Estava diante desta tela branca pensando no ano que se foi, e procurava palavras para narrar uma pequena retrospectiva sobre minha vida em 2022. Não foi um ano fácil, então queria aproveitar este blog para descarregar toda a minha frustração, raiva e rancor, depositando nos parágrafos um texto carregado de misantropia. Uma prosa de lamentações.
Mas as reflexões me mostraram que todos os problemas emocionais que passei, principalmente nos últimos três meses do ano, culminaram numa mudança de perspectiva de vida que me tiraram da estagnação emocional e da procrastinação intelectual. Era um poeta que não amava, um escritor que não escrevia, um ser vivo que não vivia.
Um ser humano surgiu em minha vida, olhou para mim e resolveu me usar como estepe emocional. Declarações foram feitas e promessas proferidas, para no fim descobrir que eu servia apenas como um amante e uma válvula de escape sexual. Apesar da relação tóxica entre ela e o namorado, acabou decidindo permanecer onde dói, e fui jogado para a reserva. Nada de novo, novamente.
Isso perturbou minha mente por semanas, atrapalhando outras áreas da minha vida. Mas descobri que quando se está no fundo do poço sem uma pá pra cavar mais, acabamos que o único destino é sair daquela situação. Passar por isso fortaleceu amizades que antes já eram profundas, e me mostrou novas amizades que eu não tinha noção do quanto eram importantes na minha vida. Resolver sair dessa situação me fez voltar a tentar ser sociável novamente, procurando conhecer pessoas novas, o que acabou sendo uma experiência interessante.
No dia 31 de dezembro de 2022 estava no supermercado, fazendo compras (obviamente) quando uma pessoa aparece na minha frente, como um fantasma. Apressada ela olhou para mim, sorriu, trocamos umas 10 palavras e ela se foi, enquanto eu a acompanhava com os olhos e admirava sua beleza. Eu não a conhecia, não pessoalmente. Tínhamos trocado mensagens, ou seja, só nos conhecíamos virtualmente. Então a situação foi um tanto quanto incomum. O destino tinha milhões de opções para que a primeira vez que nos falássemos pudesse ser de uma forma interessante, mas não... o destino escolheu um momento em que eu parecia um mendigo para que isso acontecesse. Por que estou dizendo isso? Porque essa situação, que demorou uns dez segundos, resume muito bem como foi 2022 pra mim. Cheio de momentos constrangedores, mal planejados e incomuns, mas que, ao pensar sobre, tinha uma beleza que me encantou ao ponto de, mesmo nas mais difíceis situações, me tirar um sorriso.
Espero que esse ano seja perfeito para vocês, e mesmo que não seja, que tragam ensinamentos para que possamos evoluir. Feliz 2023!