Ela não sabia lidar muito bem com os meus elogios, e isso me encantava. Imaginava mil maneiras diferentes de poder lhe tirar aquele sorriso tímido, rosto vermelho e um pequeno empurrão no meu ombro. “Para de graça” ela falava, mas eu continuava. Ela afirmava haver somente amizade entre nós dois, mas eu via nos olhos dela o encanto que respondia ao meu olhar apaixonado. Amor não verbalizado, como duas crianças que se gostam e não entendem muito bem o que está acontecendo dentro de si. Infelizmente a vida nos separou sem antes termos a chance de provar aquele amor que crescia entre nós. O tempo passou e aquele sentimento, tão forte, já não mais esquenta o peito. Mas ele está lá, sim, ele está. Em certos momentos o coração dá aquele impulso e o cérebro responde me enviando imagens daquele rosto delicado de mulher e algo, lá no fundo, ainda grita um sentimento confuso e intenso, encarcerado por uma vida ao qual não escolhi. Talvez, um dia, quem saiba, eu tenha novamente a chance de encontrar com ela, de sentir novamente tudo que eu sentia naquela época. Sei que nosso amor é quase impossível de acontecer, mas, somente mais uma vez, gostaria de ver aquela moça tímida se envergonhar com os elogios de um simples homem apaixonado.
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