sexta-feira, 9 de junho de 2017

Querer

Queria poder voltar ao passado, somente por um dia. Apenas por mais um dia queria voltar a ter você em minha vida. Ver de novo o seu olhar, sentir o calor da sua pele, saborear novamente o gosto da sua boca. Queria que o universo infindável de possibilidades me acordasse de novo ao seu lado, como tantas vezes o fizemos. Queria ver o sol nascer pela janela ouvindo a sua leve respiração de mulher adormecida. Queria poder me livrar por um dia dessa dor de ter lhe perdido e resgatar aquela loucura apaixonante que tínhamos um pelo outro. Queria poder sair com você sentido sua mão delicada protegida pela minha, enquanto todos olhavam para nós sentindo inveja do nosso amor. Queria poder viver tudo isso, por pelo menos mais um dia. Mas, infelizmente, acordo todos os dias e não é você que está do meu lado. É ela, e somente ela, que ainda ocupa o seu lugar na minha cama. Aquela que outrora era sua amiga e que, como uma criatura venenosa, destruiu minha razão. Ainda não sei os motivos que me fazem  a deixar circular por minha vida. Talvez seja pela grande necessidade que alguém ocupe o vazio que você deixou. Um vazio imenso e destruidor. Queria saber onde você está, o que anda fazendo, se está tomando os seus remédios certo. Você sempre se esquecia dos horários e das dosagens. Mas, são problemas que nunca mais vou poder resolver, porque um dia eu fui fraco e acabei caindo nas armadilhas de outra mulher. E vou ter que levar esse sofrimento até o fim.

quinta-feira, 1 de junho de 2017

Breves: O Caos na Segurança e o Desejo Homicida da População

Existe texto neutro? Acreditamos que não. O escritor é um ser em eterna formação e, mais que isso, um ser formador de opinião. Além do mais o ser humano possui uma necessidade incontrolável de formar o outro, transformar o outro naquilo que achamos melhor para a sociedade. Nos obrigamos a tentar convencer as pessoas de que nossas crenças e opiniões são as que melhor se aproximam da verdade.

Porem, mesmo que tenhamos essa necessidade, nem sempre estamos certos. E para sabermos disso, evoluirmos nossa opinião, é preciso, basicamente, de três qualidades: saber respeitar, saber ouvir e possuir autocrítica. Com essas habilidades o individuo vai conseguir ouvir a opinião alheia , compara-la com a sua e, se ver que está errado, aceitar e mudar sua opinião.

Mudar não é pecado e nem vergonha. Afinal, a natureza do homem e mudar-se e mudar o ambiente, e foi assim que chegamos enquanto espécie evoluída até os dias de hoje. Mas, o que vemos hoje em dia é uma terrível mudança nisso. Cada vez mais vemos sujeitos se agarrando em suas opiniões e se fechando nelas, negando qualquer outra premissa que porventura possa ir de encontro com a sua.

Foi preciso iniciar esse texto com essas colocações para poder explanar de uma forma mais segura, e livre da necessidade da neutralidade devido ao receio inicial das ofensas que sofremos ao divulgarmos nossa opinião, para podermos discutir um pouco sobre uma das consequências do aumento da criminalidade: o desejo de vingança.

A grande massa da população brevense é cristã, e como tal adota a ideologia do amor ao próximo e do respeito a vida acima de tudo. Mas, o que vimos no decorrer das ultimas semanas, foi uma sede insaciável da população “de bem” pelo sangue dos criminosos que tiraram a vida de cidadãos por itens supérfluos.

Em conflito com uma guarnição um desses latrocinas foi alvejado e morto, e ao saberem da noticia muitos brevenses comemoram. Houve até quem soltasse fogos de artificio em comemoração a ação da policia (ou seria pela morte do sujeito?). O fato é que tanto nas ruas, quanto nas redes sociais, a população em geral celebrou o fim de uma vida.

Porem, houve um pequeno grupo que se revoltou com a atitude dessa parte da sociedade pregando os conceitos cristãos e os direitos que tal criminoso possuía. E, a partir dai, acabou surgindo pequenas discussões aqui e ali desses dois grupos.

Afinal, esse animo da sociedade é certa ou errada? Se é certa, não sabemos, mas é compreensível. Antes de ser um ser sociável, um ser que vive em grupo, um ser religioso, somos animais. Querendo, ou não, possuímos instintos primitivos, cravados no sistema límbico, que são ativados quando estamos acuados. E como a população brevense estava se sentindo nestes últimos dias?

Bertolt Brecht, na sua genialidade, disse que “Primeiro vem o estomago, depois vem a moral”. Ou seja, quando possuímos necessidades básicas primarias sendo negadas, acabamos tomando comportamento e atitudes que vão no sentido oposto ao que as leis e moral pregam. E a sociedade brevense viu seus direitos a liberdade e a vida sendo negados, chegando ao ponto de desejar a morte desses criminosos, mesmo sabendo que sua religião e a constituição pregam o contrário.

Imagine uma população com problemas de saúde, educação, saneamento básico e sem água de repente se vendo no meio de uma avalanche criminosa? Que atitudes você acha que esse povo iria tomar para com estes homens que estavam tirando a vida de outros?

O caos está lançado, e com ele as consequências na mente de uma geração que está se formando. A única forma que vemos para que possamos retornar aos preceitos religiosos de amor e paz é que as instituições realmente funcionem. Enquanto a população se sentir abandonada e a mercê da sorte, veremos cada vez mais pessoas adotando esse desejo homicida para promover a sobrevivência daqueles que conseguem se manter dentro dos padrões da lei.

Para onde iremos?

Contratos quebrados.

Absorto, ele fixava sua visão no teto enquanto sentia os delicados dedos dela tateando seu tórax, deleitando-se com os resquícios de prazer ...