Ele estava sentado no banco da praça, olhando as pessoas se divertindo. Sua mão percorreu o cimento do assento, imaginando todas as bundas que ali já haviam passado. Olhou para aquelas pessoas e pensou no quanto elas eram felizardas por estarem ali, livres e felizes. Nem que fosse uma felicidade momentânea, naquele instante, mas estavam felizes. Pensou no mundo, em seu tamanho colossal, e nos milhares de almas respirando naquele momento. Pensou nas mortes, nas guerras, nas tragédias, nas humilhações... Tudo acontecendo ao mesmo tempo, e aquelas pessoas brincando na praça. “Temos que seguir a vida, mesmo com tudo isso”, foi o que ele ouviu de conselho uma vez. Mas a alma daquele rapaz não conseguia abraçar esse egoísmo. Ele já não era um homem no mundo, mas um mundo no homem. Conseguia sentir cada dor, cada lagrima de tristeza lavando a terra. Não era algo que ele conseguia controlar, era uma força que ele desconhecia sua origem. Só sabia que estava ali, dentro do seu peito. Uma energia que lhe motivava a gritar. Ai ele lembrou que seu Playstation 4 lhe aguardava no seu quarto, levantou e foi embora. E as pessoas continuaram brincando, sem ouvirem os gritos de agonia de um planeta abandonado.
terça-feira, 2 de agosto de 2016
Um Mundo no Homem
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