segunda-feira, 22 de julho de 2019
Microntos sem fim #1
quarta-feira, 15 de maio de 2019
Beijo-de-moça
Estava longe do centro da cidade, sentado no degrau de uma escada enquanto pessoas confraternizavam no andar de cima. Era para eu estar lá, mas não conseguir aguentar tudo aquilo por muito tempo. Bebida alcoólica, música ruim, assuntos que não me interessavam e pessoas que não tenho nenhuma intimidade. Mas eram amigos da minha namorada, então fiz esse esforço, mas chegou o momento que não deu mais.
Uma em especial falava pra caralho, desde a hora que cheguei até o momento que sai não percebi ela ficar um minuto sequer sem falar. Aquilo me irritou. Devo ser um grande pé no saco, esquisito por não saber socializar, mas tudo aquilo me deixou no limite. Desci, comprei um refrigerante e alguns beijo-de-moça e sentei no degrau da escada. Observei as pessoas, tarde da noite, transitando por aquela rua, o sinal claro de ausência do Estado em cada canto, a matilha de cachorros abandonados.
Lá em cima pessoas começavam a ser apresentar, dizendo seus nomes e os famosos “eu sou isso”, “eu sou aquilo”, enquanto eu bebia e comia e alimentava uma cadela com seu filhinho que pediam comida com aqueles olhos tristes. Fome dói.
Ainda bem que sai antes da apresentação, nunca fui bom com isso. Dizer o nome até que é normal, mas nunca entendi o desejo das pessoas de expressarem sua formação, seu conhecimento, suas façanhas, como se estivessem disputando conquistas intelectuais e empíricas.
Enquanto ouvia as pessoas narrando seus currículos, olhava para os olhos daqueles animais, comendo o beijo-de-moça, olhos tristes e ossos a vista, os moradores passando na rua com seus sonhos e seus medos. Enquanto as pessoas falavam suas façanhas, eu percebia que o mundo ao redor jogava na nossa cara que nada do que fizemos tem um sentido real. Um mundo decante rodeava esse grupo, mostrando que, no fundo, todo aquele nariz empinado não servia pra nada, que aquela comemoração, aquelas bebidas e músicas, não fazia sentido algum.
E a tristeza se alimentou da minha alma quando percebi que eu também faço parte desse grupo, e se aprofundou quando percebi que não importa a gente estude, trabalhe, pesquise, brigue e proteste. Sempre haverá cães famintos e pessoas abandonadas por essa sociedade de merda em que vivemos.
segunda-feira, 13 de maio de 2019
Sou todo errado
domingo, 12 de maio de 2019
Você já teve medo?
“Ultimamente tenho pensado com mais frequência em me enforcar. Não é um desejo profundo, minha vontade de adquirir conhecimento e descobrir o futuro do mundo ainda é mais forte do que desistir de tudo, mas pensar sobre está se tornando cada vez mais corriqueiro, e isso me assusta. Você já teve esse medo consciente de adquirir depressão? Você sabe o que é e o que deve fazer para evita-lo, mas ele está cada vez mais próximo, afincando suas garras em sua mente e lutando para tomar o controle. Você sorri, se diverte, brinca, confraterniza, mas no fundo você sabe que tem um pequeno monstro se alimentando das suas falhas, dos seus erros e da hipocrisia e falsidade dos que te circundam. Cada vez mais você percebe que a felicidade dos otimistas é baseada em uma ilusão, e que o mundo desnudo te faz delirar de desespero e a falta de perspectiva te mostra que nada faz sentido. O mundo foi criado pra você ter a falsa sensação de importância, mas no fim ninguém se importa de verdade. É tudo um mero teatro de conveniência e de convenções sociais. O mundo se nutre de tristeza e dor, e não é em vão que os produtos que mais dão lucro são aqueles que fornecem endorfina. Em cada esquina você encontra um bar, uma lanchonete e uma igreja pra você se livrar do peso das suas irresponsabilidades. E o problema real de toda essa merda nunca é resolvido. O pensamento cotidiano do desejo pelo fim é insistente, mas ainda bem que sou teimoso. E aqueles que não são?”
