quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Desilusão Amorosa I

"De que adianta viver?
De que adianta respirar?
Se a única mulher que vale a pena
Me negou o direito de amar
Ela não me quis
Rejeitou o meu coração
Rejeitou o meu carinho
Deixou-me na solidão
Irei me enforcar
Em páginas de poemas
Irei me afogar
Em copos de cafeína
Passarei noites sem dormir
Suicidando minha autoestima
Poetisando essa agonia
Porque mesmo que não me queira
Ainda a amo de coração
E irei eternizar essa paixão
Em rimas de poesias"

Strip Fail

"Ela rebolava para mim
Movimentando seu corpo
Com toda a falta de experiência
Na arte da sedução
Olhar para aquele corpo despido
Tentando ser sensual
Era pior que beber café gelado
Chegava a passar mal
Mas estar dentro dela
Era uma delicia indescritível
Era um corpo belo
Muito bem produzido
Ainda não sabia fazer strip
E quando tentava era brochante
Mas gostava daquele sorriso feliz
Acreditando estar me excitando
Imaginar que logo mais
Ela estaria na minha frente
De quatro
Fazia eu suportar aquela tortura
E aguentar com o membro levantado
E todos ficam felizes
Eu por comer ela
E ela por acreditar
Ser foda no rebolado"

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Na Caçada com Papai

Os ventos do sudeste chegavam timidamente até as copas das árvores, balançando seus galhos, fazendo as folhas amarelas caírem bailando no ar até repousar no chão da mata. Roney sempre desejou sair com seu pai para caçar, e finalmente este dia havia chegado.

- Agora que têm oito anos, já está na hora de aprender as artes da caça. – disse o velho homem ao seu filho, enquanto vasculhava o chão. – Caçar é uma tradição da família Guilhardy, ensinada de pai pra filho. De geração pra geração. – tirou umas folhas do chão e chamou Roney para mais perto. – Veja, essa é a pegada do animal que estamos procurando. Ele está indo para o norte. Venha!

Saíram correndo mata adentro. Roney quase não conseguiu acompanhar os passos do pai. Estava com um rifle modificado, para que ele pudesse usar. Um rifle comum teria uma potencia muito forte e ele não aguentaria.

Após alguns minutos, encontraram a caça descansando da fuga e tentando se localizar. Esconderam-se atrás de uma moita e observaram melhor os movimentos do animal.

- Agora é a sua chance filho. Mostre que seu treinamento valeu a pena. – disse o pai ao filho, vendo-o preparar o rifle. – Tente acertar na cabeça.

O garoto apoiou o pequeno rifle no ombro e mirou. A felicidade estava estampada no rosto do menino. Finalmente abateria o seu primeiro animal e veria o seu pai orgulhoso. Apertou o gatilho. A bala atravessou invisível pela floresta, atingindo folhas e galhos, e acertou em cheio o seu alvo.

A cabeça da caça foi perfurada, e o projétil atravessou-lhe. O sangue se espalhou, pintando de forma macabra a árvore atrás. O corpo da criatura caiu instantaneamente no chão, tendo espasmos.

Foram andando calmamente até o corpo falecido do animal. O silencio da floresta só era quebrado pelos risos daquela dupla.

- Que lindo trabalho, meu filho. Acertou de primeira. Estou orgulhoso. Tome. – entregou-lhe um facão – Sabe o que deve ser feito.

O garoto pegou o facão da mão de seu pai, e cortou a cabeça do animal. Este era o prêmio que os caçadores da família Guilhardy conquistavam a cada caça que abatiam. Empalhavam e penduravam em uma sala.

- Semana que vem sairemos para caçar de novo. E deixarei você escolher que animal irá abater.

Quando chegaram à fazenda, o pai do garoto pediu para ele deixar a cabeça no curral das caças, para que ele fosse mais tarde empalha-la. O garotinho entrou no grande curral. Várias vozes gritavam de dor e desespero. Pediam comida, água, liberdade, piedade.

