Nunca gostei dos escritores de verão.
Tão coloridos e felizes,
Que soam falsas crendices.
Com suas calças floridas cor de melão
Adoram o sol de veraneio.
Andando descalços nas praias,
Piscinas e canteiros. Escrevendo
Em cadeiras de balanço.
Entornam suas cervejas geladas.
Escrevendo sobre realidades,
Que para muitos inexistem,
Mas vendem o desejo de existir.
Falam sobre ricos e suas fortunas,
Sobre lugares paradisíacos,
E uma vida perfeita e singular
Onde ninguém consegue alcançar.
Sou mais os escritores do inverno.
Ah! Esses sim são escritores.
Da realidade prosadores.
Os poetas das dores e do amar.
Sabem, como ninguém,
As dores de uma paixão,
A felicidade da conquista,
As lacunas da solidão.
Prosam sobre a realidade de todos,
Sobre o nascer de um boto,
Sobre a arte de matar,
E sobre o desejo de casar.
Dissertam sobre os humanos
Agarrados na realidade.
Seja ela feliz ou triste,
Leve ou cheio de esquisitice.
Enfrentam o frio do inverno
Na solidão de um lugar,
Com café a lhe esquentar
E uma historia a contar.
Conhecem as dores do mundo
Pois lá já viveram e sentiram.
Não vendem ilusões e vultos,
Mas iluminam a razão de existir.
Que se extinguem os escritores do verão
E que nasça muitos escritores do inverno,
Tarjados no frio da paixão
Moldados na solidão e ilusão.
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