na ilha do Marajó.

Ser "doido, caralho" é saber que se deve dirigir com cuidado, pois as pessoas normais fazem das ruas asfaltada, e agora sem lombadas, seus parques de diversão.

Até quando serei "doido, caralho" eu não sei. Mas espero poder viver dezenas de anos, até ser morto por um derrame ou ataque cardíaco, em vez de ser mais uma vítima comum deste belo transito que nossa cidade produz.

E você ai que leu e não vai compartilhar, só te faço uma pergunta: tá doido, caralho?!

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Carta do Coruja para a Ruiva Louca

Ruiva louca,
Quanto mais adentro na escuridão da sua personalidade, mais me apaixono por você. Sua historia me fascina como um lindo amanhecer. Seus medos e receios, suas loucuras e devaneios. Seus traumas e pesadelos. Cada gota de seu ser é um oceano tortuoso, frio e gélido, que conquista os verdadeiros marinheiros com espirito aventureiro.
Assumo minha loucura por gostar de você. Assino embaixo o atestado de imbecilidade por amar alguém que não me quer. Qual é? Quem nunca se apaixonou pela perfeição e levou um chute no meio do rabo? Sinto-me como um homem que aprecia uma arte que o ofende por todo lado.
Mas como saberia que não seria como nas noites em claro, imaginando nossos encontros amorosos, cheios de amor e sexo? O destino nos cruzou tantas vezes, empurrando-nos um contra o outro, que estava mais do que claro que estávamos fadados a nos apaixonar neste ínfimo tempo em que vivemos nesta terra, onde o único sentido é amar.
Mas não foi, não é? Ora, foda-se. Mesmo com este sentimento louco pulsando em meus pulsos, não quero lhes cortar para por fim em tudo. Não suportaria ver todo esse amor se esvaindo nos cortes de meus braços, ensanguentando o chão até que a escuridão viesse com a sua paz e morte.
Quero é sofrer mesmo. Viver cada dor que este amor não realizado possa produzir. Infiltrar-me dessa paixão e ódio por não chegar a conquistar a tão sonhada felicidade... E o pior, não lhe fazer feliz.
O bom de tudo isso é que vai me render muitas poesias, até que meu coração encontre outra para amar. Foi só mais uma historia para minhas coleções de decepções que pendurarei em meu mural de papel de idiota.
É isso.

O Coruja

(Renan Medeiros)

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Desilusão Amorosa I

"De que adianta viver?
De que adianta respirar?
Se a única mulher que vale a pena
Me negou o direito de amar
Ela não me quis
Rejeitou o meu coração
Rejeitou o meu carinho
Deixou-me na solidão
Irei me enforcar
Em páginas de poemas
Irei me afogar
Em copos de cafeína
Passarei noites sem dormir
Suicidando minha autoestima
Poetisando essa agonia
Porque mesmo que não me queira
Ainda a amo de coração
E irei eternizar essa paixão
Em rimas de poesias"

Strip Fail

"Ela rebolava para mim
Movimentando seu corpo
Com toda a falta de experiência
Na arte da sedução
Olhar para aquele corpo despido
Tentando ser sensual
Era pior que beber café gelado
Chegava a passar mal
Mas estar dentro dela
Era uma delicia indescritível
Era um corpo belo
Muito bem produzido
Ainda não sabia fazer strip
E quando tentava era brochante
Mas gostava daquele sorriso feliz
Acreditando estar me excitando
Imaginar que logo mais
Ela estaria na minha frente
De quatro
Fazia eu suportar aquela tortura
E aguentar com o membro levantado
E todos ficam felizes
Eu por comer ela
E ela por acreditar
Ser foda no rebolado"

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Na Caçada com Papai

Os ventos do sudeste chegavam timidamente até as copas das árvores, balançando seus galhos, fazendo as folhas amarelas caírem bailando no ar até repousar no chão da mata. Roney sempre desejou sair com seu pai para caçar, e finalmente este dia havia chegado.

- Agora que têm oito anos, já está na hora de aprender as artes da caça. – disse o velho homem ao seu filho, enquanto vasculhava o chão. – Caçar é uma tradição da família Guilhardy, ensinada de pai pra filho. De geração pra geração. – tirou umas folhas do chão e chamou Roney para mais perto. – Veja, essa é a pegada do animal que estamos procurando. Ele está indo para o norte. Venha!

Saíram correndo mata adentro. Roney quase não conseguiu acompanhar os passos do pai. Estava com um rifle modificado, para que ele pudesse usar. Um rifle comum teria uma potencia muito forte e ele não aguentaria.

Após alguns minutos, encontraram a caça descansando da fuga e tentando se localizar. Esconderam-se atrás de uma moita e observaram melhor os movimentos do animal.

- Agora é a sua chance filho. Mostre que seu treinamento valeu a pena. – disse o pai ao filho, vendo-o preparar o rifle. – Tente acertar na cabeça.

O garoto apoiou o pequeno rifle no ombro e mirou. A felicidade estava estampada no rosto do menino. Finalmente abateria o seu primeiro animal e veria o seu pai orgulhoso. Apertou o gatilho. A bala atravessou invisível pela floresta, atingindo folhas e galhos, e acertou em cheio o seu alvo.

A cabeça da caça foi perfurada, e o projétil atravessou-lhe. O sangue se espalhou, pintando de forma macabra a árvore atrás. O corpo da criatura caiu instantaneamente no chão, tendo espasmos.

Foram andando calmamente até o corpo falecido do animal. O silencio da floresta só era quebrado pelos risos daquela dupla.

- Que lindo trabalho, meu filho. Acertou de primeira. Estou orgulhoso. Tome. – entregou-lhe um facão – Sabe o que deve ser feito.

O garoto pegou o facão da mão de seu pai, e cortou a cabeça do animal. Este era o prêmio que os caçadores da família Guilhardy conquistavam a cada caça que abatiam. Empalhavam e penduravam em uma sala.

- Semana que vem sairemos para caçar de novo. E deixarei você escolher que animal irá abater.

Quando chegaram à fazenda, o pai do garoto pediu para ele deixar a cabeça no curral das caças, para que ele fosse mais tarde empalha-la. O garotinho entrou no grande curral. Várias vozes gritavam de dor e desespero. Pediam comida, água, liberdade, piedade.

Roney jogou a cabeça em cima de uma mesa, e voltou sorridente, olhando para os homens e mulheres presos em celas, acorrentados. Parou em frente a uma cela onde estava uma mulher grávida.

- Papai disse que semana que vêm poderei escolher a caça que eu quiser. E adivinha quem vai ser? – apontou para a mulher. – Você.

E saiu rindo, indo em direção ao almoço em comemoração ao dia dos pais.

FIM

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

O Devorador de Vísceras

Um recanto verde encrostado nos seios dos concretos de uma cidade grande. Suas belezas naturais, diante da textura monocromática da vida urbana, é o que faz a Praça Sérgio Farias ser atraente. Não é a toa que em seus dias de glória, quase sempre aos fins de semana, suas calçadas e gramas ficam encharcadas de seres humanos. Cada um com seus anseios momentâneos, querendo fugir da realidade caótica que cada mente e coração enfrentam longe de seus verdes angelicais. É um paraíso para as famílias e namorados.

Mas o que é um espaço familiar diurno, a noite se transforma em um terreno hostil. Seu verde, abraçado pela escuridão da noite e os poucos raios de luzes de postes, são engolidos por criaturas atormentadas por seus vícios e loucuras. Palco de prostituição a céu aberto e uso de drogas, sem ninguém que ouse interromper este massacre. É um suicídio coletivo, aceito pelas autoridades.

Há dois dias, este belo espaço desgraçado, acabou sendo cenário de algo mais macabro. Um grupo de jovens, indo para a escola, atravessou o parque e encontraram o corpo de uma criança de dez anos jogada no chão. Seu abdômen estava aberto, convidando as vis criaturas para descerem e devorarem seu corpo em estado de decomposição.

