Foi-se para um abismo sem fim, gritando em agonia, mas sua
voz não saia, somente o som do nada. Um vácuo sem fim, que tragava sua
sanidade. Caia, caia e caia. Via as labaredas, rochas e caveiras passarem ao
seu redor como relâmpagos. Ora ou outra via outros caindo, também gritando suas
dores abafadas com um silêncio enlouquecedor. Mas eram agarrados por correntes,
que saiam das pedras, levando-os para as muralhas para o fim eterno
desconhecido. Ele caia, sentindo o bafo putrefato do que existia no fim do
abismo. Sua pele chamuscava, derretia, queimava sem fim. Suas tripas eram
arrancadas, e retornavam por magica. Até quando ele cairia, não sabia. Mas,
naquele eterno instante, percebeu que quanto mais se sobe, durante a vida, de
forma cruel e egoísta, mais sua queda para o inferno será grande.
domingo, 14 de maio de 2017
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