Os ventos do sudeste chegavam timidamente até as copas das árvores, balançando seus galhos, fazendo as folhas amarelas caírem bailando no ar até repousar no chão da mata. Roney sempre desejou sair com seu pai para caçar, e finalmente este dia havia chegado.
- Agora que têm oito anos, já está na hora de aprender as artes da caça. – disse o velho homem ao seu filho, enquanto vasculhava o chão. – Caçar é uma tradição da família Guilhardy, ensinada de pai pra filho. De geração pra geração. – tirou umas folhas do chão e chamou Roney para mais perto. – Veja, essa é a pegada do animal que estamos procurando. Ele está indo para o norte. Venha!
Saíram correndo mata adentro. Roney quase não conseguiu acompanhar os passos do pai. Estava com um rifle modificado, para que ele pudesse usar. Um rifle comum teria uma potencia muito forte e ele não aguentaria.
Após alguns minutos, encontraram a caça descansando da fuga e tentando se localizar. Esconderam-se atrás de uma moita e observaram melhor os movimentos do animal.
- Agora é a sua chance filho. Mostre que seu treinamento valeu a pena. – disse o pai ao filho, vendo-o preparar o rifle. – Tente acertar na cabeça.
O garoto apoiou o pequeno rifle no ombro e mirou. A felicidade estava estampada no rosto do menino. Finalmente abateria o seu primeiro animal e veria o seu pai orgulhoso. Apertou o gatilho. A bala atravessou invisível pela floresta, atingindo folhas e galhos, e acertou em cheio o seu alvo.
A cabeça da caça foi perfurada, e o projétil atravessou-lhe. O sangue se espalhou, pintando de forma macabra a árvore atrás. O corpo da criatura caiu instantaneamente no chão, tendo espasmos.
Foram andando calmamente até o corpo falecido do animal. O silencio da floresta só era quebrado pelos risos daquela dupla.
- Que lindo trabalho, meu filho. Acertou de primeira. Estou orgulhoso. Tome. – entregou-lhe um facão – Sabe o que deve ser feito.
O garoto pegou o facão da mão de seu pai, e cortou a cabeça do animal. Este era o prêmio que os caçadores da família Guilhardy conquistavam a cada caça que abatiam. Empalhavam e penduravam em uma sala.
- Semana que vem sairemos para caçar de novo. E deixarei você escolher que animal irá abater.
Quando chegaram à fazenda, o pai do garoto pediu para ele deixar a cabeça no curral das caças, para que ele fosse mais tarde empalha-la. O garotinho entrou no grande curral. Várias vozes gritavam de dor e desespero. Pediam comida, água, liberdade, piedade.
Roney jogou a cabeça em cima de uma mesa, e voltou sorridente, olhando para os homens e mulheres presos em celas, acorrentados. Parou em frente a uma cela onde estava uma mulher grávida.
- Papai disse que semana que vêm poderei escolher a caça que eu quiser. E adivinha quem vai ser? – apontou para a mulher. – Você.
E saiu rindo, indo em direção ao almoço em comemoração ao dia dos pais.
FIM
Cruz credo até!!!
ResponderExcluirCara, to gostando ainda mais dos teus textos de terror! Estão ultrapassando os zumbis, que geralmente escrevia.
Parabéns.