Becos escuros

Longe da segurança matutina e próximo dos perigos noturnos, saio pelos becos escuros e ruas esburacadas, com uma garrafa de vinho na mão, em busca de preencher um vazio ao qual não tenho ideia dos motivos da existência. Piso na lama da sarjeta e sinto o odor de mulheres assanhadas, enlouquecidas pelo meu dinheiro, oferecendo-me um entorpecimento de prazer. A carne grita, mas o coração reage, e com um gole de vinho rasgando a garganta avanço pela escuridão da madrugada. Quando me surge uma centelha de consciência, me vejo sentado na calçada, vislumbrando o rio enquanto no horizonte o sol surge para mais um novo dia... e percebo que aquilo que eu buscava era você.