domingo, 1 de janeiro de 2017

Quando a Festa Termina em Morte

Os olhos ficam vazios, como se a alma vislumbrasse um outro mundo que está ao nosso lado, mas não conseguimos enxergar. Um mundo só dele, proibido aos que o rodeiam. O sangue jorra, a pele esfria, o corpo amolece, as palavras se afogam, a respiração falha, a família chora. Cercam-lhe aqueles que estão lá para salvá-lo, correndo, furando, comprimindo, limpando, suturando, hidratando, medicando. Um cabo de guerra da morte com humanos de jaleco, cada um puxando a alma do sujeito para si. O suor gotejando da testa daquele que massageia o coração do homem salga o corpo quase desfalecido daquele que anseia viver. As gotas do soro encharcam as veias do coração com o desejo de salvação. Os gritos lá fora encharcam a mente de todos daquela sala. A morte ganha, e adquiri mais uma alma para sua infinita coleção de desespero. E, no fim, só resta o luto e a duvida: o porquê dos homens se matarem mutuamente por motivos tão banais.

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