Roney jogou a cabeça em cima de uma mesa, e voltou sorridente, olhando para os homens e mulheres presos em celas, acorrentados. Parou em frente a uma cela onde estava uma mulher grávida.

- Papai disse que semana que vêm poderei escolher a caça que eu quiser. E adivinha quem vai ser? – apontou para a mulher. – Você.

E saiu rindo, indo em direção ao almoço em comemoração ao dia dos pais.

FIM

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

O Devorador de Vísceras

Um recanto verde encrostado nos seios dos concretos de uma cidade grande. Suas belezas naturais, diante da textura monocromática da vida urbana, é o que faz a Praça Sérgio Farias ser atraente. Não é a toa que em seus dias de glória, quase sempre aos fins de semana, suas calçadas e gramas ficam encharcadas de seres humanos. Cada um com seus anseios momentâneos, querendo fugir da realidade caótica que cada mente e coração enfrentam longe de seus verdes angelicais. É um paraíso para as famílias e namorados.

Mas o que é um espaço familiar diurno, a noite se transforma em um terreno hostil. Seu verde, abraçado pela escuridão da noite e os poucos raios de luzes de postes, são engolidos por criaturas atormentadas por seus vícios e loucuras. Palco de prostituição a céu aberto e uso de drogas, sem ninguém que ouse interromper este massacre. É um suicídio coletivo, aceito pelas autoridades.

Há dois dias, este belo espaço desgraçado, acabou sendo cenário de algo mais macabro. Um grupo de jovens, indo para a escola, atravessou o parque e encontraram o corpo de uma criança de dez anos jogada no chão. Seu abdômen estava aberto, convidando as vis criaturas para descerem e devorarem seu corpo em estado de decomposição.

Mais uma vítima do macabro Devorador de Vísceras. Um serial killer que estava aterrorizando a cidade, matando pessoas e arrancando seus órgãos. Porem, mesmo pelo nome cruel que a mídia havia lhe dado, não se sabia se ele consumia os órgãos que retirava de suas vítimas. O mais provável, para as autoridades, era que as retirava para o tráfico de órgãos.

O policial Silva estava na investigação deste caso havia nove meses, e não havia uma pista quente que pudesse levar ao assassino. Não havia um perfil de vitimas. Às vezes homens, outras mulheres, crianças, idosos, tanto faz. Já havia sido dezesseis mortes ao todo, em todo canto da cidade. Parques, becos, ruas, praças, casas. Não existia lugar. Não havia hora. A qualquer momento, em qualquer lugar, alguém poderia aparecer estripado em uma sarjeta.

A única coisa em comum entre as vitimas, eram que tinham câncer. Algumas sabiam e faziam tratamento, outras desconheciam a doença. Mas os órgãos doentes nunca eram retirados.

Desde que começou o caso, o churrasco, que tanto amava, já não mais descia em sua garganta. Ele acreditava fielmente de que aquilo era pra trafego de drogas, mas aquele nome fez sua imaginação voar até as profundezas de seu inferno, fazendo-o imaginar as mais terríveis coisas com os órgãos que eram retirados daquelas pobres criaturas.

“Quem está comprando estes órgãos?” pensava. “Se não consigo achar o assassino, tenho que achar o comprador.”. Levou um bocado de alface e tomate até a boca, acompanhado de um gole de vinho, enquanto refletia sobre as novas ações que iria tomar e assistia ao noticiário da tv, falando da incapacidade da policia de achar o Devorador de Vísceras.

- Idiotas. – falou para si.

- E enquanto vivemos esse cenário caótico, pessoas boas estão tentando mudar a sociedade para melhor. A repórter Tamara Lopes nos traz uma reportagem sensacional, Sobre um homem que está alimentando os moradores de ruas. – disse a âncora.