Mais uma vítima do macabro Devorador de Vísceras. Um serial killer que estava aterrorizando a cidade, matando pessoas e arrancando seus órgãos. Porem, mesmo pelo nome cruel que a mídia havia lhe dado, não se sabia se ele consumia os órgãos que retirava de suas vítimas. O mais provável, para as autoridades, era que as retirava para o tráfico de órgãos.

O policial Silva estava na investigação deste caso havia nove meses, e não havia uma pista quente que pudesse levar ao assassino. Não havia um perfil de vitimas. Às vezes homens, outras mulheres, crianças, idosos, tanto faz. Já havia sido dezesseis mortes ao todo, em todo canto da cidade. Parques, becos, ruas, praças, casas. Não existia lugar. Não havia hora. A qualquer momento, em qualquer lugar, alguém poderia aparecer estripado em uma sarjeta.

A única coisa em comum entre as vitimas, eram que tinham câncer. Algumas sabiam e faziam tratamento, outras desconheciam a doença. Mas os órgãos doentes nunca eram retirados.

Desde que começou o caso, o churrasco, que tanto amava, já não mais descia em sua garganta. Ele acreditava fielmente de que aquilo era pra trafego de drogas, mas aquele nome fez sua imaginação voar até as profundezas de seu inferno, fazendo-o imaginar as mais terríveis coisas com os órgãos que eram retirados daquelas pobres criaturas.

“Quem está comprando estes órgãos?” pensava. “Se não consigo achar o assassino, tenho que achar o comprador.”. Levou um bocado de alface e tomate até a boca, acompanhado de um gole de vinho, enquanto refletia sobre as novas ações que iria tomar e assistia ao noticiário da tv, falando da incapacidade da policia de achar o Devorador de Vísceras.

- Idiotas. – falou para si.

- E enquanto vivemos esse cenário caótico, pessoas boas estão tentando mudar a sociedade para melhor. A repórter Tamara Lopes nos traz uma reportagem sensacional, Sobre um homem que está alimentando os moradores de ruas. – disse a âncora.

- Há nove meses, surgiu um homem misterioso que começou a servir alimentos para os moradores de rua. Ninguém sabe quem é, como diz um dos homens que já foi servido por ele. – disse a repórter.

- O cara chega aqui, às vezes com sopa, às vezes com marmitas, e distribui pra todo mundo. Ele nunca falou o nome, e quase não vemos o rosto dele. Se está vendo a reportagem, gostaria de lhe agradecer, senhor. – disse um dos moradores de rua.

- E o que ele dá? – perguntou a repórter.

- Sopa, caldo de carne. Até churrasco já veio. Ele vem num furgão, cheio de comida, e distribui.

- Diante da maldade que estamos vivenciando na cidade, é bom vermos atitudes generosas como essas. Homens que alimentam outros, sem se importar com autopromoção...

A repórter continuou a fazer o seu discurso, mas a mente de Silva lhe jogou para aquele inferno imaginário. Levantou-se da mesa e saiu rapidamente.

A noite chegou e Silva estava disfarçado de mendigo em uma das ruas onde o misterioso homem saia para distribuir. A noite avançou e finalmente o furgão chegou. Um homem alto, forte, com um capuz que cobria o rosto, saiu. E logo começou a distribuir uma marmita.

Silva olhou dentro e viu que era escondidinho de carne. Perguntou a um dos mendigos o que achou. “Meio dura”, respondeu.

O furgão saiu e Silva correu até seu carro, colocou a marmita no banco de carona, e seguiu-o. Depois de tanto rodarem pela cidade, o homem estranho chegou até a sua casa. Estava localizado em um bairro nobre da cidade. O homem parou até uma casa, murada, cheia de câmeras, e adornada de rosas brancas e vermelhas.

Mandou uma mensagem para um de seus parceiros, pedindo informação do homem que morava naquele endereço. Logo veio a mensagem, dizendo que era Aroldo Maranhão Gonçalez, um dos homens mais ricos da cidade. Resolveu ficar lá até amanhecer.

O sol mal aparecia por trás das casas de luxo, quando um caminhão de um frigorifico chegou até a casa de Gonçalez. Ao ver aquilo, se sentiu um idiota. Ligou o carro e foi para o departamento de policia.

A marmita voou por alguns microssegundos até cair no balcão do químico. Ele olhou aquilo, curioso.

- Não estou com fome, Silva. – disse, brincando.

- Descobri quem é o homem que está distribuindo comida para os mendigos.

- Acho que seu trabalho era descobrir quem é o Devorador de Vísceras.

- O nome dele é Gonçalez, um rico da região. Há algo estranho no ar. – ainda não aceitava o fato de um ricaço distribuir comida de graça pra mendigos, sem interesses pessoais. – Dá uma investigada pra mim nessa carne.

- Olha, Silva. Tenho outras coisas mais importantes pra fazer. – reclamou o químico.

- Você está me devendo essa.

- Eu sei, mas achei que iria me cobrar pedindo algo mais útil e importante. Não deve haver nada ai.

- Há nove meses estou atrás de um cara que está matando seres humanos pra vender seus órgãos por ai. Talvez nem seja só um, mas um grupo. Há nove meses caço esse cara e não avanço nas investigações. Estou me sentindo um inútil. Se ao menos tirar um ricaço que, talvez, esteja planejando envenenar moradores de ruas por algum preconceito idiota, eu quero fazer isso.

O químico olhou para Silva, sentindo a raiva, e resolveu ceder ao pedido. Silva saiu, sem agradecer, e foi para a sua casa. As ruas estavam menos movimentadas. Silva relacionou isso ao serial killer que estava solto. “Vou pegar esse cara”, pensou, “Eu prometo a todos vocês.”.

Passou o dia inteiro de folga, em sua casa, bebendo e vendo tv. Mas seus pensamentos estavam em cada vitima que encontraram durante esses nove meses. A mais cruel que viu foi de uma gestante, esquartejada, com o braço de seu bebê saindo por um dos cortes do ventre.

Pensou também em como foi idiota de deixar a sua imaginação o levar a crê que aquele homem estava distribuindo carne humana para os mendigos. Isso era crueldade demais e sem logica. Mas, pensou, não era o seu trabalho pensar em coisas cruéis?

A noite caiu sem ser anunciada, e Silva sentiu o peso da cerveja em sua cabeça. Resolveu ir dormir. Teve um sono inquieto, angustiante, como se seu corpo estivesse querendo lhe avisar de algo. Seu celular tocou, e rapidamente levantou. Ao atender, demorou para identificar a voz e o que dizia apressadamente.

- Fale devagar. – disse Silva ao químico, reconhecendo a voz. – Não estou entendendo.

Seus olhos foram abrindo ao ouvir cada palavra que lhe era dita. A sonolência ia se dissipando ao ir percebendo a gravidade daquilo que lhe era informado. Nem desligou o celular, colocou no bolso, vestiu uma camisa e se dirigiu a porta.

Quando pegou a chave em uma mesinha, ouviu um pequeno barulho atrás de si, e ao virar, a escuridão da sala se tornou mais negra quando algo lhe atingiu com força entre os olhos. Seu corpo amoleceu e a consciência se despediu de sua alma. Caiu em seu próprio chão, desmaiado.

Acordou com fortes dores no local da porrada, e um aperto em seus pulsos. Ouviu barulhos de correntes e sentiu um vazio embaixo de seus pés. Não demorou a perceber que estava em uma sala, escura, pendurado pelos braços por correntes.

A luz se acendeu, queimando seus olhos. Tentou abri-los e viu figuras negras surgindo de uma porta. Quatro, talvez cinco. Quando seus olhos se adaptaram a claridade, viu que se tratava de homens. E um deles era conhecido dele.

- Gonçalez. – gemeu Silva.

