terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Escritores de verão e inverno

Nunca gostei dos escritores de verão.
Tão coloridos e felizes,
Que soam falsas crendices.
Com suas calças floridas cor de melão

Adoram o sol de veraneio.
Andando descalços nas praias,
Piscinas e canteiros. Escrevendo
Em cadeiras de balanço.

Entornam suas cervejas geladas.
Escrevendo sobre realidades,
Que para muitos inexistem,
Mas vendem o desejo de existir.

Falam sobre ricos e suas fortunas,
Sobre lugares paradisíacos,
E uma vida perfeita e singular
Onde ninguém consegue alcançar.

Sou mais os escritores do inverno.
Ah! Esses sim são escritores.
Da realidade prosadores.
Os poetas das dores e do amar.

Sabem, como ninguém,
As dores de uma paixão,
A felicidade da conquista,
As lacunas da solidão.

Prosam sobre a realidade de todos,
Sobre o nascer de um boto,
Sobre a arte de matar,
E sobre o desejo de casar.

Dissertam sobre os humanos
Agarrados na realidade.
Seja ela feliz ou triste,
Leve ou cheio de esquisitice.

Enfrentam o frio do inverno
Na solidão de um lugar,
Com café a lhe esquentar
E uma historia a contar.

Conhecem as dores do mundo
Pois lá já viveram e sentiram.
Não vendem ilusões e vultos,
Mas iluminam a razão de existir.

Que se extinguem os escritores do verão
E que nasça muitos escritores do inverno,
Tarjados no frio da paixão
Moldados na solidão e ilusão.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Contratos quebrados.

Absorto, ele fixava sua visão no teto enquanto sentia os delicados dedos dela tateando seu tórax, deleitando-se com os resquícios de prazer ...