quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Vidas que se vão

Enquanto sentava em frente ao meu notebook e pensava no que iria escrever, recebo a triste notícia que abalou as estruturas de muitos escritores que tenho contato: o poeta Darcel Andrade faleceu, na UTI do hospital da Aeronáutica em Belém, na madrugada do dia 12 de Novembro.
Infelizmente não tive contato pessoal com o Andrade, mas o tive através das redes sociais. E os adjetivos que vários de meus amigos verbalizaram, quando se referiam a esta figura, fez-me ter uma grande admiração por ele enquanto pessoa e escritor.
Mais um poeta se foi, para abrilhantar o eterno sarau do outro mundo e olhar para os escritores miseráveis que ainda teimam em permanecer neste plano; lutando para, com simples palavras, mudar algo nesta sociedade que caminha cada vez mais para o caos.
Não muito distante dessa perda, tivemos outra que chocou o coração da comunidade Brevense: a morte do jovem Adeilton. Um rapaz, cheio de sonhos, que acabou sendo vitima de uma violência bárbara e sem sentido.
“Até quando?”, gritava o seu pai. Um grito de dor e desespero que ecoava por toda a cidade, chegando aos corações de muitas pessoas que só tinham como resposta as lagrimas que caiam do queixo e encharcavam o chão de terra batida, em frente ao departamento de policia.
Uma pergunta feita aos céus, registrado pelos olhos das pessoas e pelas câmeras das tv’s locais deste município. Famílias, amigos e comunidade juntos, sentindo a mesma dor. Juntos, questionando-se que motivos cruéis levaram a silenciar aquele jovem rapaz. Que sadismo é este que faz com que tirem a vida de um ser humano de forma atroz?
Sinto em minhas entranhas que, cada vez mais, vivemos em tempos onde a sociedade se afasta, em passos largos, da humanização. É uma era perigosa, onde vivemos cercados de perigo, nos obrigando a entrar em um campo defensivo, desconfiando de tudo e de todos, nos trancafiando em casas cada vez mais parecidas com presídios.
Adeilton se foi, para nos escancarar a nocividade que se encontra nossa sociedade. Sua morte inumana veio para dar um choque de realidade em muitos corações que se esfriaram diante da normalização da crueldade em que vivemos.
Darcel se foi, para nos mostrar que ainda há esperanças. Que se pode viver com amor, paz, cultura e poesia. Que diante da desumanização da humanidade, há possibilidades de se nadar contra a correnteza deste rio revoltoso, e viver como humanos - dignos de se chamar assim.
Nenhuma das mortes era esperada e desejada, mas vieram e foram sentidas com forte impacto por todos. Suas mortes não serão em vão, servirão como gritos de protesto contra o caminhar errôneo que seguimos. Queremos menos ódio e mais amor. Menos chacinas e mais poesias.
E com o coração na mão termino está crónica, não com palavras minhas, mas com as do poeta Darcel Andrade, retiradas de seu perfil do Facebook:

“Escrevemos o que sentimos e falamos o que o coração está cheio. Neste momento viajo por uma razão qualquer sem nada pedir, talvez a certeza de um trabalho digno, compartilhado e cheio de entusiasmo. Seguimos

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