Os últimos dias do ano vêm surgindo timidamente agarrando-se ao frio do inverno amazônico e trazendo a tona vários questionamentos da mente. E por mais que foquemos nas festas que surgem, nas confraternizações e trocas de presentes, não conseguimos afastar as duvidas que se alastram com o anuncio de mais um ano que nascerá.
Por mais que quisesse animar a todos enganando-os com falsas promessas de um Ano Novo que pode ou não suprir todas as nossas necessidades e desejos, tenho que alertar quanto ao meu desconhecimento sobre o futuro que nos aguarda. São perguntas sem respostas que somente a continuidade da vida e o tempo poderão responder.
O ano está findando e continuamos a ser afetados pelos mesmos problemas graves que tivemos durante este movimentado período histórico que se passou. Ouço as histórias dos mais poderosos heróis e guerreiros que lutavam por honra e gloria. Escuto histórias de civilizações que batalhavam em defesa da nação e da família. Continuamos lutando, produzindo guerreiros, mas que batalham somente em nome da sobrevivência neste mundo caótico.
Nossos corações teimam em se prender ao passado, nas dores e sonhos não realizados, em momentos felizes que não mais voltarão a ser vivenciados. Nossas mentes encarceram-se nas duvidas do futuro indagando-se sobre o horizonte nada desnudo, que se apresenta na imensidão dos olhos desejosos de um futuro mais digno. E nossos pés paralisam-se no presente, descontentes, sem saber que rumo tomar.
O clima natalino infecta a mente das pessoas com a falsa sensação de amor e carinho, enganando a todos sobre o futuro obscuro que nos aguarda. Se pelo menos tivéssemos a certeza que este sentimento exercido no dia 24 de dezembro superasse a barreira do tempo e sobrevivesse o ano inteiro, poderíamos intensificar nossas esperanças de uma melhora gradativa na realidade em que estamos inseridos. Porém, não temos essa certeza, que se mistura a tantas outras incertezas deixando todos a deriva neste mundo desgovernado. Se pelo menos nosso pensamento não fosse ultrapassado, trancafiado em hipérboles amarguradas de premissas inacabadas e baseadas na desumanização há muito tempo anunciada, poderíamos alimentar esperanças.
Que estes segundos de reflexão sem promessas e desejos e recheado de lamentos de um escritor sem jeito, produza um olhar mais analítico sobre os acontecimentos que se foram, nos ensinando sobre a vida.
Que nos faça perceber que o que é pra ser vivido não são as lembranças ou planejamentos, mas aqueles minutos em que se está naquele momento em que o futuro é uma incógnita aguardada.
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