Não, não irei aqui narrar ou
analisar o casamento do físico e filosofo Albert Einstein, o homem que mudou os
conhecimentos do mundo e nos deu a base das leis da física atual. Além de,
indiretamente, nos dar margens para milhões de produções literárias depois de
criar a teoria da relatividade, viagem no tempo e outras coisas mais.
O Albert Einstein ao qual
quero falar hoje é um Einstein menos intelectual do que o gênio que vocês
conhecem. Menor, bem menor do que aquele. Possui pêlos por todo o seu corpo,
tem uma mordida forte e anda em quatro patas por ai. Quero falar de vocês do
meu cachorro.
Batizei-o de Albert
Einstein. Como todo bom fã de pessoas esquisitas e geniais, acabei escolhendo
este nome para este pobre animal. Confesso que não era este nome que,
inicialmente, havia escolhido. Tinha em mente batiza-lo com o nome de Arrhenius. Mas na hora de dizer “Eu te batizo, em nome do pai, do filho e do espírito santo” acabei esquecendo o nome. Então foi o jeito improvisar. Acabou
sendo batizado como Albert Einstein. Para as pessoa que já são intimas dele é
conhecido somente como Einstein; ou “Aste” para as senhoras que o conhecem e
que, infelizmente, não consegui fazê-las pronunciar corretamente.
Há um ano, mais ou menos,
surgiu uma cachorra aqui pelas redondezas. Não sabemos o motivo, mas ela acabou
fixando moradia em nossa residência. Não queríamos uma cachorra, fizemos de
tudo para domar aquela criatura e fazê-la encontrar seu caminho, mas ela tinha
horror à coleira e acabamos não conseguindo.
Não sabíamos, e até hoje não
sabemos, de onde ela veio. Ainda fomos em busca de sua casa, mas foi tudo em
vão. Albert Einstein (o físico) poderia dizer que, talvez, ela tenha se
materializado em frente de nossa casa por uma ruptura espaço-temporal,
materializando-a de outra dimensão até a nossa. Mas antes que pensasse na
física quântica e multiverso, Einstein (o cachorro) surgiu e acabou nos dizendo
com seus olhos a sua analise filosófica: é gata!
A partir daí eles começaram
a se amar, algo que nunca havia presenciado no universo dos cachorros. Mas como
Einstein (o físico) diz “Tudo é relativo” então um amor assim, relativamente é
normal, mesmo para uma espécie não tão desenvolvida como a nossa, porem menos
complicada.
A Branca, como ficou
conhecida por nós, começou a defender com unhas e dentes a nossa residência de
qualquer perigo que ela acredite ser nocivo. Em contrapartida, o Einstein (o
cachorro), devido a sua idade avançada está se aposentando do cargo de vigia
noturno de nossa moradia. Isso nos fez, então, acabarmos adotando a Branca como
moradora permanente da família Medeiros.
Einstein e Branca acabaram,
então, se casando. E, além da curiosidade a respeito deste mútuo sentimento
entre eles, outras coisas foram interessantes ao ser observado.
Branca hoje é mãe de duas
ninhadas, oito filhos ao todo. Restaram destas duas cachorras que foram também
adotadas por nós. Continua amando o Einstein como no inicio, amor puro e
verdadeiro, mas o Einstein não é o marido perfeito que ela acreditava.
Quando alguma cachorra das
redondezas entra no cio, Einstein abandona o seio familiar e, dentro de uma
alcateia de predadores tarados, acaba tentando copular com a cadela. Branca,
nesses períodos, entra em depressão. Não quer comer e vive na rua, vendo de
longe o seu marido ansioso para abandonar seus votos matrimoniais. Quando ele
volta, sempre surrado pelos cachorros maiores, e triste por não conseguir alcançar
seus objetivos, ela o recebe com imensa felicidade, olhos brilhantes, rabo
balançando e cheiros de carinho. Não sei lhes dizer se a alegria é pelo seu
retorno, ou por não ter conseguido meter o chifre nela. Talvez pelas duas
coisas, é mais provável.
Quando a Branca entra no
cio, o papel se inverte. Mas não pensem que a branca aproveita a situação para
se vingar, muito pelo contrário, ela se mantem firme na fidelidade. Os cães se
reúnem para acasalar, investem, mas ela com maestria dança na frente deles,
impedindo qualquer avanço sexual daqueles animais sedentos por amor. Einstein,
como todo bom esposo, não suporta ver aqueles predadores circulando a sua
amada. Avança, sem se importar com a força bruta e o tamanho das criaturas, e
defende com unhas e dentes a virtude de sua esposa.
Branca sente-se feliz ao ver
seu esposo lhe defendendo. Orgulhosa, sente-se mais amada ainda e esquece,
naqueles momentos, a vida boemia e devassa de seu esposo com nome de
intelectual. No fim, Einstein acaba ganhando seu presente por bom
comportamento. Uma nova ninhada deve estar sendo gerada neste momento.
Não sei vocês, mas eu acho
que essa historia já se repetiu por ai algumas vezes. Acredito que se Einstein
(o físico) ouvisse a historia do Einstein (o cachorro) não iria querer opinar,
daria espaço para o Darwin. E este, com seu conhecimento sobre evolução,
ficaria surpreso. Olharia toda a papelada dos estudos que realizou,
relacionaria esse casamento canino com os de milhares de casamentos humanos por
ai, e tiraria somente uma conclusão plausível:
- Vou ter que estudar essa merda tudo de novo.
Uma ótima crônica, Renan Medeiros!
ResponderExcluirMe fez lembrar um pouco das "esbórnias" do meu branco e falecido gato chamado Piche. Até hoje as histórias dele são lendas na rua onde moro.
É uma pena não haver nem mesmo um bom cronista por aqui...rs
Mas, para você, parabéns por sua destreza com as palavras e com o humor.
Gostei de verdade.
Cara eu amo essa sua crônica!!!
ResponderExcluirNão importa quantas vezes eu leia, (e eu ja li umas 5 vezes) sempre dou risadas.
Tu és um ótimo cronista cara! Parabéns pelo seu talento.
Um dia quero conhecer o Einstein e a Branca. Os grandes personagens que foram imortalizados nessa otima crôncia. rsrsrs
Abraço, Thyago.
https://entreacanetaeopapel.wordpress.com/