sábado, 7 de março de 2015

Amigo Atirador

A sensação de perigo é constante quando se está ao lado deste tipo de amigo. Nunca se sabe para onde o tiro irá ir. Coletes a prova de balas, capacete e qualquer utensilio que porventura lhe ajude a não ser atingido pelo tiroteio são sempre bem vindos quando se vai sair com um amigo atirador.

O pior é que não sabemos se um dia a presa irá revidar aos ataques sórdidos do caçador das florestas de concreto. Então temos que dobrar a atenção quando estamos ao lado destes sujeitos armados até os dentes, com cantadas planejadas e convites obscenos. Tudo preparado e esquematizado para qualquer tipo de exemplar de mulher que encontrar pela frente.

Não importa se durante o trajeto que seguimos ele encontrar uma desconhecida ou uma amiga. Loira, ruiva ou morena. Alta, gorda, magra ou baixa. Nada disso importa se o exemplar que este está caçando for de origem natural. Nossos amigos caçadores odeiam as presas artificiais. “O gosto da carne não é o mesmo” sempre dizem.  

Por isso sempre evitam entrar em área onde os bandos de mulheres feitas em laboratório se reúnem. Eles não podem arriscar que uma de suas balas perdidas acabe confundindo as pererecas e acerte o coração frágil de um exemplar “errado”. Seria horrível para a sua fama de caçador. Seria a piada nas reuniões do Clube de Caça nos fins de semanas na mesa do bar.  

Quem acredita que os amigos caçadores ainda estão presos nas antigas artes de caçar está completamente errado. Não, não. Eles evoluíram de acordo com a tecnologia. Seus tiros não só voam com as palavras e o olhar, mas agora também surfam nas ondas da internet.  

Vivem com o celular na mão.  

O que mais possuem são contatos dos exemplares que caçam por ai. Com sua experiência acaba conseguindo fazer a sua presa revelar o seu telefone. Daí ele vai armando a arapuca todos os dias, com mensagens carinhosas. Nunca se esquece de dar “bom dia”, “boa tarde” e “boa noite” e sempre está elogiando a beleza que supostamente ela tem.  

Sim, os atiradores caçam até as feias. Para eles o que importa é conseguir a carne para sua refeição diária.  

Como os bons caçadores que são sempre acabam pegando um ou outro exemplar em suas armadilhas emocionais. Sempre funciona, afinal as mulheres não são tão complexas quanto se imagina. E logo vemos no Facebook, ou em outra rede social da vida virtual, algumas delas se lamentando por ter sido usada por algum cara.  

Foi capturada, usada para os interesses de seu predador, e depois solta novamente na natureza. Algumas mulheres se enrosca tanto com o caçador que são libertadas com um microchip de localização para poder ser encontrada pelo atirador sempre que ele desejar.  

Todos temos um amigo assim, que atira pra todo lado. E hoje em dia, com as presas evoluindo a sua visão para o celular em vez do ambiente a sua volta, acaba se cegando para a presença do predador que se aproxima. Já nem ouvem mais os conselhos dos exemplares mais experientes.  

Bom... foi bom falar com vocês. Volto amanhã depois que eu voltar da caça.  

Abraços.

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