Xulapeta era uma plus size ativista. Uma das maiores
lutadoras pela liberdade do corpo feminino, encarcerados em um padrão de beleza
desumano e sem sentido. Desde que começou a ler livros de autoajuda e fazer
terapia com uma psicóloga, ela deixou de lado a bulimia e abraçou, com agrado,
os sabores prazerosos das comidas carregadas de gordura saturada, sal e
carboidratos.
Invadiu vários desfiles por ai, gritando a todos a crueldade
que aqueles tipos de eventos faziam com a humanidade. Fazia palestras em
escolas dizendo às adolescentes que não existe padrão de beleza, que são lindas
como são. Rapidamente ela virou referencia na luta contra o mercado da moda.
Certo dia Xulapeta entrou em uma lanchonete, aproveitou que
as cadeiras de plástico não tinham apoio e juntou duas (uma para cada lado da
bunda) e sentou. Pediu os lanches de A a Z e ficou aguardando. Estava
escrevendo um texto no celular falando que as mulheres deveriam comer o que
lhes fazem feliz, pois a felicidade é o sentido dessa vida e as pessoas devem
lhes amar como são.
Ao longe ela viu entrando uma mulher super magra. Não a
conhecia, mas seu nome era Peidrolina, secretária de um empresário famoso do
ramo dos cosméticos. Ela sentou em uma mesa, com uma amiga, e pediu um x-tudo
duplo king sive com fritas extras. Seu pedido chegou e ela começou a devorar,
como se não houvesse amanhã.
Xulapeta olhou pra baixo e viu seus peitos caindo sobre
mesa, ocupando metade dela. Olhou para a moça, magra e toda trabalhada na
produção, comendo como uma condenada a cadeira elétrica. E refletiu sobre toda
a sua vida.
Peidrolina estava quase acabando, quando uma grande
escuridão abateu sua mesa e, antes que sua amiga falasse alguma coisa, foi
golpeada com uma mesa de alumínio na cabeça, tão forte que sofreu um grave
traumatismo craniano e morreu ali mesmo.
Xulapeta foi presa, mas com a certeza de que sua ideologia
não seria superada por uma sequela com distúrbios hormonais belíssima que come
tudo e não engorda.
Afinal, obesidade é ser feliz.
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