terça-feira, 27 de outubro de 2015

Transeunte Solitário

A vida me encontrou quando nem eu mesmo sabia exatamente onde me achar. Perdia-me no labirinto do meu ser e afogava-me nos meus profundos pensamentos. Sem destino traçado ou meta a se cumprir, acabei deixando-me levar pela ventania da solidão e, quando dei por mim, já não mais estava em mim. Perdi-me por ai.

Olhei pelo caminho percorrido e não quis voltar para me procurar. Deixei-me largado, onde quer que eu estivesse, crendo que alguém mais digno me encontraria. Alguém que pudesse cuidar de mim melhor do que eu mesmo.

Não sei por quanto tempo rodei pelas tortuosas estradas, sozinho de mim. Um transeunte solitário na megalópole da solidão. Vagando como um homem sem alma, em busca de algo que já nem sabia mais o que era. Na verdade, nem sabia mais quem era.

Até que um dia cruzei com um comercio de beira de estrada, onde encontrei a venda algo familiar. Não sabia exatamente o que era, então resolvi entrar para conferir. Uma moça me atendeu, mas nem quis saber dela, a curiosidade sobre a coisa a venda era maior.

Ela não sabia o que era, mas sabia que era de usar. Tinha achado na estrada e, como estava barato,  resolvi comprar. Quando usei me reconheci. Descobri que era eu que estava a venda naquele comercio no meio do nada.

Quando me encontrei, enfim, as duvidas foram respondidas. Quando me comprei e me usei percebi a verdadeira razão de tudo aquilo. Ela se fascinou comigo e a coisa que estava usando, e acabamos nos apaixonando.

Desde então moro com ela, no meio do mundo, procurando almas perdidas pelas estradas da vida para devolver aos donos que se procuram. Tentando acabar com a angústia de seres sem alma que sofrem, vagando na vida.

A vida me encontrou, e um dia encontrará você.

domingo, 4 de outubro de 2015

Crónicas do Renan - Doido, caralho

Você alguma vez na sua vida já foi um "doido, caralho"? Não?! Eu já. Perdi a conta de quantas  vezes o meu nome, dado com tanto carinho por minha mãe e pelas madres do hospital, foi trocado por "doido, caralho". E sempre foi no maravilhoso transito de Breves.

Aqui no nosso município este apelido carinhoso é dado para aquelas pessoas que, por alguma insanidade, resolvem obedecer as leis do transito. Porque, todo mundo sabe, o normal aqui é ser "vida loKa"; com K maiúsculo e tudo.

Certa vez estava em uma rua, e tinha que fazer o retorno. Parei no neio fio, esperei a rua ficar sem veículos transitando, joguei o pisca e fui dando a volta. Surgiu um sujeito, talvez teletransportado do inferno, em alta velocidade. Tive que acelerar a moto para não causar um acidente. O fulano passou por mim, com a cara linda e dizendo "Tá doido, caralho?"

Em uma situação em que fui testemunha. Parei em uma esquina e vi um casal de moto vindo na rua a esquerda, anunciando com o pisca que iria dobrar pro meu lado. Surgiu um sujeito do mesmo buraco de minhoca freiando bruscamente e chamando-os de "doidos, caralho".

Ser "doido, caralho" é ser um motorista obediente as leis do transito nas ruas caóticas em uma cidade abandonada na ilha do Marajó.

Ser "doido, caralho" é saber que se deve dirigir com cuidado, pois as pessoas normais fazem das ruas asfaltada, e agora sem lombadas, seus parques de diversão.

Até quando serei "doido, caralho" eu não sei. Mas espero poder viver dezenas de anos, até ser morto por um derrame ou ataque cardíaco, em vez de ser mais uma vítima comum deste belo transito que nossa cidade produz.

E você ai que leu e não vai compartilhar, só te faço uma pergunta: tá doido, caralho?!

Contratos quebrados.

Absorto, ele fixava sua visão no teto enquanto sentia os delicados dedos dela tateando seu tórax, deleitando-se com os resquícios de prazer ...