- Boa tarde, policial. – disse o homem rico. – Que bom que finalmente acordou. Agora pode se juntar a reunião.

Gonçalez era realmente alto e forte, e tinha os cabelos raspados, assim como os outros quatro que vieram com eles. Todos estavam sem camisa, com calças beges bem largas. Em seus corpos, adornavam ferimentos recém abertos, que escorriam sangue e formava desenhos desconhecidos por Silva.

- Nunca imaginei que chegaria tão longe. – confessou Gonçalez, pegando uma navalha de uma mesa.

- Quem são vocês? Por que fazem isso? – tentou interroga-los.

- Acredita mesmo que vamos falar de nossa seita para um prato de comida? – disse um dos homens, tirando risos dos outros.

“É carne humana” disse o químico ao telefone. “Há carne humana naquela marmita que me deste, e pertence há um homem desaparecido chamado Lucas Monteiro, procurado há quatro semanas pelo departamento de pessoas desaparecidas.”, lembrou Silva.

- Irão me procurar. – ameaçou Silva. – A policia já sabe das marmitas com carne humana que vocês distribuem para os mendigos. Vocês não irão escapar.

Gonçalez riu, se aproximando lentamente de Silva, que tentava, inutilmente, escapar das correntes.

- Sabemos que a policia irá vim atrás da gente. – sorriu. – Por isso iremos nos mudar pra outro país. Mas antes disso. – chegou perto do rosto do policial. – Iremos fazer nossa ultima ação social com os pobres moradores de rua dessa cidade.

Silva tentou responder, mas a navalha passou levemente por sua garganta, abrindo um grande sorriso mortal, e fazendo suas palavras banharem-se em sangue. Afogou-se no próprio sangue, e torturou-se, antes da vida se esvair, por não ter cumprido com a sua promessa.

FIM

domingo, 2 de agosto de 2015

domingo, 26 de julho de 2015

Poeminha +18

Ê saborzinho gostoso
Esse entre suas pernas
Dá vontade de engolir
Como não posso
Me contendo em curtir
Chupando e lambendo
Até você gozar em mim

quinta-feira, 23 de julho de 2015

Aluga-se um coração vagabundo

Aluga-se um coração vagabundo
Que ainda está aprendendo a amar
Procura-se uma locatária doce
Que esteja disposta o amor ensinar
Que saiba receber carinho
Que goste de dar atenção
Que goste de ficar juntinho
Que saiba agradar de montão
Aluga-se um coração vagabundo
O preço ainda a tratar
Aluga-se um coração vagabundo
Com paixão encanada
Com amor elétrico
Todo mobíliado no romantismo
Alguém disposta
A esse coração alugar?

quarta-feira, 15 de julho de 2015

Crónicas do Renan - Personificação do Bilau

O homem, este doce ser vivente na terra, tem a adorável capacidade de transformar o seu membro viril em uma terceira pessoa no singular. Talvez todo homem tenha uma dose pequena de insanidade, para fazer tamanha proeza. Pergunto-me, às vezes, o que as mulheres, em geral, falam quando se deparam com algum homem falando do seu pênis como se fosse outra pessoa.

“Ele está com saudades”, “Ele aguenta”, “Advinha quem acordou?”, “Ele se levantou ao lhe ver”, entre outras frases criativas saem das bocas dos homens por ai, transformando seu pequeno membro (ou grande) em um parasita vivo, preso entre as pernas dos machos da espécie Homo Sapiens Sapiens.

Não imagino o que nossos antepassados passaram para que tenhamos evoluído de tal maneira. Será que nosso bilau tinha vida própria quando ainda éramos nômades nos períodos jurássico, cretáceo, glacial e tantos outros nomes que eu já até esqueci?

De certa forma, acredito que ainda passamos por tal problema. Afinal, qual é o homem que já não teve que competir sangue com a cabeça de baixo em momentos mais impróprios? Quando você tinha que estar concentrado em algo, mas ao ver uma garota atraente o seu “amigo” resolve se espertar, roubar o sangue do cérebro e a crescer dentro da calça.

- Vamos? – diz a pessoa que está com você.

- Espera mais um pouco. – você responde, rezando para o seu amigo amolecer, pra poder se levantar.

Ou, então, o jeito é por a mão no bolso e seguir adiante. “Você me paga quando chegar em casa”, diz para o seu amigo. E realmente você cumpre a promessa. Se tranca no banheiro, e dá-lhe uma surra no seu parceiro, com aquela mulher adorável na cabeça.

Pois é. Nenhum homem caminha sozinho neste mundo. Sempre possui um amigo imaginário, personificado em um pênis, pendurado entre suas pernas. Uma relação de amor e ódio. Amor pelo prazer que o amigo proporciona e ódio quando ele resolve dormir no momento errado.

“Me desculpe, amor. Isso nunca me aconteceu antes”. E a brochada ficará lhe atormentando pelo resto da vida.

sábado, 27 de junho de 2015

Crónicas do Renan - Tá Cinco Reais

Ora ou outra gosto de sair a pé pela cidade para ver as mudanças no cenário e no comportamento da população. Essa observação é importante para todos aqueles que gostam de escrever. Muito se pode tirar de poucos minutos que você para e olha em sua volta. Não só ideias, mas conhecimento, sabedoria e algumas diversões.

Nestes dias eu resolvi ir para o trabalho a pé, para poder olhar um pouco as pessoas. Comecei a perceber que, de repente, vi mais pessoas sorrindo e felizes do que o habitual. Não que eu queira ver as pessoas de Breves tristes, muito pelo contrario, os sorrisos das pessoas, a alegria, é contagiante. Mas, como sou curioso, queria saber o motivo da felicidade dos meus conterrâneos.

Os dias iam se passando, e cada vez mais via o número de pessoas felizes aumentar. Fiquei receoso de chegar para alguém e perguntar o motivo da felicidade. Seria uma atitude muito invasiva. Então, comecei a observar mais ainda, mas nada de conseguir descobrir o motivo da felicidade brevense.

Em um dia, resolvemos em casa almoçar alguma coisa com açaí, então tive que me deslocar até a batedeira mais próxima para comprar um litro do néctar do norte. Ao me deparar com a bandeira, e o número gravado nela, não pude conter um sorriso largo, e percebi o motivo da felicidade.

O litro estava a cinco reais.

Já sei o motivo da felicidade dos brevenses. Agora, meus caros leitores, acabei de me transformar em mais um número estatístico da percentagem de pessoas felizes da cidade de Breves. Vida longa ao açaí de cinco reais.

quinta-feira, 25 de junho de 2015

A Foice do Anjo da Morte

Eles preferem que eu não saia. Não devo conhecer ninguém, nem ter notícias do mundo lá fora. Não posso saber o nome das pessoas que servem minhas refeições, nem ouvir a voz deles. Ninguém, absolutamente ninguém, deve ser relacionar comigo. Qualquer dialogo que possam dirigir a mim seria punido com a morte

Ah, a morte! Como a conheço tão bem. Somos tão íntimos que não existe uma gota de receio quando está surge em minha frente. Ela é tão real como as correntes que me prendem. Já ouvi, nos momentos em que saio para trabalhar, alguém na multidão dizer entre sussurros que sou a própria personificação do anjo da morte.

Não acredito nesta podre crença. Sou só mais uma ferramenta desta natureza tão temida e desconhecida por nós, humanos. Sou a foice do Anjo da Morte. A morte é tão natural, mas, ao estarem prestes a morrer, os olhos daqueles que não conheço se enchem de pavor. Todos sabem que a morte é inevitável, e muitas vezes é a solução para os sofrimentos desta vida terrível neste mundo caótico. Mas, mesmo assim, não entendo o desejo de permanecer vivo que os humanos tanto têm.

