domingo, 30 de julho de 2017

Marca de Batom

Tantas mulheres já
Marcaram meu corpo
De batom,
Mas só você
Teve a capacidade
De marcar minha alma.

sexta-feira, 28 de julho de 2017

Sobre uma Garota No Parque

Diante de uma multidão de transeuntes que transitavam na orla da cidade, ela me chamou a atenção sem nem ao menos querer. Seus cabelos vermelhos ganhavam mais vida com o doce vento nortista, porem seu rosto demonstrava o descontentamento momentâneo por qual ela estava passando. Pés nervosos, olhos que circulavam a tudo e a todos sem se prender a nada ou ninguém, ora ou outra passavam por mim, mas era como se eu não estivesse ali. Em rápidos, porem repetitivos, momentos ela tirava o celular da bolsa para verificar a hora, e bufava sua insatisfação. Apesar da cara fechada ela estava linda. Eu tinha o que fazer, mas parei ali somente para aprecia-la e imaginar quem seria a pessoa que deixaria aquela linda mulher esperando a ponto de tornar uma noite feliz em uma fatídica desilusão. Queria poder ir até ela, puxa-la pela mão e dizer “Venha, vamos nos divertir juntos. Deixe-me conquistar o seu mais saboroso sorriso”, mas não tive tempo para reagir, pois a sua espera se tornou a sua ida quando ela, enfim, desistiu de ficar ali. E quando, por fim, vi suas ultimas mechas vermelhas dobrando a esquina e sumir percebi que, novamente, deixei uma oportunidade se esvair como uma criança aprendendo a beber água com as mãos. E, hoje, somente posso me debruçar na lembrança e imaginar as mil coisas que dois solitários poderiam fazer em uma noite no parque.

Lembranças no Amanhã


terça-feira, 25 de julho de 2017

Dia do Escritor

Pitágoras via o mundo em números, 
eu vejo o mundo em letras.


Quantos transeuntes passam, diariamente, por você e nem notas suas faces? Quantas expressões que externam sentimentos e emoções, ou escondem medos e angustias? Quantos sonhos vão sendo elaborados e abandonados enquanto vais para algum lugar? Constantemente você cruza com histórias dos mais variados gêneros, e nem percebes.

Já parou para pensar nos objetos inanimados que rondam sua existência? Pedras, bancos, mesas, postes, portas, janelas... Já refletiu sobre o tanto de histórias que tantos objetos foram capazes de presenciar e, infelizmente, não possuem o dom de poder externar?

Ser escritor e ver o mundo em letras, ser escritor é ver o mundo em historias. Desde o momento em que decidimos usar as palavras como arte o mundo a nossa volta passa por uma intensa metamorfose, tudo se transforma em frases, parágrafos, orações. Enxergamos aquilo que pessoas comuns jamais imaginariam, sentimos emoções que você nem notaria.

Conseguimos olhar para tudo e em tudo ver uma história ser contada. Conseguimos observar o ambiente e ver a história que aquilo pulsa e que deseja ser conhecida. Tudo ganha vida, boca, ouvidos, existência. O escritor mergulha em um mundo “prosopopêico”, e é o responsável em recolher os retalhos dessas histórias e repassar para a humanidade.

Ser escritor não é fácil. Andamos pelo mundo absorvendo os gritos de tudo e de todos que encontramos e, às vezes, isso cansa. Por muitas vezes queremos nos desligar, mas nossa alma não permite e, quando percebemos, uma história é sentida e já estamos com o papel e caneta em mãos para conta-la.

Neste dia especial, gostaria de parabenizar a todos os escritores desse país, em especial aos que estão perto de mim, meus amigos. Todos, sem exceção, possuem uma habilidade singular na escrita e sinto orgulho de tê-los como amigo e possuir a oportunidade de me debruçar sobre suas obras.

Que a tinta e o papel jamais acabem!

segunda-feira, 17 de julho de 2017

O Adultero do Hospital

Dizem que a mentira tem perna curta,
e quando é longa a vida dá um jeito 
de quebrar.

Desde que o Homem resolveu seguir alguns preceitos religiosos e viver como monogâmico, em vez de poligâmico, sabemos que a traição conjugal existe. E quando digo “Homem” falo da espécie, e não do gênero masculino. A traição é uma pequena coceira na mente dos seres humanos que, se você der importância, vai aumentando cada vez mais e, ora ou outra, acabam metendo a mão (e o resto do corpo) e acabam coçando. E, a partir dai, a coceira vem cada vez mais forte e a sensação de prazer ao coçar cresce, levando você a querer mais e mais.

Traição é traição, é erro moral para a nossa sociedade (desde que o casal seja de comum acordo no liberalismo sexual). Mas uma coisa é trair esporadicamente com uma pessoa que apareceu de repente, outra é assumir outro compromisso duradouro com uma segunda pessoa... terceira, quarta. Há quem possa discordar que nenhum desses tipos deve ser perdoado, e eu concordo. Mas, convenhamos, que entre um deslize e um segundo namoro/casamento há um abismo de gravidade separando-os. E o perigo de ser descoberto só aumenta.

Certa vez em uma dessas noites de festas pela cidade a paz da urgência de uma pequena cidade foi abalada com a chegada de um rapaz que havia se acidentando. Ao seu lado uma bela moça que estava com ele na festa. Chegou aos ouvidos dos funcionários que aquela moça era sua namorada. Atendido e colocado numa maca em observação lá ele ficou por um tempo.

Outra moça apareceu, desesperada, porque seu namorado havia se acidentado e ela havia recebido ligações de amigos que presenciaram o acidente. Os funcionários, confusos, informaram que só havia chegado um naquela madrugada e disseram-lhe o leito. Logo a historia se espalhou: ele estava com a amante na festa, e nenhuma das duas sabiam da existência da outra.

O homem de duas namoradas (pelo menos era o número que os funcionários sabiam, vai saber se não havia/há mais) recebeu alta e saiu com seus hematomas e dores noite afora, enquanto as duas mulheres se encaminharam para uma praça, sentaram no banco e conversaram até o sol nascer. Sem brigas, puxões de cabelos e gritos. Simplesmente deixaram o rapaz sumir no horizonte do asfalto, noite fria adentro, enquanto conversaram sobre as historias ocultas sobre suas relações com aquele acidentado.

O dia acabou, e começou, com dois namoros baseados em mentiras descobertos e a certeza de que nossas ações e planos são insanas piadas de uma força superior que ainda não entendemos.

Vai arriscar uma poligamia depois dessa história?

Contratos quebrados.

Absorto, ele fixava sua visão no teto enquanto sentia os delicados dedos dela tateando seu tórax, deleitando-se com os resquícios de prazer ...