sábado, 17 de novembro de 2018

Uma Batalha Perdida

Há ainda um pequeno grupo de rebeldes que levantam seus estandartes e espadas contra a besta que se encaminha para destruir aquele povoado. A luta está perdida, mas eles ainda arranjam forças de algum lugar que desconheço. Muitos se renderam aos maléficos encantos que aquela criatura exala, com promessas dúbias e uma consciência esquizofrênica. Transformaram-se em agentes do caos, com línguas soltas para gritar contra os rebeldes e lamber tudo aquilo que a besta desejar. A podridão já era prevista, mas está chegando antes do imaginado, engolindo todos que aparecem na frente. Os curandeiros estão sendo mortos, e as pestes estão vendo uma maravilhosa oportunidade para surgir e exterminar aqueles que ainda respiram. O sol se apaga, o choro ecoa e o fim nos consome.

A Besta Começou

A besta tem lançando seus tentáculos por todo lado, aprofundando-se na sociedade, alimentando-se das almas de homens e mulheres desavisados. Seu odor pode ser sentido, espalhando-se pelas sarjetas encharcadas com o sangue dos abandonados e esquecidos. A escuridão se aproxima. Sim, ela se aproxima. Vem engolindo a mente daqueles que ousam lhe adentrar, encharcando de terror aqueles que tentam fugir. Mas o horizonte é um só. Estamos cercados pelas suas feras, que farejam e ladram em direção a todos aqueles que se levantam contra a sua força. Ninguém cessa sua luta, apesar da derrota certa que se estende no futuro incerto. A besta está faminta, e sua fome levará o fim daqueles que um dia o idolatraram... e o resto de nós também cairá no abismo de sua garganta. O fim começou!

segunda-feira, 10 de setembro de 2018

Todo sorriso é falso


Todo sorriso é falso. Não se engane, pois aqueles dentes que se mostram desnudos para você logo irão sumir, assim que for conquistado o que ele tanto deseja. E quando você não puder mais fornecer aquela dose, seja de carinho, amor, atenção, dinheiro, prazeres, ele se afastará, deixando para trás tudo aquilo que você sonhou e percebeu que, no fim, não passava de um fosso putrefato de ilusões sem fim. E aquele sorriso quer mais que você vá a merda!

As pessoas inteligentes são mais tristes?


Certa vez me perguntaram se as pessoas inteligentes são mais tristes que as comuns. Me fizeram essa pergunta quando estava afundado em minha cama, no escuro, mergulhado nas estranhezas de minha alma e chafurdando na lama da minha existência.

Sim! A resposta é nua e crua, direta e cruel, reveladora e didática. Sim! As pessoas inteligentes são mais tristes, pois a inteligência desnuda o véu que impede de percebermos aquilo que realmente somos. Notamos cada detalhe, até os mais minúsculos, de nosso ser e percebemos a nossa natureza falha e ignorante, e sabemos que isso não muda.

Por mais que busquemos entender, e ousemos mudar de comportamento, sabemos que toda aquela lama gosmenta está dentro de nós pronto para nos grudar na mais pura insanidade. Toda a podridão da natureza humana vagueia dentro de nós, buscando cada vez mais espaço e percebemos que o único sentido da vida, o real sentido da vida, é a porcaria de uma luta constante que devemos travar com nós mesmos para não deixar toda essa bosta sair por nossos poros.

Olhamos para o lado e vemos que somente nós lutamos, poucos, raros, são os que realmente conseguem perceber toda essa loucura e tentam, de alguma forma, mudar. A grande massa das pessoas simplesmente fecham os olhos para si e buscam, das mais variadas formas, tentar justificar e legitimar toda essa podridão para que não tenham que encarar seu reflexo escroto no espelho pela manhã com o risco de cair em depressão.

E tudo isso perturba, entra em nossa alma de forma incisa e remói cada partícula da nossa quietude e felicidade, regurgita e remói tudo novamente, deixando somente uma pasta nojenta daquilo que antes fazia parte do que eramos.

