Havia uma centelha de lembrança em sua cabeça. Uma singela faísca do passado que ele não conseguia apagar. Viemos á este mundo destinados a grandes criações, mas fadados a sucumbir diante das pequenas coisas. Adoecemos graças a pequeníssimas criaturas, e enlouquecemos devido a pequenas lembranças. E ele estava perdendo a sanidade por causa dela. Ela não existia mais. Pelo menos não na sua vida. Ela estava em algum lugar, respirando algum ar, rindo de alguma piada e comendo alguma comida. Estava acompanhada dos amigos, talvez até de alguém que esteja apaixonado. Alguém que a esteja amando, da mesma forma que ele a amou. Este pequeno sentimento ainda se agarra no peito dele, cravando suas unhas, gritando, lutando para manter sua existência. Dói. Tentar arrancar esta criatura, chamada Amor, dói. Mas ele luta pela sobrevivência. Ele persiste em continuar vivendo, sem tê-la ao seu lado. Um mero corpo vazio de futuro, expirando um ar de desesperança, encharcado de lembranças desse amor que nunca mais voltou.
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