terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Charonildo

Era mais um dia comum, na verdade, era mais uma noite comum. Não, espera, minto. Não era uma noite tão comum assim, afinal, não são todos os dias (ou seria noites?) que Charonildo se reunia, em confraternização, com os seus amigos.
Charonildo não queria muito estar ali, mas não tinha nada melhor pra fazer. Então, resolveu deixar seu pijama de lado, as barras de chocolate, o balde de pipoca, os restos da pizza da noite anterior e o “super mega hiper” jogo do ano (no vídeo game já meio gasto), e foi encarar essa socialização auto imposta.
Tantos conhecidos, um bocado de desconhecidos. Seria só mais uma confraternização, como qualquer outra, onde homens e mulheres conversavam sobre assuntos diversos, jogando restos de comida pelo ar com a boca, e gastando refrigerante (ou cerveja, ou vinho) pelo nariz, depois de ouvir aquela “super sensacional nova piada” de um cara que quer ser o mais humorado da mesa. Tudo isso, enquanto o garçom se descabela tentando atender aos caprichos individuais de cada um.
Rostos alegres, pensativos, observadores. Cada um vivendo aquele momento único, que provavelmente se repetiria na singularidade algumas vezes durante o ano seguinte. Ora ou outra Charonildo se perguntava se já não era hora de ir embora. Aquela fase “super difícil” do game o aguardava. Mas algo ainda o mantinha ali, ouvindo aquelas pessoas e comendo aquela comida (preferia o da mãe dele).
Foi quando ela surgiu, dentre tantos estranhos, tantos risos e sorrisos, o dela se diferenciou. Foi como se toda aquela gente, aquele burburinho de vozes querendo atenção, e aquela musica ruim, desaparecesse em um limbo desconhecido. Charonildo só a via, só a ouvia. Mais nada, mais ninguém, somente aquele acelerar do coração e aquela visão deslumbrante de uma ninfa urbana.
Esqueceu-se de toda aquela “gordice” que o esperava, e aquele jogo não tão bom assim. Pelo visto a noite seria mais longa do que planejará. Que maravilha! O destino apronta tantas, mas, de vez em quando, ela sorri. E são nessas horas que a resposta do “por que estou aqui?” vem à tona, balançando o coração.
Vamos deixar o Charonildo em paz, conquistando a sua amada. Quem sabe o resultado não venha a ser outra historia, que contarei com prazer.

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