Eles se seguram na falsa crença da imortalidade, como uma criança agarra a perna da mãe ao estar com medo. Ao se depararem com a morte, suas crenças vão abaixo, levando seus planos e desejos, e percebem o quanto são frágeis e mortais. Imploram pela vida, por misericórdia, por algo que chamam de ‘deus’. Mas até hoje nunca vi alguém escapar da morte com essas palavras vazias. Quando o rei decide penalizar alguém com a morte, não existe ninguém que o faça desistir.

Seu eu pudesse, morreria.

Lembro-me como o rei me encontrou. Estava com a minha família, vivendo miseravelmente na Vila dos Corvos. O rei chegou, com sua comitiva , e me viu colhendo os mirrados milhos de nossa plantação. “Nunca vi alguém tão forte” disse, fazendo seu cavalo relinchar. “Há boatos de que ele é um bastardo de um gigante da montanha”, comentou um dos homens.

Meu pai e minha mãe chegaram, não me lembro ao certo o que conversaram. Só o sangue me vem a memoria. A cabeça do meu pai, sem corpo, estirado no chão, é a lembrança mais viva que tenho. E os gritos de minha mãe, com duas lanças cravadas em seu peito, ainda ecoam em meus ouvidos.

Eles me acorrentaram, disseram-me que eu serviria ao rei. Cresci matando. “A morte foi destinada a você”, me disse meu antecessor. “Nunca haverá um igual a você em todos os reinos que existem e existirão”.

Noite passada foi mais um dia de serviço ao rei. Desci as grandes escadas de minha torre, andei pelos corredores e salões, acompanhado dos guardas, até chegar no grande salão do rei. Não mais se penaliza os homens nas praças públicas, o rei prefere o conforto de seu trono. Os súditos que venham até ele ver o espetáculo.

Meu antecessor usava uma foice, era uma morte rápida e limpa. Mas meu tamanho e força animou o rei para melhorar as penas de morte. Me deram um grande martelo de guerra, com espinhos grossos em suas pontas. “Com a sua força será uma morte rápida, mas não garanto limpeza.” Me falaram.  E foi assim desde então.

Um homem ajoelhado, acorrentado e curvado para frente, com a sua cabeça repousada em uma estaca grossa de madeira. Olhei para os seus olhos, como sempre cheios de pavor. Qual o seu nome? Não sei. Não me importava. Saber o nome dele, conhecer a vida dele poderia me fazer criar algum vinculo e, quem sabe, ceder na hora de puni-lo. Por isso me proíbem de sair, de conhecer as pessoas, de conhecer o mundo.

Sua dor não é nada pra mim. Suas lagrimas me irritavam. Depois de perder meus pais, a morte de ninguém é importante. Alias, somente uma morte é importante para mim, e não sei se um dia terei chance de puni-lo como se deve.

Olhei ao redor e vi os rostos que me olhavam temerosos, ansiando pela morte daquele desconhecido. Eu era o dobro do tamanho da maioria. Em seu trono o rei, o maldito rei, sentado confortavelmente, acariciando o seu urso gigante, deitado ao seu lado. Maldito! Nunca esqueci seus risos ao ver minha mãe agonizando. Esse martelo deveria ser destinado àquela cabeça. Minha raiva invadiu-me, queria mata-lo, mas seria morto antes que conseguisse.

Desci o martelo na cabeça daquele homem, com toda a mina fúria. Em segundos o que era uma cabeça virou uma pasta. Restos de cérebro voaram no meio da multidão. Pedaços de seu crânio grudaram no martelo. Mais um homem morto por mim.

Mais um dia me vingarei, e transformarei esse rei em pedaços e darei para o seu urso comer. Porque sou o carrasco do reino. O mais poderoso carrasco já visto neste mundo. E meu papel é punir os criminosos com a morte. E não existem maiores criminosos do que aqueles que detém poder deste mundo.

FIM

quinta-feira, 4 de junho de 2015

A Hipocrisia Cristã Ataca Novamente

Sei que irá parecer ultraje o que direi agora, mais gosto de assistir aos comerciais da tv aberta. Muitos odeiam, eu sei, mas não podem negar que muitos deles, principalmente de cervejas e carros, são criativos.

Não é a toa que a propaganda brasileira é respeitada e premiada.

Em paralelo ao sucesso da propaganda brasileira, vivemos um período negro da tolerância: nunca se pregou tanto ódio aos negros e homossexuais. Um ódio camuflado de "respeito, mas não aceito". É um festival de "devemos amar o próximo" recheado de "viradas de cara" com salpicos de preconceito.

Vivemos em um mundo onde acredito que as artes televisivas, novelas ou propagandas comerciais, devam abraçar a realidade e enfeita-la de ficção.

Porém, diante do caos em que estamos inserido, aplaudo os roteiristas que, abraçando a causa da igualdade, amor, respeito e  tolerância, colocam temas como preconceito racial, romances homossexuais e novo modelo familiar.

O mais recentes dele foi o comercial de O Boticário, que vai mostrando vários casais se preparando para encontrar com namorado/namorada e, ao se encontrarem, dão os presentes da empresa.

Até ai tudo bem, se o comercial não aproveitasse para dar um choque de realidade no público. Ao assistirmos, dá a entender que os casais são formados por heteros de diferentes idades, mas quando se encontram, vemos dois casais homossexuais.

A sacada é genial!

Além de conquistar o público homossexual, também deu uma cutucada nas mentes tradicionais extremistas de nossa sociedade.

Mas toda cutucada em colmeia causa ataque de abelhas.

Os ditos religiosos, exalando sua dita "superioridade", começaram a denunciar a propaganda e, agora, está rolando processos contra o comercial.

É falado por ai que o Brasil é um país cristão. Eu já digo que vivemos em um país pseudo cristão.

Até quando iremos massacrar fisicamente, mentalmente e legalmente nossos irmãos só pelo fato de terem seguido uma estrada diferente da que cremos? Até quando jogaremos a historia de Jesus na lama, exaltando sua vida com palavras vazias, e vivendo o oposto do que ele pregou?

Até quando? Não sei. Mas tenho a esperança de um dia viver em um país que pelo menos seja tolerante com a liberdade de expressão.

segunda-feira, 1 de junho de 2015

Lembranças

Em um fatídico amanhecer
Nas sombras negras da solidão
Meus pensamentos voam até você
Enchendo-me de nostalgia e paixão

Os risos de amores me vem à cabeça
Lembranças amargas de um passado vivo
Para você dedico estas letras
Poemas feitas por um homem sofrido

Nunca mais terei seu sorriso
Nem mergulharei em sua boca
Mas sempre levarei comigo
Todo o amor que senti outrora.

Dias dos NAMORADOS chegando... :v

O mês tão esperado chegou
E com ele o dia que se aproxima
E ainda têm homem que não malhou
As diversas indiretas de sua mina

Milhões de postagem por segundo, feito por namoradas desesperadas. :P

quarta-feira, 27 de maio de 2015

Crónicas do Renan - Diz que é professora, mas...

Os becos obscuros da madrugada e a névoa da inquietação juvenil nos presentearam com o surgimento de uma mente que tem tudo para ser mais um nome de peso na literatura paraense.

Vitor Gama é o nome do sujeito. Com uma literatura obscura e complexa, faz com que seus leitores tenham que navegar em águas negras, sentido de perto sentimentos que muitos negam sentir. Desnuda temas que arrepiam a nós, mortais, como a solidão e a morte.

