domingo, 14 de maio de 2017

A Queda


Foi-se para um abismo sem fim, gritando em agonia, mas sua voz não saia, somente o som do nada. Um vácuo sem fim, que tragava sua sanidade. Caia, caia e caia. Via as labaredas, rochas e caveiras passarem ao seu redor como relâmpagos. Ora ou outra via outros caindo, também gritando suas dores abafadas com um silêncio enlouquecedor. Mas eram agarrados por correntes, que saiam das pedras, levando-os para as muralhas para o fim eterno desconhecido. Ele caia, sentindo o bafo putrefato do que existia no fim do abismo. Sua pele chamuscava, derretia, queimava sem fim. Suas tripas eram arrancadas, e retornavam por magica. Até quando ele cairia, não sabia. Mas, naquele eterno instante, percebeu que quanto mais se sobe, durante a vida, de forma cruel e egoísta, mais sua queda para o inferno será grande.

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