A cidade engole a minha felicidade, escarrando o que há de
pior em cima das minhas costas. Em cada beco escuro procuro algo para preencher
esse vazio, essa angustia, esse desejo pelo fim. Uma bebida, uma prostituta, um
baseado, qualquer coisa que, nem que seja por um segundo, me permita esquecer.
Esquecer... Esquecer essa loucura que se tornou a vida, esquecer esses
concretos que nos rodeiam, esquecer esse celeiro para insanidades. Uma fábrica
de desajustados, nadando na miséria humana como se fosse um balsamo para as
dores internas, sem nem perceber que essas águas são a fonte de todo nosso
sofrimento. Nos alimentamos de ansiolíticos enquanto escalamos os degraus dos
corpos de suicidas para alcançar um sucesso ilusório, orando para que nossa existência
não seja esquecida e, logo em seguida, sermos trocados por mais um curriculum
vitae em cima de uma mesa empoeirada de uma sala qualquer, afinal, não somos
mais humanos, somos somente um recurso simplesmente descartável, como quase
tudo que nos rodeia.
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