sábado, 27 de agosto de 2016

Faíscas do Passado

Havia uma centelha de lembrança em sua cabeça. Uma singela faísca do passado que ele não conseguia apagar. Viemos á este mundo destinados a grandes criações, mas fadados a sucumbir diante das pequenas coisas. Adoecemos graças a pequeníssimas criaturas, e enlouquecemos devido a pequenas lembranças. E ele estava perdendo a sanidade por causa dela. Ela não existia mais. Pelo menos não na sua vida.  Ela estava em algum lugar, respirando algum ar, rindo de alguma piada e comendo alguma comida. Estava acompanhada dos amigos, talvez até de alguém que esteja apaixonado. Alguém que a esteja amando, da mesma forma que ele a amou. Este pequeno sentimento ainda se agarra no peito dele, cravando suas unhas, gritando, lutando para manter sua existência. Dói. Tentar arrancar esta criatura, chamada Amor, dói. Mas ele luta pela sobrevivência. Ele persiste em continuar vivendo, sem tê-la ao seu lado. Um mero corpo vazio de futuro, expirando um ar de desesperança, encharcado de lembranças desse amor que nunca mais voltou.

terça-feira, 2 de agosto de 2016

Um Mundo no Homem

Ele estava sentado no banco da praça, olhando as pessoas se divertindo. Sua mão percorreu o cimento do assento, imaginando todas as bundas que ali já haviam passado. Olhou para aquelas pessoas e pensou no quanto elas eram felizardas por estarem ali, livres e felizes. Nem que fosse uma felicidade momentânea, naquele instante, mas estavam felizes. Pensou no mundo, em seu tamanho colossal, e nos milhares de almas respirando naquele momento. Pensou nas mortes, nas guerras, nas tragédias, nas humilhações... Tudo acontecendo ao mesmo tempo, e aquelas pessoas brincando na praça. “Temos que seguir a vida, mesmo com tudo isso”, foi o que ele ouviu de conselho uma vez. Mas a alma daquele rapaz não conseguia abraçar esse egoísmo. Ele já não era um homem no mundo, mas um mundo no homem. Conseguia sentir cada dor, cada lagrima de tristeza lavando a terra. Não era algo que ele conseguia controlar, era uma força que ele desconhecia sua origem. Só sabia que estava ali, dentro do seu peito. Uma energia que lhe motivava a gritar. Ai ele lembrou que seu Playstation 4 lhe aguardava no seu quarto, levantou e foi embora. E as pessoas continuaram brincando, sem ouvirem os gritos de agonia de um planeta abandonado.

Contratos quebrados.

Absorto, ele fixava sua visão no teto enquanto sentia os delicados dedos dela tateando seu tórax, deleitando-se com os resquícios de prazer ...