- Há nove meses, surgiu um homem misterioso que começou a servir alimentos para os moradores de rua. Ninguém sabe quem é, como diz um dos homens que já foi servido por ele. – disse a repórter.

- O cara chega aqui, às vezes com sopa, às vezes com marmitas, e distribui pra todo mundo. Ele nunca falou o nome, e quase não vemos o rosto dele. Se está vendo a reportagem, gostaria de lhe agradecer, senhor. – disse um dos moradores de rua.

- E o que ele dá? – perguntou a repórter.

- Sopa, caldo de carne. Até churrasco já veio. Ele vem num furgão, cheio de comida, e distribui.

- Diante da maldade que estamos vivenciando na cidade, é bom vermos atitudes generosas como essas. Homens que alimentam outros, sem se importar com autopromoção...

A repórter continuou a fazer o seu discurso, mas a mente de Silva lhe jogou para aquele inferno imaginário. Levantou-se da mesa e saiu rapidamente.

A noite chegou e Silva estava disfarçado de mendigo em uma das ruas onde o misterioso homem saia para distribuir. A noite avançou e finalmente o furgão chegou. Um homem alto, forte, com um capuz que cobria o rosto, saiu. E logo começou a distribuir uma marmita.

Silva olhou dentro e viu que era escondidinho de carne. Perguntou a um dos mendigos o que achou. “Meio dura”, respondeu.

O furgão saiu e Silva correu até seu carro, colocou a marmita no banco de carona, e seguiu-o. Depois de tanto rodarem pela cidade, o homem estranho chegou até a sua casa. Estava localizado em um bairro nobre da cidade. O homem parou até uma casa, murada, cheia de câmeras, e adornada de rosas brancas e vermelhas.

Mandou uma mensagem para um de seus parceiros, pedindo informação do homem que morava naquele endereço. Logo veio a mensagem, dizendo que era Aroldo Maranhão Gonçalez, um dos homens mais ricos da cidade. Resolveu ficar lá até amanhecer.

O sol mal aparecia por trás das casas de luxo, quando um caminhão de um frigorifico chegou até a casa de Gonçalez. Ao ver aquilo, se sentiu um idiota. Ligou o carro e foi para o departamento de policia.

A marmita voou por alguns microssegundos até cair no balcão do químico. Ele olhou aquilo, curioso.

- Não estou com fome, Silva. – disse, brincando.

- Descobri quem é o homem que está distribuindo comida para os mendigos.

- Acho que seu trabalho era descobrir quem é o Devorador de Vísceras.

- O nome dele é Gonçalez, um rico da região. Há algo estranho no ar. – ainda não aceitava o fato de um ricaço distribuir comida de graça pra mendigos, sem interesses pessoais. – Dá uma investigada pra mim nessa carne.

- Olha, Silva. Tenho outras coisas mais importantes pra fazer. – reclamou o químico.

- Você está me devendo essa.

- Eu sei, mas achei que iria me cobrar pedindo algo mais útil e importante. Não deve haver nada ai.

- Há nove meses estou atrás de um cara que está matando seres humanos pra vender seus órgãos por ai. Talvez nem seja só um, mas um grupo. Há nove meses caço esse cara e não avanço nas investigações. Estou me sentindo um inútil. Se ao menos tirar um ricaço que, talvez, esteja planejando envenenar moradores de ruas por algum preconceito idiota, eu quero fazer isso.

O químico olhou para Silva, sentindo a raiva, e resolveu ceder ao pedido. Silva saiu, sem agradecer, e foi para a sua casa. As ruas estavam menos movimentadas. Silva relacionou isso ao serial killer que estava solto. “Vou pegar esse cara”, pensou, “Eu prometo a todos vocês.”.

Passou o dia inteiro de folga, em sua casa, bebendo e vendo tv. Mas seus pensamentos estavam em cada vitima que encontraram durante esses nove meses. A mais cruel que viu foi de uma gestante, esquartejada, com o braço de seu bebê saindo por um dos cortes do ventre.