Em um de suas últimas obras, um desavisado poderia falar que ele fala sobre a solidão. Mas sua obra se metamorfoseia de acordo com o leitor. Solidão, perdas, envelhecimento, e vários outros temas podem ser abordados. Eis seu texto na íntegra:

"Em um lugar distante, uma ilha talvez, havia uma casa de madeira velha, com cheiro de carvalho e amor. Havia uma sala de convivência, onde um vitral de borboletas, por onde passava a luz do luar; também uma cadeira de balanço, uma lareira e uma escada no canto direito da sala, local em que se encontrava um cuco parado, marcando 15:45. A cadeira era de mogno envelhecido pelo tempo. Ficava pocisionada de costas para o vitral e de frente para a lareira, dando a impressão de que sempre existiu amor. No alto da chaminé da lareira uma fumaça saía, e dentro da lareira, um fogo, dormindo aconchegado, criptava; às vezes, serpenteava e brincava com suas sentelhas...Enquanto isso, na sala, devido a luz que entrava pelo vitral, parecia que havia alguém sentado na cadeira, como se fosse um amante, à espera de sua amada. A chama da lareira continua a criptar e a dançar. No alto das escadas ouve-se passos, que vem em direção à sala, era um velho homem, ele para em frente a chama e atiça-a, logo em seguida, vira-se de costas para a lareira e se põe a olhar o vitral, uma pequena lágrima escorre pelas suas rugas, e então ele sentá-se na cadeira e se põe a murmurar uma velha cantiga de amor."

O interessante de tudo isso, é que paralelamente as suas produções, nosso jovem escritor está estudando para o vestibular. Tudo isso no cenário que vemos hoje: professores em greve, querendo melhorias na educação.

Nosso novo escritor levou está obra até sua professora de literatura, querendo a sua análise séria. O resultado foi lastimável.

Ela disse que é uma produção vazia.

Interessante é que vários poetas leram a mesma obra e amaram a produção.

Essa professora, infelizmente, está ocupando um lugar errado na sociedade. Além de não conseguir identificar uma excelente obra, não têm a capacidade de estimular as produções de seus alunos.

Me desculpe, professora, mas só posso tirar uma conclusão de sua opinião: vazio é a sua cabeça.

Poetas Mortos

Sou um poeta morto,
Sem lenço, nem documento,
Cabelos soltos ao vento,
Querendo rezar num convento

Sou um poeta morto
Assassinado pela ignorância
Dos jovens deste mundo
Que não amam mais amar

e mesmo morto sou poeta
mais vivo que muitos "vivos"
viverei em minha poesia
onde sempre quis estar.

onde ela cantar,
onde evocar.
la estarei.

Pois mesmo que meu corpo se vá
E apodreça em um caixão
Minhas palavras de amor
Ecoarão na imensidão

Sou um poeta morto
onde no meu velório
posso ver pelos
olhos da morte,
pessoas chorando
e dizendo coisas horríveis:
Era pra ele ter morrido antes.
Graças a Deus ele morreu!
Tem que ser enterrado
de cabeça para baixo.
Já vai tarde!!
E eu inerte
sem poder fazer nada
só esperando
a hora do enterro

Sou um poeta morto
De poesias imortais
De coração putrefado
Mas com a alma sagaz

Sou um poeta morto,
Embalsamado
Que se recusa ser enterrado.

De morte, de vento em polpa
Faço minhas fibras
Meus tecidos, fibrilam
No caixão deixo
Minh'alma faz-se infinita
De eternidades minha alma vive

Sinto que estou morto
Mas quero viver.
Dizem que a tumba é fria
e o inferno é quente.
Então deixem-me ir para o céu.

Ah! Eu sou a morta!
A lívida frescura que não mais vive
Brasão ou nome se um dia eu tive
Lê-se na lapide da ermida a porta

Riqueza, nome, beleza. Tudo finda!
Enganai-vos todos com seu frio lume
A vida é uma dama de infiel perfume
A promessa eterna pela morte vinda

Ah! Eu sou nada. Sou fria e jazo
Como a planta que não teve água
Se a vida é rio a transbordar de mágoa
Sou murcha rosa posta em frio vaso

Não credes na vida. Sois tolos sempre!
Não credes? Digo a vos a mais verdadeira
De todas as verdades, pois uma caveira
Começa esculpida no calor do ventre!

Criptas, tumpas, mausoléus
Frio no chão, frio no mármore
Mármore, bandeja do corpo
Receptáculo do corpo, caixa de madeira
7 palmos do solo
Vivo e morto enfim...

Ubiraci Conceição
Thyago Santos
Vitor Gama
Renan Medeiros
Marluce Moraes

terça-feira, 19 de maio de 2015

Dia dos NAMORADOS chegando... :v

Mando uma dica
Para os homens de plantão
Esposa não é namorada.
Amante também não.

Viu? Não precisam agradecer por ter economizado o dinheiro dos presentes.

Abraços : -D

domingo, 17 de maio de 2015

Crônicas do Renan – A Moça Vulgar do Whatsapp

ATENÇÃO: Está crônica é proibida para feministas e ativistas (com exceção das gostosas que gostam de mostrar os peitos. Podem mostrar a/com vontade).

Se existe uma questão que deve ser levado a sério por todo individuo que já percebeu que possui um cérebro funcionando, é se tudo que é normal para a sociedade é, de fato, benéfico. Você já parou, por algum momento, de correr/malhar/tomar bomba/beber e se deixou levar por esses devaneios filosóficos de grande importância?

Em uma dessas noites lindas, que nos mergulham nas mais profundas neblinas solitárias, resolvi deixar o conforto de meu lar e sair sem rumo pelas ruas esburacadas de minha cidade. Minha jornada ‘motociclistica’ me levou direto à Praça do Operário.

Sentado no banco frio e cinzento de uma praça destinado à família, fiquei me entretendo com o meu celular, conversando com meus amigos através dos aplicativos e redes sociais mais famosos de nossa era: facebook e whatsapp.

Diante de conversas vazias e cheias de humor e putaria, acabei me deparando com a mensagem de uma moça ao qual estava, há certo tempo, tentando convence-la de que investir em uma noite, comigo, regada de luxuria e libido, era uma excelente escolha para alguém tão linda e inteligente como ela.

Para a minha surpresa ela me perguntou quais eram os motivos que estavam me levando a conversar com ela com tanto carinho e interesse. Lógico que, diante da realidade, não podia dizer a verdade. Afinal, nem todas as moças gostam de saber que estão querendo lhe devorar até os ossos. Então, como todo bom cavalheiro, resolvi sair pela tangente e, claro, aproveitar a chance para ganhar mais pontos e chegar mais perto de conseguir o néctar dos deuses.

Disse com precisão e clareza que a tratava de tal maneira devido a sua inteligência, beleza, simpatia e, acima de tudo, por não ser vulgar como a maioria das mulheres hoje em dia. Sorri diante da minha boa sacada, mas logo fui atingido por um cruzado de esquerda que me jogou no chão como um drogado em crise de abstinência.

Ela veio me dizendo que usava roupas curtas e que marcavam o corpo, além de apontar outros tipos de comportamentos. A nossa conversa seguiu dali pra frente com ela tentando me convencer de que ela era vulgar e eu estava errado em não acha-la assim.

Vi ai, de forma nua e crua, a tão falada mudança dos valores culturais. Já está se perdendo a poesia para se conquistar as mulheres – mesmo que o fim ultimo seja uma transa. E elas estão começando a achar a vulgaridade algo normal.

Tão normal que se dizer ‘não vulgar’ pode até ser um insulto.

Claro que não devemos estereotipar, e nem generalizar. Vulgaridade não é sinônimo de roupas curtas, mas sim um conjunto de comportamentos, atitudes, correntes ideológicas e vestimenta. O que nos faz perceber que tal pessoa é vulgar ou não.

Mas, infelizmente, nossas crianças estão crescendo achando que certos comportamentos nocivos são normais. E isso me faz pensar se tudo que é normal para a sociedade é de fato benéfico para ela.

É uma questão que deve ser pensada e analisada não só por mim, mas por todos que querem que caminhemos para um futuro mais florido para a humanidade.

Enquanto isso não acontece, eu acabo aprendendo uma nova lição na arte da conquista de algumas mulheres da atualidade. É só chegar e mandar essa:

- Hey, minha nega. Tava aqui te malhando e percebi que você é a mulher mais vulgar dessa festa.

