quarta-feira, 15 de maio de 2019

Beijo-de-moça

Estava longe do centro da cidade, sentado no degrau de uma escada enquanto pessoas confraternizavam no andar de cima. Era para eu estar lá, mas não conseguir aguentar tudo aquilo por muito tempo. Bebida alcoólica, música ruim, assuntos que não me interessavam e pessoas que não tenho nenhuma intimidade. Mas eram amigos da minha namorada, então fiz esse esforço, mas chegou o momento que não deu mais.

Uma em especial falava pra caralho, desde a hora que cheguei até o momento que sai não percebi ela ficar um minuto sequer sem falar. Aquilo me irritou. Devo ser um grande pé no saco, esquisito por não saber socializar, mas tudo aquilo me deixou no limite. Desci, comprei um refrigerante e alguns beijo-de-moça e sentei no degrau da escada. Observei as pessoas, tarde da noite, transitando por aquela rua, o sinal claro de ausência do Estado em cada canto, a matilha de cachorros abandonados.

Lá em cima pessoas começavam a ser apresentar, dizendo seus nomes e os famosos “eu sou isso”, “eu sou aquilo”, enquanto eu bebia e comia e alimentava uma cadela com seu filhinho que pediam comida com aqueles olhos tristes. Fome dói.

Ainda bem que sai antes da apresentação, nunca fui bom com isso. Dizer o nome até que é normal, mas nunca entendi o desejo das pessoas de expressarem sua formação, seu conhecimento, suas façanhas, como se estivessem disputando conquistas intelectuais e empíricas.

Enquanto ouvia as pessoas narrando seus currículos, olhava para os olhos daqueles animais, comendo o beijo-de-moça, olhos tristes e ossos a vista, os moradores passando na rua com seus sonhos e seus medos. Enquanto as pessoas falavam suas façanhas, eu percebia que o mundo ao redor jogava na nossa cara que nada do que fizemos tem um sentido real. Um mundo decante rodeava esse grupo, mostrando que, no fundo, todo aquele nariz empinado não servia pra nada, que aquela comemoração, aquelas bebidas e músicas, não fazia sentido algum.

E a tristeza se alimentou da minha alma quando percebi que eu também faço parte desse grupo, e se aprofundou quando percebi que não importa a gente estude, trabalhe, pesquise, brigue e proteste. Sempre haverá cães famintos e pessoas abandonadas por essa sociedade de merda em que vivemos.

segunda-feira, 13 de maio de 2019

Sou todo errado


Você me ama ou ama a ideia que criou de uma relação perfeita ao meu lado? Sabe que isso nunca irá acontecer, pois eu sou todo errado. Já te fiz sofrer tantas e tantas vezes que acabei perdendo a conta, e talvez seu coração calejado de tanta dor e sofrimento já nem lhe permita perceber que ficar ao meu lado continua sendo uma péssima ideia. O pior é que sou burro, ou muito narcisista e egoísta, pois permito que a nossa relação continue desse jeito. A felicidade de estar ao seu lado, mesmo não merecendo, não me permite aceitar que, no fundo, eu sei que irei te magoar novamente. E o que devo fazer quando isso acontecer? Como aguentar ver suas lagrimas encharcando o chão sabendo que o motivo é a minha imperfeição? Sou todo errado e minha sina é viver solitário, mas você insiste em me mostrar uma vida com você, e acabo me iludindo. Estou perdido nesse dilema e indecisão. O presente é delicioso mas o futuro é assustador, pois nada mais é do que a repetição dos erros do passado. E esses erros não tem como evita-los.

domingo, 12 de maio de 2019

Você já teve medo?