Pensou também em como foi idiota de deixar a sua imaginação o levar a crê que aquele homem estava distribuindo carne humana para os mendigos. Isso era crueldade demais e sem logica. Mas, pensou, não era o seu trabalho pensar em coisas cruéis?

A noite caiu sem ser anunciada, e Silva sentiu o peso da cerveja em sua cabeça. Resolveu ir dormir. Teve um sono inquieto, angustiante, como se seu corpo estivesse querendo lhe avisar de algo. Seu celular tocou, e rapidamente levantou. Ao atender, demorou para identificar a voz e o que dizia apressadamente.

- Fale devagar. – disse Silva ao químico, reconhecendo a voz. – Não estou entendendo.

Seus olhos foram abrindo ao ouvir cada palavra que lhe era dita. A sonolência ia se dissipando ao ir percebendo a gravidade daquilo que lhe era informado. Nem desligou o celular, colocou no bolso, vestiu uma camisa e se dirigiu a porta.

Quando pegou a chave em uma mesinha, ouviu um pequeno barulho atrás de si, e ao virar, a escuridão da sala se tornou mais negra quando algo lhe atingiu com força entre os olhos. Seu corpo amoleceu e a consciência se despediu de sua alma. Caiu em seu próprio chão, desmaiado.

Acordou com fortes dores no local da porrada, e um aperto em seus pulsos. Ouviu barulhos de correntes e sentiu um vazio embaixo de seus pés. Não demorou a perceber que estava em uma sala, escura, pendurado pelos braços por correntes.

A luz se acendeu, queimando seus olhos. Tentou abri-los e viu figuras negras surgindo de uma porta. Quatro, talvez cinco. Quando seus olhos se adaptaram a claridade, viu que se tratava de homens. E um deles era conhecido dele.

- Gonçalez. – gemeu Silva.

- Boa tarde, policial. – disse o homem rico. – Que bom que finalmente acordou. Agora pode se juntar a reunião.

Gonçalez era realmente alto e forte, e tinha os cabelos raspados, assim como os outros quatro que vieram com eles. Todos estavam sem camisa, com calças beges bem largas. Em seus corpos, adornavam ferimentos recém abertos, que escorriam sangue e formava desenhos desconhecidos por Silva.

- Nunca imaginei que chegaria tão longe. – confessou Gonçalez, pegando uma navalha de uma mesa.

- Quem são vocês? Por que fazem isso? – tentou interroga-los.

- Acredita mesmo que vamos falar de nossa seita para um prato de comida? – disse um dos homens, tirando risos dos outros.

“É carne humana” disse o químico ao telefone. “Há carne humana naquela marmita que me deste, e pertence há um homem desaparecido chamado Lucas Monteiro, procurado há quatro semanas pelo departamento de pessoas desaparecidas.”, lembrou Silva.

- Irão me procurar. – ameaçou Silva. – A policia já sabe das marmitas com carne humana que vocês distribuem para os mendigos. Vocês não irão escapar.

Gonçalez riu, se aproximando lentamente de Silva, que tentava, inutilmente, escapar das correntes.

- Sabemos que a policia irá vim atrás da gente. – sorriu. – Por isso iremos nos mudar pra outro país. Mas antes disso. – chegou perto do rosto do policial. – Iremos fazer nossa ultima ação social com os pobres moradores de rua dessa cidade.

Silva tentou responder, mas a navalha passou levemente por sua garganta, abrindo um grande sorriso mortal, e fazendo suas palavras banharem-se em sangue. Afogou-se no próprio sangue, e torturou-se, antes da vida se esvair, por não ter cumprido com a sua promessa.

FIM

domingo, 2 de agosto de 2015

Contratos quebrados.

Absorto, ele fixava sua visão no teto enquanto sentia os delicados dedos dela tateando seu tórax, deleitando-se com os resquícios de prazer ...