Vai ser tiro e queda. Se com essa cantada você não der no coro, com certeza você vai levar no coro.

Boa sorte!

segunda-feira, 11 de maio de 2015

Sairam do Armário

Diante de tantas tristezas que podemos apontar do nosso querido Pará, agora me veio um deputado e nos deixou com mais vergonha ainda.

Se eles têm que roubar pra sobreviver,imagine eu que sou técnico de enfermagem e escritor.

Meu parceiro Victor, do Blog Outras Palavras, fez uma matéria sensacional (como sempre) nos mostrando as músicas que podemos usar como revolta.

Leiam lá.

Abraços

http://victorvictorio.blogspot.com.br/2015/05/materia-quem-realmente-sao-as.html?m=1

domingo, 10 de maio de 2015

Mãe, com M de Morte

A cidade dormia naquela madrugada se preparando para as homenagens, que começariam logo ao amanhecer, à todas as mães. Mas nem todos estavam repousando em seus travesseiros, tranquilos, com os presentes escondidos que dariam ao acordar.

Ninguém desconfiava do que estava acontecendo dentro dos muros do cemitério velho. As neblinas densas se espalhavam até perder de vista entre as catacumbas e túmulos. O vento uivava e chacoalhava as poucas árvores do local.

Entre os mortos que repousavam, um vivo trabalhava. Um homem, agasalhado por um grosso casaco, cavava sem descanso um dos túmulos que se escondia no ventre daquela terra. Sua pá, a cada enfiada naquela terra molhada, desnudava cada vez mais aquele leito eterno.

Horas se passaram debaixo do céu nublado até que aquele homem desconhecido, enfim, achou o que procurava. O caixão parecia ainda intacto, mesmo com os anos que se seguiram após ser enterrado. Seus olhos passearam por aquela madeira, seu cérebro lhe trouxe a imagem do que havia ali e seu estomago ameaçou agir caso ele abrisse aquilo.

Mas ele deveria abrir.

Subiu no buraco que havia cravado na terra, e voltou com uma grande bolsa. Seu rosto pingava o suor do cansaço físico. Tragou uma grande quantidade de oxigênio e resolveu tirar a tampa.

O cheiro da podridão infestou o local. Ele quase vomitou naquele corpo decomposto. Abriu a bolsa e tirou de lá um pequeno pacotinho, se agachou e colocou, com dificuldades, dentro da boca daquele corpo. Depois pegou um pedaço de madeira de limoeiro e cravou no peito e, por fim, regou-a com sangue de gato preto.

Disse algumas palavras em voz baixa e saiu de lá. Sentou em uma lapide e lá ficou, aguardando o resultado de sua invocação, até adormecer.

Ele não soube dizer quanto tempo passou até que um barulho o acordou. Ao abrir os olhos viu dois braços agarrando a terra. Uma pessoa estava tentando sair daquele buraco que ele havia feito. Seu coração pulou de medo, depois de alegria.

Correu até lá e ajudou a pessoa a sair. Afastou-se e ficou olhando. A pessoa abriu os olhos e olhou em volta, atordoada, sem saber o que estava acontecendo. Seu corpo, que outrora estava quase todo consumido pelas larvas, havia voltado a ficar como antes de sua morte.

- Mamãe? É você? – disse o homem chorando.

Ela olhou para ele, seguindo o som de sua voz, mas não expressou felicidade ou tristeza. O homem correu até a direção dela, abraçando-a e dizendo o quanto a amava e sentia saudades. Sua alegria por ter conseguido ter sua mãe de volta, mesmo por ser através de magia negra, era imensa.

Uma alegria que não durou muito tempo, pois logo sua mãe lhe arrancou metade do pescoço com a boca e usou o resto da noite para consumir a carne daquele que um dia foi o seu filho.

Àquele homem não sabia que os espíritos não retornam, e que seus corpos reanimados são usados pelo inferno.

Feliz dia das Mães.

Renan Medeiros

quinta-feira, 7 de maio de 2015

A Dançarina Sem Nome

Sua curva era um perigoso labirinto de desejo. Muitos queriam adentrar aquele caminho hipnótico, mas se contentavam em simplesmente lhe olhar, jogando algumas notas generosas de reais para que seu rebolado fosse mais sensual.

Ela já não enxergava mais aqueles olhos sedentos por sexo que lhe rodeavam. Seus pensamentos estavam navegando em uma historia inexistente, carregada de amor e paixão. Aquela vida já não lhe dava mais o prazer que a fez viver aquilo até hoje. O dinheiro era generoso, mas lhe custava caro. Ela queria encontrar um amor, alguém que lhe tirasse dali e desse a família que estava sonhando. Mas a sua vida não lhe dava esse prazer.

Sua fama correu longe, e isso fez os homens não a quererem para amar. Em seus pensamentos, ela só era um pedaço de carne que desejava mais um pedaço de carne entre suas pernas. No pensamento dela, aqueles homens eram pobres cuzões que só servia para lhe dar dinheiro em troca de um rebolado.

Cada um dava o que o outro queria, mas não dava o que realmente precisavam.

Naquela noite a casa estava cheia. Ela e as outras meninas adentraram a madrugada, até quase amanhecer. Faturaram alto e isso lhe animou um pouco. Arrumou-se como de costume e saiu a pé para a sua casa.

Em uma curva, quase chegando ao seu quarteirão, um homem apareceu, não falou nada, simplesmente lhe deu um tiro na cabeça e foi andando tão tranquilamente como quando surgiu da escuridão.

Seu corpo, minutos antes sendo desejado por tantos homens, agora estava atirado no chão, sem vida, banhando a calçada com o sangue do que havia sobrado de seu crânio.

A manchete dos jornais daquele dia dizia que uma prostituta havia sido morta. Seu nome continuou famoso e deturbado, mas sua alma havia encontrado a paz.

FIM

quarta-feira, 6 de maio de 2015

Contos No Sense

Cabalo nasceu, cresceu e morreu. Longe de casa a bicicleta voou dentro da água petrificada. O pato bicou a roupa do rei de Bartolomeu. Mas a vida foi-se na gosma de andaime. Porque o justo, na injustiça, sabe que o certo é o contrário daquilo que se pensou na historia que foi contada ao contrário. Mas, pensando assim, sim sei. Na vida, morre-se como se estivesse vivo. Em um dia inteiro, a metade é o dobro do triplo de cinquenta, dividido por cinco, mais o dobro daquilo que se pensou na instituição hortaliça. Por que tu é a segunda pessoa do singular e eu sou singularíssimo, então eu sou tu e tu é eu.

Carlinhos estava andando na livraria quando um peixe caiu em seu pé. Mas ele não ligou, porque sua camisa era vermelha. O dono disse que a vida é passageira, assim como o peixe que saiu nadando na calçada. Longe dali, Junior calçou a vírgula e alimentou-se de dois pontos. Por que um só ponto não ia encher a sua consciência.

E assim fora felizes para a ponte da cachaça.

Fim

A Arte do Ofensa

''Se tua cara já é assim, imagine o cu de onde tu veio''

quinta-feira, 30 de abril de 2015

Dia 29 de Abril de 2015

Não sabia o que estava fazendo ali. Na verdade, sabia sim o que fazia. Estava obedecendo às ordens que haviam se dirigido ao nosso batalhão. Mas o motivo, quais eram? Nenhum de nós sabia ao certo o porquê tínhamos que fazer aquilo. Era repugnante fazer parte de toda essa chacina.

A fumaça das bombas de lacrimogênio dificultava a visão. O caos estava tomado. Ouvia os latidos dos cachorros se atirarem contra os manifestantes. Tiros de balas de borracha estavam sendo tão comum quanto o ar que respirava. Gritos de dor e de revolta ecoavam por todo o lugar.