“Ultimamente tenho pensado com mais frequência em me enforcar. Não é um desejo profundo, minha vontade de adquirir conhecimento e descobrir o futuro do mundo ainda é mais forte do que desistir de tudo, mas pensar sobre está se tornando cada vez mais corriqueiro, e isso me assusta. Você já teve esse medo consciente de adquirir depressão? Você sabe o que é e o que deve fazer para evita-lo, mas ele está cada vez mais próximo, afincando suas garras em sua mente e lutando para tomar o controle. Você sorri, se diverte, brinca, confraterniza, mas no fundo você sabe que tem um pequeno monstro se alimentando das suas falhas, dos seus erros e da hipocrisia e falsidade dos que te circundam. Cada vez mais você percebe que a felicidade dos otimistas é baseada em uma ilusão, e que o mundo desnudo te faz delirar de desespero e a falta de perspectiva te mostra que nada faz sentido. O mundo foi criado pra você ter a falsa sensação de importância, mas no fim ninguém se importa de verdade. É tudo um mero teatro de conveniência e de convenções sociais. O mundo se nutre de tristeza e dor, e não é em vão que os produtos que mais dão lucro são aqueles que fornecem endorfina. Em cada esquina você encontra um bar, uma lanchonete e uma igreja pra você se livrar do peso das suas irresponsabilidades. E o problema real de toda essa merda nunca é resolvido. O pensamento cotidiano do desejo pelo fim é insistente, mas ainda bem que sou teimoso. E aqueles que não são?”

quarta-feira, 1 de maio de 2019

Lucas e a gostosa da faculdade


Lucas estava animado. Semanas dando em cima daquela diva e, finalmente, iria conseguir arrastar ela pro motel. Alguns amigos o aconselharam para se afastar, mas ele não deu ouvidos, até cortou as relações com alguns. Os que ficaram não quiseram mais saber, avisando-o de que ele iria se arrepender.

“Inveja”, ele pensou, “Estão todos com inveja”. Estava saindo com uma das meninas mais gostosas da faculdade e com certeza eles queriam que Lucas se afastasse para eles terem uma chance. Mas, como o bom guerreiro que era, Lucas não desistiu... ele insistiu. E o grande dia, aliás, a grande noite havia chegado.

Depois de irem em um dos restaurantes mais chiques e, é claro, mais caros da cidade, Lucas levou-a para o motel. Nossa, o quarto era sensacional. Luzes piscantes, hidromassagem, polidance, e umas outras porras que ele nem sabia pra que servia. Abriu o champanhe que estava no gelo, colocou em uma taça e serviu para a sua dama.

Após beberem mais um pouco e falarem trivialidades, ela resolveu fazer uma dança para ele. Era tudo que Lucas queria, um strip-tease daquela gostosa. Ela sabia muito bem balancear a safadeza com a sensualidade. Peça por peça ela foi tirando, adornando o chão com sua roupa até que, enfim, ela tirou a calcinha.

Lucas já estava de pau duro, latejando embaixo da sua bermuda. Ela estava de costa, rebolando e mostrando a sua bunda fenomenal. Foi virando devagar, finalmente Lucas iria ver aquela xota linda que tanto sonhou.

- E então, gostou? – ela perguntou

Lucas estava paralisado, ficou branco, verde, vermelho, amarelo... Onde deveria ter uma buceta linda e rosada tinha uma enorme rola, mais do que o dobro do tamanho da dele. Ela pulou em cima dele, antes que ele tivesse qualquer atitude. Beijou-o com força enquanto ele sentia entre suas pernas a pica dela crescendo. Ele não conseguiu dizer nada, deixou-se levar para que tudo acabasse logo. Lucas, que estava tão animado, não esboçou nenhuma reação, nem quando ela o colocou de bruços, disse “Agora é minha vez”, deu uma cuspidela lá embaixo e enfiou com toda a sua força.

Uma hora depois, quando ela estava se vestindo, foi andando com as pernas abertas até o telefone e ligou para a recepção.

- Boa noite. – disse o atendente.
- A conta da suíte 11, por favor.
- Consumiu alguma coisa?
- Só a minha dignidade... e uma garrafa de champanhe.

Há boatos de que Lucas precisou fazer uma esfincteroplastia anal, mas isso nunca foi confirmado, ele nega até a morte.

Contratos quebrados.

Absorto, ele fixava sua visão no teto enquanto sentia os delicados dedos dela tateando seu tórax, deleitando-se com os resquícios de prazer ...