Todo sorriso é passageiro, quando não, falso. No fim só existe o caos e a escuridão da solidão envolta das falsidades que os seres produzem para fingir que existe um sentido nessa porra de vida.

segunda-feira, 16 de julho de 2018

A Estranha do Banco

Hoje tive que sair, para resolver algumas coisas. Diante de tantas tarefas havia uma que me incomodou, só de saber já fiquei estressado e de péssimo humor. Ir na Caixa Econômica é sempre um bom teste de paciência e sanidade, se tiver problemas com algum dos dois você certamente surtará – e já vi casos de pessoas que se esbofetearam naquelas longas e eternas filas dos caixas. Cheguei e, como sempre, lotado. Escolhi a fila com menor pessoas, e comecei a rezar para nenhuma daquelas que lá estavam resolvessem ter um caso amoroso com o caixa eletrônico. Há pessoas assim, infelizmente. Acredito que, se pudessem, abaixariam a calça e começariam e realizar um coito proibido com aqueles aparelhos. Ah! Quanta demora! Conversas triviais, celulares sendo mexidos, pernas balançando, choro de criança, reclamações... Cada pessoa, ali, procurando se envolver de alguma forma para que buscasse alguma áurea superior em busca de sobrevivência. O tumulto, o barulho, o blá blá blá, o fedor, os empurrões, as inconveniências, tudo isso me irrita, suga meu bem estar, minha tranquilidade. Não queria estar ali, queria voltar para casa, para o meu quarto, me empurrar entre meus livros e sumir dessa existência infame. Mas eu a vi. Quem? Desconheço. Uma moça, que nunca havia vido na vida (e provavelmente nunca mais verei) apareceu pelo lado de fora do banco, no meio de tantos outros estranhos querendo entrar no banco. Ela não se diferenciava dos demais. Não, realmente era comum. Um vestido simples, preto, cabelo enrolado, passos lentos, sorriso quase imperceptível. Mas algo nela me chamou atenção. Algo nela a diferenciou dos demais corpos que se amontoavam ali. Uma estranha que prendeu a minha atenção, fez o tempo correr, a fila andar, o coração bater e aquela vontade incomensurável de desejar que o tempo desacelerasse para que eu, um mero espectador, pudesse aprecia-la por alguns segundos mais. Mas a porta giratória engoliu aquela doce criatura, deixando-a viva somente nas minhas lembranças que o tempo devorará. Voltei para a realidade, para o fedor, o barulho, as conversas pífias, a lentidão. Mas agora estava diferente, banhado de paz, calmo, sereno. Tudo graças a uma estranha, uma bela estranha, que nem sei se tem conhecimento do poder oculto que sua alma possui. http://blogdeliriosdarazao.blogspot.com

domingo, 1 de julho de 2018

O Padre sem Cabeça

Ainda me lembro dos tempos em que lá estudava. Na verdade, é bem mais que uma lembrança. Foram tantos anos vivendo naquela escola que ainda consigo ter as mesmas sensações que tinha quando estava lá. Aqueles grandes corredores, vazios, silenciosos e frios. Mesmo com tantas crianças, era possível ouvir os nossos passos ecoando ao caminhar.

Era raro os momentos em que nós, alunos, saiamos das salas em horário de aula, tudo era muito controlado e rígido. O que tornava todas as vezes uma experiência única, e o medo paralisante.
Certa vez eu tive que sair para ir ao banheiro. Caminhei lentamente aquele enorme corredor, olhando suas lajotas, e escutando as poucas vozes que saiam das salas. Após fazer o que tinha que fazer, retornei por onde vim.

No meio do caminho encontrei um garoto, talvez dois anos mais novo do que eu. Estava parado, olhando fixamente o fim do corredor. Passei por ele, curioso, e quando consegui ver seu rosto percebi uma face de medo, de extremo medo. Perguntei se ele estava bem, mas não tive resposta. Resolvi olhar para onde ele estava olhando, e não vi nada.

No fim do corredor só tinha a parede, mesmo estando escuro podíamos ver que não havia nada ali. Olhei para o menino e ele estava chorando silenciosamente, com os olhos fixados para algo que eu não conseguia ver. Aquilo me arrepiou. Perguntei novamente, e ele ficou em silencio. Olhei para o fim do corredor, novamente, e nada vi. Mas comecei a ouvir algo estranho.