Mas não podíamos deixar de fazer nosso papel. Mas que papel era esse? Quando me formei na academia fui lançado na sociedade com o intuito de servir e proteger. E agora cá estou, com o meu cassetete em mãos, lançando-o com toda a força contra os professores que estão aqui, somente pedindo pelos seus direitos.

Servir e proteger. Sempre pensei que era para servirmos e protegermos a população. Agora vejo o quanto estava errado. Servimos e protegemos o Estado. Somente o Estado. A população tem que se virar.

Vejo gotas de sangue saindo da boca de uma senhora e criando uma pequena poça no chão. Ela se vira para mim. Meu Deus! Dona Carminha, professora da minha pequena princesa. Meu cassetete acabava de abrir um corte na boca da professora de minha filha. Ela não me reconheceu, devido o capacete. Na verdade, nem eu estava me reconhecendo ali.

Fiquei tonto, desnorteado. Pessoas correndo para todos os lados. Corpos jogados no chão. Mortos? Desmaiados? Não sei. Quero ir embora daqui, mas não deixam. Posso ser preso se desobedecer à ordem. Posso perder meu emprego se não meter o cacete nesses professores.

Então eu meto.

O massacre aos educadores demora quase duas horas, até que enfim a guerra acaba. Sim, aquilo foi uma guerra. Que nome eu daria para isso? Confronto? Baderna? Não, com certeza não. Aquilo foi uma guerra declarada do Estado contra a educação brasileira. Contra a educação de meus filhos. E, infelizmente, estou do lado errado.

No fim de tudo volto pra casa, em meu carro. Ouço o rádio e escuto as noticias sobre o “confronto” entre manifestantes e policiais. Culpam-nos pelo caos que aconteceu. Como assim? Não tivemos culpa. Não somos nós que demos as ordens.

Ao chegar em casa minha filha vem correndo e me abraça, e me mostra um desenho. “Foi a professora Carminha que me ensinou, antes de começarem a greve” disse ela para mim. Não consigo conter algumas lagrimas quando me vem à imagem da professora, no chão, perdendo sangue pela boca devido um golpe meu.

Somos policiais, instrumentos usados pelo Estado. A ferramenta perfeita. Além de usarem-nos como repressão, usam-nos como bode expiatório. Minha filha continua a desenhar do jeito que a professora Carminha ensinou. A professora, talvez, esteja no hospital fazendo uma sutura em sua boca.

E eu fico aqui, chorando. Por saber que estou contribuindo para a destruição da educação de minha pequena filha.

FIM

Sobre as Manifestação dos Professores, no Paraná

Mesmo não conhecendo este estado, tenho grande carinho por ele. Lá reside grandes amigos que me abriram portas que jamais imaginei passar.

Mesmo sendo residente do Pará, o Paraná foi o primeiro estado que viu que tinha algum (disque) talento pra escrever e publicou um conto meu. A Spektro, pra quem não sabe, reside neste estado.

É com grande tristeza que recebo imagens das manifestações dos professores que, ao exigirem seus direitos e os da população, em terem uma educação de qualidade, foram recebidos com extrema violência pelo Estado.

Muitos criticam a força polícial, mas eles são meros instrumentos.

O ggoverno, que se autodomina Pátria Educadora, está ensinando a violência aos seus filhos. O Brasil não pode permitir que nossos educadores sejam humilhados de tal maneira.

O Estado não é como o Hegel disse. Ele não é uma representação de Deus na terra. Temos que mostrar que nós, população, somos os que detém o poder em uma sociedade democrática.

Chega!

Professor, sobrenome: Sofredor

Professor apanha
dentro da escola
Apanha
fora de escola

E quando chega
ferrado em casa,
sem dinheiro e dignidade,
encontra o(a) cônjuge
pegando o vizinho(a)

terça-feira, 28 de abril de 2015

Catolicismo Medieval

Fico aqui olhando
essa sociedade
em que vivemos
resgatando
o catolicismo medieval
enquanto ora aos céus
para que melhoremos

ora, ora, ora

Caminhamos para o individualismo
e a religião nos pede união
É uma confusão
na mente da população
O caos está solto novamente
Como era antes
Antes de tudo existir

O caos mudou de moradia
Agora vive aqui
Dentro de nossas cabecinhas
Nada pensantes

Renan Medeiros

quarta-feira, 22 de abril de 2015

Minha Doce Ninfa

Longe de ti estou
Minha doce ninfa do campo
Mas não se desespere
Quando a meia-noite chegar
O frio bater à porta
E eu não estiver ai
Para lhe esquentar
Pois saiba que o sol
Surgirá no horizonte
Do vasto campo de jasmim
Que és sua moradia
E com ele um novo dia
Renovado
Um após o outro
E dar-te-ei uma promessa
Aos pés do monte Olimpo
Que em um desses novos dias
Junto com a brisa de verão
Surgirei cavalgando
Até seus macios braços
E nem a distância
O tempo
Ou a morte
Nos separará
E não destruirá
Este belo amor

No Bar da Paixão...

"Uma madrugada e meia, salpicada com uma doce mulher para amar. Por favor!"

quinta-feira, 9 de abril de 2015

Crônicas do Renan - Nada Melhor do que o Lar

Ambrósia da Silva é uma amiga que possui um dom raríssimo na sociedade de hoje, ela é linda e inteligente. Todos os músculos do corpo trabalhados na mesma medida nas academias e bibliotecas da vida. Estar em sua presença, mesmo sendo tão raro quanto encontrar um exemplar como ela, é ter a chance de por todos os sentidos do corpo a se deliciarem com a fina beleza e aguda inteligência. Os olhos e os ouvidos sem entorpecem com a conversa, deixando nosso cérebro encharcado com o álcool do prazer.

Recentemente conversamos sobre um tema interessante, discutimos sobre o amor humano ao seu lar. Nada é mais prazeroso e nos dá uma grande sensação de segurança do que estarmos em nossa casa. Porem existem pessoas que chegam aos extremos desse prazer, se obrigando a não sair de casa e, quando o fazem, seus corpos começam a sofrer mudanças que atrapalham o convívio social.

Ambrósia me revelou que seu organismo não funciona em lugares que não seja a sua residência. Seu intestino trava diante de um banheiro que não seja o da sua casa.Acho engraçado esses tipos de pessoas. Talvez pelo fato de eu ficar a vontade nas casas de amigos e desconhecidos. O Ambiente diferente não muda em nada o funcionamento do meu organismo. Uma timidez no inicio, normal, mas ficar totalmente travado é algo que não sofro.

Tentei explicar que, para mim, esse tipo de problema não deve ser aceitável e que era difícil eu entender o porque as pessoas passam por esses entraves, devido eu não o tê-lo. "Tenho problema em fazer as minhas necessidades longe de casa" é a frase que mais ouvimos das pessoas que passam por esses problemas. Mas a casa de nossos amigos e amores e não uma segunda, ou terceira, casa para nós? Um ambiente acolhedor tão quanto é o nosso lar? Pensava assim, até que a nossa conversa me levou a um fato ocorrido em minha vida.

Renan Medeiros (sim, falarei em terceira pessoa, se não se importa) estava no auge do tesão e da luxuria, louco para viver uma aventura e se banhar com a devassidão deste imenso mundo de promessas e loucuras. A insanidade lhe tomou conta como nunca havia acontecido antes, levando-o a querer se aventurar nas propostas sexuais mais vis que surgissem em seu caminho de solidão.

Surgiu uma moça, jovem, porem mais velha e experiente que o Renan Medeiros. As mensagens pelo celular com promessas de dias de puro prazer anticristão, e as descrições de tudo que aquela moça viria a fazer com ele, deixou o rapaz dopado de desejo. Tão dopado que resolveu aceitar aos insistentes convites da moça. Mas havia um pequeno problema, ela morava em Belém.

