quinta-feira, 7 de maio de 2015

A Dançarina Sem Nome

Sua curva era um perigoso labirinto de desejo. Muitos queriam adentrar aquele caminho hipnótico, mas se contentavam em simplesmente lhe olhar, jogando algumas notas generosas de reais para que seu rebolado fosse mais sensual.

Ela já não enxergava mais aqueles olhos sedentos por sexo que lhe rodeavam. Seus pensamentos estavam navegando em uma historia inexistente, carregada de amor e paixão. Aquela vida já não lhe dava mais o prazer que a fez viver aquilo até hoje. O dinheiro era generoso, mas lhe custava caro. Ela queria encontrar um amor, alguém que lhe tirasse dali e desse a família que estava sonhando. Mas a sua vida não lhe dava esse prazer.

Sua fama correu longe, e isso fez os homens não a quererem para amar. Em seus pensamentos, ela só era um pedaço de carne que desejava mais um pedaço de carne entre suas pernas. No pensamento dela, aqueles homens eram pobres cuzões que só servia para lhe dar dinheiro em troca de um rebolado.

Cada um dava o que o outro queria, mas não dava o que realmente precisavam.

Naquela noite a casa estava cheia. Ela e as outras meninas adentraram a madrugada, até quase amanhecer. Faturaram alto e isso lhe animou um pouco. Arrumou-se como de costume e saiu a pé para a sua casa.

Em uma curva, quase chegando ao seu quarteirão, um homem apareceu, não falou nada, simplesmente lhe deu um tiro na cabeça e foi andando tão tranquilamente como quando surgiu da escuridão.

Seu corpo, minutos antes sendo desejado por tantos homens, agora estava atirado no chão, sem vida, banhando a calçada com o sangue do que havia sobrado de seu crânio.

A manchete dos jornais daquele dia dizia que uma prostituta havia sido morta. Seu nome continuou famoso e deturbado, mas sua alma havia encontrado a paz.

FIM

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Contratos quebrados.

Absorto, ele fixava sua visão no teto enquanto sentia os delicados dedos dela tateando seu tórax, deleitando-se com os resquícios de prazer ...