domingo, 21 de fevereiro de 2016

E, enfim, desiste...

“Até um homem apaixonado pode desistir de amar. Mesmo que esse amor seja verdadeiro, único e intenso, chega um momento que diante de tantos “nãos” ele acaba desistindo. Soterram seu coração em uma avalanche de desprezo e dor, que acabam destruindo este sentimento sublime. E como pedir para um homem que só conheceu a dor do amor a amar novamente? Há mulheres mais cruéis que muitos homens por ai. Nadam na hipocrisia do discurso, pregando a crença de que procuram um amor verdadeiro, que lhe queiram bem. Mas, no fim, somente aceitam aqueles homens que possam lhe dar estabilidade financeira e status social. E aquele amor, para elas, torna-se descartável. Para vós, homens, que passaram por esse desprezo cruel, não se intimidem com o acaso do destino. Não trancafies este sentimento no calabouço de seu coração, acusando-o de seu sofrimento. A culpa é desse pensamento torpe de mulheres que cresceram desconhecendo o sabor doce do néctar de amar. E mulheres assim não merecem nem receber, entre suas pernas, nosso genes em forma de gozo”

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Na bad

“Nunca imaginei vê-la assim, tão abatida. Uma mulher que outrora transbordava felicidade e alegria, agora transitava em estradas angustiantes e depressivas. Um caminhar pausado, automático, sem energia. Era uma ave de belo canto, que teve seu cantarolar poético decepado pelos acasos cruéis da vida a dois. “O que vou fazer de minha vida agora?”, ela me perguntou.  Seu rosto salientava a pulsação dos pensamentos negativos e perdidos em sua mente. Que cena angustiante. Fugia-me o raciocínio a ver tão bela criatura sofrendo pelo abandono cruel de um homem que nunca a amou. “Ele me trocou por outra”, completava. E eu pensava nessas palavras... “Me trocou...” “Me trocou...” Ditas como se ela fosse um mero objeto, descartado por alguém por não mais lhe querer. Deixado de lado após o grande e intenso uso, para poder dar espaço para um novo modelo; mais “atraente”, “novo”, “da moda”. Que loucura toda é essa? O pior de tudo é ver, através de seu olhar, a plena certeza de que ela acredita de sido usada. E foi. Seu corpo foi empregado para sanar os desejos sexuais de um homem, e sua inteligência e força foram focados para ajudá-lo a crescer profissionalmente. E depois de usá-la como escada, ele a descartou. Não há como escapar desses termos “trocar” e “descartar”, que “coisificam” a mulher, pois foi isso mesmo que ocorreu. Ele a usou. A olhava somente como um objeto, que com o uso caiu em desuso e procurou um novo brinquedo para se divertir. Ela me perguntava o que fazer, e não podia dizer outra coisa: Volte a ser mulher. Sim, isso mesmo. Seja o que você nasceu para ser: MULHER. Estude, trabalhe, cuide de sua saúde, de seu corpo, de sua mente e de sua alma. Sempre achei incrível a capacidade da mulher de se recuperar, remodelar, reestruturar. Sim, elas se afundam em uma depressão, se acorrentam na “bad”, se perdem na angustia. Mas elas retornam, mais fortes, maduras e belas. E esta mulher é mais uma dessas. Que mesmo com a incompetência masculina que lhe envolveu em um roteiro de desprezo, ela retornará com a certeza de que se libertou de um cárcere invisível de um amor ilusório. Só lamento que muitas ainda vivem dentro deste presidio emocional. Mas, um caso de cada vez”

Renan Medeiros, o Coruja
Confissões Testosterônicas
Breves, 16 de fevereiro de 2016

sábado, 13 de fevereiro de 2016

O que vi no carnaval de Breves

Sentei em uma poltrona que já me conhece o suficiente para adaptar suas almofadas de acordo com os devaneios e reflexões que tenho como escritor. Ela é confortável, e abraça-me com a sua singularidade e encanto, assim como as imagens de carnaval abraçam minha retina, inundando minhas madrugadas de questionamentos e, no geral, quase sem nenhuma resposta.
Eu vi.
Vi o homem solteiro estampar o seu melhor sorriso, com um bom gingado e olhar como adorno, para encantar a visão e instigar o interesse das mulheres que adentram ao mundo da devassidão e boemia chamado ‘carnaval’. É um jogo de risco, que muitas vezes riscam o chão da Avenida rio Branco com dobradas de rostos, para escapar das investidas do solteiro. Outras vezes o risco fica na face do solteiro, marcas de batom de mais um número para a sua conquista quantitativa.
Encontrei o casal de namorado que mergulham nos hormônios do momento e se esquecem dos compromissos implícitos da relação. Adentram caminhos diferentes para se jogarem em braços de homens e mulheres estranhos, que desconhecem a pessoa ficante; vendo somente um pedaço de carne, embalado em um abadá, sacudindo no açougue de um bloco de rua. Será Friboi?
Achei os casados, nadando contra a maré carnavalesca e mostrando que, sim, há como comemorar o carnaval como casal. Vi namorados que beijaram o respeito mutuo e pularam na folia sem chafurdar na lama do desrespeito. Lindas visões que abrilhantaram esses dias de comemoração.
Infelizmente, não superaram as imagens das traições e do abuso do álcool. A juventude se jogando de cabeça na água rasa do alcoolismo e desvairando nas ondas da libido, esquecendo-se do compromisso que aceitou ao pedir/aceitar determinado relacionamento dito sério.
Entristeço-me ao saber que a imagem da violência e criminalidade pediram passagem para o arco da apoteose. Seu abre alas chegou arrasando o carnaval de muitos foliões que estavam lá, somente para curtir. Ainda vejo, ao fechar o olho, o adolescente algemado, sendo levado para as autoridades, enquanto a mulher assaltada lhe batia com a sua sapatilha.
Imagens que surgem na cabeça, que tento diluir no esquecimento para dar espaço aos sorrisos felizes e olhos brilhantes das crianças. Tantas que foram, muitos nos colos dos pais, fantasiados dos mais variados personagens, ensinando a tantos adultos, velha guarda da folia, o verdadeiro sentido de comemorarmos esse feriado nacional: a paz, o amor, a liberdade e o encantamento.
Pergunto-me: o que tantas imagens que presenciei no carnaval têm a me ensinar? Aprendi que muitas pessoas possuem uma visão diferente do carnaval. Uns aproveitam esta comemoração como desculpa para mergulhar no álcool, outros para aproveitar a baixa da guarda dos homens e mulheres e conseguirem um amor de carnaval. Alguns acham que esse período é ótimo para se conseguir dinheiro fácil, enquanto alguns aproveitam a oportunidade para levar seus filhos para uma festa divina.
Carnaval é amor nacional, mesmo que muitos o critiquem. É feriado, tempo de comemorar seja lá o que for. Período de festejar ou relaxar. Afinal, se até o amor tira férias nesses dias, por que hei de perder a oportunidade?
E que venha mais carnavais!

Renan Medeiros, o Coruja
Canto do Coruja
renanmedeiro_costa@yahoo.com.br

Contratos quebrados.

Absorto, ele fixava sua visão no teto enquanto sentia os delicados dedos dela tateando seu tórax, deleitando-se com os resquícios de prazer ...