Problema esse logo superado pelo Renan, que antes do que imaginava tinha juntado uma pequena quantia em dinheiro e já estava entre os apertos de uma rede em uma navegação dessas da vida. Ao seu lado havia uma senhora, de peso acima do anormal (sim, isso mesmo, acima do ANORMAL) e do outro um rapaz de características nada confiáveis. Mas mesmo com as dificuldades do caminho, Renan seguiu firme e forte para a sua satisfação sexual futura e incerta.

 O barco chegou e Renan se encontrou com a moça. Logo ao chegarem em sua residência, não deu tempo de analisar a casa em interminável construção ou de tomar um banho, a jovem já foi logo agarrando o rapaz necessitado e assim tiveram seu primeiro momento de sexo descompromissado.

Renan iria passar todo o fim de semana com ela, para aproveitarem os corpos um do outro e as coisas boas que a cidade tinha para oferecer. Claro que, mais cedo ou mais tarde, nosso aventureiro do kama sutra iria ter que se deleitar sobre o vaso do banheiro daquela distinta dama e usá-lo para os devidos fins ao qual foi criado.

E esse momento chegou.

Renan Medeiros nunca teve problemas para realizar suas necessidades fisiológicas em casas de estranhos e conhecidos, o que o fez ir até o banheiro sem receio algum de haver algum problema. Sentou-se sobre o vaso e acabou fazendo tudo aquilo que a natureza estava pedindo para fazer. Feliz e aliviado, além de asseado, puxou a descarga para que tudo aquilo tivesse seu devido fim.

A água encheu o vaso, mas não desceu pelo ralo. Estava entupido. Nosso aventureiro acabou se desesperando, enchendo alguns baldes de água e jogando dentro com a intenção de fazer tudo descer a força, mas as tentativas só faziam piorar a situação. Vendo-se derrotado por um vaso carregado de urina e fezes, nosso herói só pôde se render a vergonha e humilhação e explicar para a mulher sobre o acontecido.

Ela riu, explicou que o vaso estava assim., e com o jeitinho feminino fez o Renan ficar novamente a vontade. Os dias que se seguiram foram assim, passeio, sexo e um vaso cheio de merda como presente de despedida.

Como disse, lembrei-me desse fato quando estava conversando com Ambrósia sobre esses problemas que ela passa quando não está em sua casa. Com tudo isso,acabei mandando minha ultima conclusão, antes de me retirar da conversa:

- O problema, minha cara, não é cagar na casa dos outros. Mas ter a certeza de que as evidências serão eliminadas.

 Tenham um excelente dia.

sábado, 4 de abril de 2015

Crônicas do Renan - O Casamento de Albert Einstein



Não, não irei aqui narrar ou analisar o casamento do físico e filosofo Albert Einstein, o homem que mudou os conhecimentos do mundo e nos deu a base das leis da física atual. Além de, indiretamente, nos dar margens para milhões de produções literárias depois de criar a teoria da relatividade, viagem no tempo e outras coisas mais.

O Albert Einstein ao qual quero falar hoje é um Einstein menos intelectual do que o gênio que vocês conhecem. Menor, bem menor do que aquele. Possui pêlos por todo o seu corpo, tem uma mordida forte e anda em quatro patas por ai. Quero falar de vocês do meu cachorro.

Batizei-o de Albert Einstein. Como todo bom fã de pessoas esquisitas e geniais, acabei escolhendo este nome para este pobre animal. Confesso que não era este nome que, inicialmente, havia escolhido. Tinha em mente batiza-lo com o nome de Arrhenius. Mas na hora de dizer “Eu te batizo, em nome do pai, do filho e do espírito santo” acabei esquecendo o nome. Então foi o jeito improvisar. Acabou sendo batizado como Albert Einstein. Para as pessoa que já são intimas dele é conhecido somente como Einstein; ou “Aste” para as senhoras que o conhecem e que, infelizmente, não consegui fazê-las pronunciar corretamente.

Há um ano, mais ou menos, surgiu uma cachorra aqui pelas redondezas. Não sabemos o motivo, mas ela acabou fixando moradia em nossa residência. Não queríamos uma cachorra, fizemos de tudo para domar aquela criatura e fazê-la encontrar seu caminho, mas ela tinha horror à coleira e acabamos não conseguindo.

Não sabíamos, e até hoje não sabemos, de onde ela veio. Ainda fomos em busca de sua casa, mas foi tudo em vão. Albert Einstein (o físico) poderia dizer que, talvez, ela tenha se materializado em frente de nossa casa por uma ruptura espaço-temporal, materializando-a de outra dimensão até a nossa. Mas antes que pensasse na física quântica e multiverso, Einstein (o cachorro) surgiu e acabou nos dizendo com seus olhos a sua analise filosófica: é gata!

A partir daí eles começaram a se amar, algo que nunca havia presenciado no universo dos cachorros. Mas como Einstein (o físico) diz “Tudo é relativo” então um amor assim, relativamente é normal, mesmo para uma espécie não tão desenvolvida como a nossa, porem menos complicada.

A Branca, como ficou conhecida por nós, começou a defender com unhas e dentes a nossa residência de qualquer perigo que ela acredite ser nocivo. Em contrapartida, o Einstein (o cachorro), devido a sua idade avançada está se aposentando do cargo de vigia noturno de nossa moradia. Isso nos fez, então, acabarmos adotando a Branca como moradora permanente da família Medeiros.

Einstein e Branca acabaram, então, se casando. E, além da curiosidade a respeito deste mútuo sentimento entre eles, outras coisas foram interessantes ao ser observado.

Branca hoje é mãe de duas ninhadas, oito filhos ao todo. Restaram destas duas cachorras que foram também adotadas por nós. Continua amando o Einstein como no inicio, amor puro e verdadeiro, mas o Einstein não é o marido perfeito que ela acreditava.

Quando alguma cachorra das redondezas entra no cio, Einstein abandona o seio familiar e, dentro de uma alcateia de predadores tarados, acaba tentando copular com a cadela. Branca, nesses períodos, entra em depressão. Não quer comer e vive na rua, vendo de longe o seu marido ansioso para abandonar seus votos matrimoniais. Quando ele volta, sempre surrado pelos cachorros maiores, e triste por não conseguir alcançar seus objetivos, ela o recebe com imensa felicidade, olhos brilhantes, rabo balançando e cheiros de carinho. Não sei lhes dizer se a alegria é pelo seu retorno, ou por não ter conseguido meter o chifre nela. Talvez pelas duas coisas, é mais provável.

Quando a Branca entra no cio, o papel se inverte. Mas não pensem que a branca aproveita a situação para se vingar, muito pelo contrário, ela se mantem firme na fidelidade. Os cães se reúnem para acasalar, investem, mas ela com maestria dança na frente deles, impedindo qualquer avanço sexual daqueles animais sedentos por amor. Einstein, como todo bom esposo, não suporta ver aqueles predadores circulando a sua amada. Avança, sem se importar com a força bruta e o tamanho das criaturas, e defende com unhas e dentes a virtude de sua esposa.

Branca sente-se feliz ao ver seu esposo lhe defendendo. Orgulhosa, sente-se mais amada ainda e esquece, naqueles momentos, a vida boemia e devassa de seu esposo com nome de intelectual. No fim, Einstein acaba ganhando seu presente por bom comportamento. Uma nova ninhada deve estar sendo gerada neste momento.

Não sei vocês, mas eu acho que essa historia já se repetiu por ai algumas vezes. Acredito que se Einstein (o físico) ouvisse a historia do Einstein (o cachorro) não iria querer opinar, daria espaço para o Darwin. E este, com seu conhecimento sobre evolução, ficaria surpreso. Olharia toda a papelada dos estudos que realizou, relacionaria esse casamento canino com os de milhares de casamentos humanos por ai, e tiraria somente uma conclusão plausível:

- Vou ter que estudar essa merda tudo de novo.
 

Contratos quebrados.

Absorto, ele fixava sua visão no teto enquanto sentia os delicados dedos dela tateando seu tórax, deleitando-se com os resquícios de prazer ...