terça-feira, 22 de novembro de 2022

Somente um texto de um pobre escritor para expurgar sua dor.

Às vezes me parece injusto sofrermos as consequências de nossas inconsequências de uma época em que nem sabíamos o que era o certo e o errado. Pior ainda é quando tentamos resolver tais consequências, mas as soluções não dependem apenas de você. Nossas escolhas afetam os outros, e a conta uma hora chega a nossas mãos. Você se sente impotente por saber que você merece cada gota de tristeza, angustia, desespero, desprezo, mas no fundo sabe que você não é o mesmo que tomou aquelas decisões no passado.

Não é estranho sofrer por culpa de alguém que não existe mais?

Encontro-me em um desses momentos de impotência. Olhando o horizonte e não contemplando o nascer do sol, mas uma escuridão que surge e vem apertando meu peito com uma malicia aterradora. Sei que cada pedaço desse sofrimento é culpa minha, pelas escolhas que tomei quando eu ainda não era eu. Mas não consigo me conformar com o desfecho dessa história que outrora me parecia finalmente estar adentrando em mares calmos e que iria ancorar em terras paradisíacas, mesmo com as turbulências da viagem.

Mas você largou um dos remos, e mergulhou no mar frio sem mim. Ainda olho para trás, esperando que sua mão surja pedindo para que eu a busque. Mas no fundo, acredito que isso não irá acontecer, pois sei que quando olhas para o barco você não vê a mim, mas vê um homem que não existe mais.

E por causa desse homem, a partir de agora, terei que remar por dois. Remando para o mar aberto, buscando uma paz que talvez eu não encontre, buscando uma vida que talvez eu não alcance.

Ficarei somente buscando... algo que talvez eu nunca encontre.

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