Às vezes me parece injusto sofrermos as consequências de nossas inconsequências de uma época em que nem sabíamos o que era o certo e o errado. Pior ainda é quando tentamos resolver tais consequências, mas as soluções não dependem apenas de você. Nossas escolhas afetam os outros, e a conta uma hora chega a nossas mãos. Você se sente impotente por saber que você merece cada gota de tristeza, angustia, desespero, desprezo, mas no fundo sabe que você não é o mesmo que tomou aquelas decisões no passado.
Não é estranho sofrer por culpa
de alguém que não existe mais?
Encontro-me em um desses momentos
de impotência. Olhando o horizonte e não contemplando o nascer do sol, mas uma
escuridão que surge e vem apertando meu peito com uma malicia aterradora. Sei
que cada pedaço desse sofrimento é culpa minha, pelas escolhas que tomei quando
eu ainda não era eu. Mas não consigo me conformar com o desfecho dessa história
que outrora me parecia finalmente estar adentrando em mares calmos e que iria
ancorar em terras paradisíacas, mesmo com as turbulências da viagem.
Mas você largou um dos remos, e
mergulhou no mar frio sem mim. Ainda olho para trás, esperando que sua mão
surja pedindo para que eu a busque. Mas no fundo, acredito que isso não irá
acontecer, pois sei que quando olhas para o barco você não vê a mim, mas vê um
homem que não existe mais.
E por causa desse homem, a partir
de agora, terei que remar por dois. Remando para o mar aberto, buscando uma paz
que talvez eu não encontre, buscando uma vida que talvez eu não alcance.
Ficarei somente buscando... algo
que talvez eu nunca encontre.
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