quarta-feira, 1 de maio de 2019
Lucas e a gostosa da faculdade
segunda-feira, 29 de abril de 2019
Eu esperei
Com você eu esperei. De todas as mulheres que se propuseram a se envolver comigo, você é a única que me trouxe mansidão e me fez esperar. Em todas eu só queria entrar, desbravar aqueles corpos nus e sugar todo o prazer que poderia sentir. Mas com você tudo foi diferente. O prazer estava na sua companhia, a felicidade não estava na cama, mas no carinho, na atenção, nos risos. Eu não senti necessidade de te forçar, não senti necessidade de buscar me saciar com outras, fingindo ser fiel. Não! Nada dessas coisas que os homens estão acostumados a fazer. Com você, realmente, tudo foi diferente. Com você eu esperei, eu curti cada comento de descoberta, de libertação, até a sua entrega. E nessa noite, nessa bela noite de paixão, nossos corpos se tornaram um só. Então, não importa o quanto a vida crie um precipício de agonias entre a gente, que nos afaste, que entreguemo-nos a outros corpos desesperados... a gente acaba se lembrando um do outro, desejando um ao outro, sonhando um com o outro. E voltamos... Voltamos ao calor que nos completa. Voltamos porque, naquela noite, quando arranhávamos nossos corpos com o tesão latente, e sentíamos os nossos pedaços de carne um no outro, naquela bendida noite, a gente descobriu o que era o verdadeiro amor.
quarta-feira, 24 de abril de 2019
Recursos humanos
sábado, 2 de março de 2019
Vamos aos fatos
A sociedade brasileira tá indo pra merda. Uma sociedade que simplesmente comemora a morte de uma criança e fica feliz com a dor dos familiares é nojenta. Essa semana me senti com vergonha de fazer parte desse país, e não tem hino nacional que faça com que me sinta patriota diante do que nosso povo tem se mostrado. Ignorância, ódio e pseudocristianismo estão na moda, e tenho medo, muito medo, pois, quando acho que chegamos ao fundo do poço, meu povo mostra que podemos afundar mais ainda na lama. Vamos viver anos em que a população vai se sentir no direito de libertar suas amarras e mostrar toda pústula que guarda dentro de si. E diante desse cenário desolador, só posso me entristecer, orar e procurar nos cantos da minha alma uma fagulha de esperança para sobreviver a todo esse egoísmo e loucura.
quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019
No Conflito da Insônia
Já passam das três da madrugada e a cama me sufoca. A insônia que me consome vem das repetidas vezes que ligo o celular para ver a nossa última conversa. Brigamos novamente. Culpa sua ou culpa minha? Na verdade a resposta não importa, pois o resultado é sempre o mesmo. Já nem entendo os motivos que nos levam a tentar, tentar e tentar, sabendo que no fim magoaremos um ao outro. A vida nos avisa, mas insistimos na nossa triste teimosia de que conseguiremos viver essa ilusão que criamos. Me dói saber que não fomos feitos um para o outro, me dói saber que vai ficar longe de mim, mas quando estamos juntos outras dores surgem, outros medos, outros pesadelos. O fim de todas as estradas é a solidão, nossa única liberdade é escolher qual das angústias é mais suportável. Parece uma questão simples, e é. Mas, as vezes, o peso da simplicidade é mais densa e cruel do que imaginamos.
segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019
sábado, 2 de fevereiro de 2019
“Eu só te vejo como amigo”
Todas dizem que só existe amizade entre a gente mas, no fim, nem isso existe. Dias sem mandar um oi, semanas sem perguntar como estou, como me sinto. Nada de visitas, passeios, confissões, nunca oferecem ajuda para isso ou aquilo. Uma amizade rasa, supérflua, mentirosa. Sou o “cara legal” que todas querem longe e fingem se importar. O “bonitinho” fadado a solidão. O “simpático” que nunca está no convite. O “engraçado” que não tem ninguém pra fazer rir. Cada “não” de paixões que se tornaram ilusões é um golpe no coração que dói todas as noites antes de adormecer e sonhar com o vazio da minha existência. Já não sinto mais ânimo quando surge interesse por alguém, só sinto medo. Medo da dor e tristeza de mais uma rejeição. O jeito é escolher o isolamento e assistir meu amor definhando, se apequenando até não mais me importar com nada e ninguém. Não escolhi isso, elas escolheram por mim. Elas me jogaram para esse destino, e eu só posso aceitar e caminhar por essa estrada, sentindo a rejeição e a eterna dúvida de qual o problema que existe em mim.
Contratos quebrados.
Absorto, ele fixava sua visão no teto enquanto sentia os delicados dedos dela tateando seu tórax, deleitando-se com os resquícios de prazer ...
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Os becos obscuros da madrugada e a névoa da inquietação juvenil nos presentearam com o surgimento de uma mente que tem tudo para ser mais um...
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''Se tua cara já é assim, imagine o cu de onde tu veio''
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Um bom escritor não é aquele que simplesmente cria uma história para proporcionar momentos de lazer aos leitores. Um bom escritor é aquele q...