No começo achei que fosse algo vindo das salas, mas logo vi que não era. Era como passos. Sim, eram passos. Algo estava caminhando no corredor, e o som ecoando, como sempre faz. Vi algo saindo da escuridão, tornando-se nítido, sólido, como uma sombra ganhando forma humana.

Vi aquela roupa, preta, como um grande vestido. Mas não era um vestido, era algo diferente. Algo brilhava no peito, olhei bem e vi que era uma grande cruz de prata. Aquele homem andava lentamente até nós. Olhei para aqueles pés brancos, dando passos, e vi que havia manchas vermelhas no chão. Tinha medo de olhar para o seu rosto, mas não me contive.

Não havia rosto, boca, olhos, nariz, cabelo. Não havia nada! Não tinha cabeça. O homem não tinha cabeça. A única coisa que havia acima do seu pescoço eram jatos de sangue que espirravam alto. Gritei para o garoto correr, e sair em disparada. Mas ele não me seguiu. Quando olhei para trás vi que aquela coisa estava parada, em frente ao menino, mas acabei tropeçando e cai, bati a cabeça na parede e desmaiei.

Quando acordei na enfermaria contei a história que tinha acontecido, as pessoas sempre se olhavam de forma estranha e diziam que eu havia sonhado, que isso era alucinação por que eu havia batido a minha cabeça por estar correndo no corredor. Mas uma coisa eles nunca me explicaram. Por que naquele mesmo dia uma criança da 1ª série havia desaparecido.

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

Quer dizer que você defende político?

Sinto muito ter que ser o porta voz de palavras tão duras, mas você está sendo uma pessoa completamente imbecil. Você assina, descaradamente, todos os dias, seu atestado de criatura acéfala, entoando para todos os motivos aos quais vivemos do jeito que vivemos: sua triste incapacidade de usar o cérebro. Não, não! Não adianta você tentar argumentar, pois suas ideias não são ideias. Sua ideologia nada mais é que uma fossa profunda de merda ao qual você, eficientemente, banha-se com todo afinco. Você é somente mais um motivo de vergonha para toda uma espécie. Não sabe conversar, não sabe ouvir, não sabe pensar. Abraça falácias rasas de homens e mulheres que se aproveitam da sua caixa craniana vazia para poder se enaltecer como indivíduos, mas todos sabem que não valem bosta nenhuma. E você, claro, se acha o dono da razão. Grita para todos os cantos sua baboseira, acreditando que esta alienação, disfarçada de liberdade ideológica, é a solução para todos os problemas que a sociedade está passando. Sabe o que realmente faria o mundo melhorar? Que deixasse de confundir seu anus com a sua cabeça, e refletisse sobre as imundices que você projeta com a boca. Talvez assim você note que o importante não é o político, mas aquilo que realmente fará a sociedade emergir da escuridão que lhe abraça. Ou morra, fará o mesmo efeito.

domingo, 7 de janeiro de 2018

E Será Tarde Demais

Ah, se nós homens não fossemos tão burros de enxergar a felicidade bem na nossa frente, talvez menos erros cometeríamos, menos mulheres magoaríamos, menos tristezas espalharíamos. Se conseguíssemos sentir o amor profundo de uma mulher em seu simples sorriso, quem sabe assim poderíamos entender o brilho de seus olhos quando fazemos um ato tão simples de gentileza e carinho. Se entendêssemos o incomensurável coração apaixonado de uma mulher, talvez não abandonaríamos elas em rios de lágrimas, afogando-as no próprio carinho e amor – amor este que foi cultivado unicamente para nós. Mas, em meio a tantos homens cegos, sempre há aqueles que conseguem ver, sentir, permitir, transmitir. Homens que rompem as barreiras e conseguem amar. E é neste momento que os homens “viris”, dotados da incapacidade de amar, rasgam o véu da ilusão e percebem o grande amor que errou em abandonar. Neste caso, a única solução é se lamentar, pois ela já está em outra, feliz, alegre, amada, e dificilmente de volta ao erro voltará.

Contratos quebrados.

Absorto, ele fixava sua visão no teto enquanto sentia os delicados dedos dela tateando seu tórax, deleitando-se com os resquícios de prazer ...