terça-feira, 13 de julho de 2021

Contos de um reino distante #1

Sento na taverna e ouço homens vociferando ladainhas psicóticas de uma alucinação esclerosada e maldosa. Nosso rei ocupa um trono de ossos e vísceras, enquanto prega ideias delirantes. Seus alienados aliados enfrentam um inimigo ilusório e os súditos paupérrimos vão sendo extintos pela praga, que leva cada dia mais e mais. Nem a mais fermentada cerveja faz tudo isso descer. Há uma nuvem turva vindo do castelo, com gritos de dor e medo. Alguns sussurram que o carrasco está afiando seu machado para decapitar os opositores do rei, o que faz alguns temerem o futuro e outros vibrarem com o presente. O reino treme e sangra. O reino chora. O reino enraivece-se.  E eu sento na taverna, a observar esse sistema querendo colapsar.

Novas ilusões

Dizem que a dor do amor destruído tem remédio, e podemos encontrar na vida noturna. Mas que remédios poderíamos comprar nas longas noites insólitas e solitárias? E onde encontraríamos? Talvez em uma lanchonete, num bar, num motel ou quem sabe na sarjeta. Talvez a cura, nem que seja momentânea, pode estar nos braços de um desconhecido, num copo de cerveja, num baseado. Sexo, álcool e rock doido talvez seja a receita certa, desprovida de bom senso, que pode nos levar a loucura do esquecimento. Quero esquecer esse deprimente amor que me iludiu com novas ilusões, afinal, que de real encontramos nessa vida de máscaras infames e poetas tristes? Quero soterrar esses sentimentos contusos com quilos de comidas gordurosas e litros de álcool barato. Quero virar um anônimo prosaico, esquecido por mim, para que toda a história se desfaça como a fumaça de um cigarro e deixe de ser cancerígeno na minha alma. E dane-se quem discorda e procura na clareza do sol ardente as respostas para suas angustias. Sei que o oculto se encontra na escuridão, e é na noite que a escuridão se desnuda. Se o remédio está lá, eu não sei, mas irei mergulhar e lapidar essa loucura. Pode ser que não me cure, mas, pelo menos, terei uma história para contar quando as sarjetas se inundarem com a hipocrisia de vocês e o fim do mundo chegar pra destruir toda essa merda.

Contratos quebrados.

Absorto, ele fixava sua visão no teto enquanto sentia os delicados dedos dela tateando seu tórax, deleitando-se com os resquícios de prazer ...