quinta-feira, 30 de junho de 2016

A Maldição do Escritor

Não adianta. Você pode até tentar, mas se nasceu escritor não irá conseguir fugir de seu destino. O mundo não será mais um simples mundo, cada átomo existente lhe proporcionará milhares de historias pra contar. Você será garimpeiro, adentrando a vida alheia com conversas e perguntas, procurando dissecar a vida humana, seus medos, sonhos, relacionamentos. Você pode até tentar parar de escrever, mas sua alma não irá aceitar. Você será bombardeado por insights, sacadas, frases geniais para textos sobre isso e aquilo. Você não irá pegar em uma caneta, nem sentará na frente de um computador, mas seu cérebro continuará a escrever, e escrever, e escrever... Até sentir que está perdendo o controle, enlouquecendo, afogando-se em palavras, prosas e poesias. E irá sucumbir se não voltar a produzir, a deixar as águas fluírem para o papel. Você é escritor, transborda historias. Seu cérebro é inquieto, seus olhos atentos, seus ouvidos abertos, seus dedos trementes. Não há como fugir, é nossa maldição.

quarta-feira, 29 de junho de 2016

Creuzina, Crodoaldo e Crodoberto

Ouçam minha canção
Com os ouvidos bem abertos
É a historia da Creuzina,
Crodoaldo e Crodoberto.

Crodoaldo era irmão
Do moço Crodoberto
Crodoaldo era a unha
A carne era Crodoberto

Para onde um deles ia
O outro ia atrás
Dividiam tudo que tinham
Mas a cueca era demais

Mas um dia tudo mudou
Crodoaldo se apaixonou
Pela moça Creuzina
Que na cidade chegou.

Moça bela, moça formosa
Com um sorriso de matar
Foi só ver o Crodoaldo
Começou a se insinuar.

Começaram a namorar
Escondidos do povão
Creuzina era de família
Não chamava a atenção

Todo mundo estranhou
Com o sumiço de Crodoaldo
Crodoberto se desesperou
Pois não sabia desse caso.

Certo dia pela cidade
Procurando o irmão
Encontrou a Creuzina
Ficou de boca no chão.

Ela viu aquele homem
E sentiu um comichão
Mal trocaram uma palavra
Começou a pegação

A putaria rolou solta
Sem os irmãos desconfiar
Mas uma cidade pequena
Ninguém consegue enganar

Logo veio os comentários
De toda a população
Creuzina pegava Crodoaldo
E se esfregava no irmão.

Todos riam pelas costas
Os irmãos sem entender
Que de tanto dividirem
Chifres começaram a ter

Então veio a noticia
E a situação piorou
Creuzina se meteu em rabo
O fogo dela incendiou

O medico deu a noticia
Que resultou da pegação
Dentro daquela barriga
Crescia um meninão.

Deu a noticia a Crodoaldo
Informou a Crodoberto
Mesmo sem saber quem era
O verdadeiro pai daquele feto

Crodoaldo se encantou
Crodoberto se maravilhou
E para a moça Creuzina
Cada um se declarou

Crodoaldo pediu a mão dela
Crodoberto o fez também.
Sem saber o que fazer
Para ambos disse “Amém”.

Ambos marcaram o mesmo dia
Para no cartório se casar.
Creuzina se desesperava
Pois eles iam a matar.

Chegou no dia do casório
O juiz a se ajeitar
Crodoaldo chegou de carro
Crodoberto já estava lá

Ambos não entenderam nada
A presença do irmão.
Creuzina chegou assustada
Explicou a situação.

A historia se espalhou
Do que lá aconteceu
Os dois se agarraram
O juiz se escafedeu.

Ambos estão na cadeia
Pela briga que ocorreu
Dividindo a mesma cela
Pedindo perdão até a Deus.

Creuzina ficou de fora
Vejam só a situação
Foi até uma consulta
Com o medico Tonhão.

Tonhão se encantou
Com aquela moça consultada.
Então lhe cortejou
E a levou pra sua casa.

Creuzina tem vida boa.
Se esqueceu dos dois irmãos.
Pois agora tem um medico,
Jardineiro e o Ricardão.

Os dois presidiários
Voltaram a se falar.
Voltaram a dividir tudo
Até o vaso de cagar.

Finalizo minha canção
Com a certeza do que direi
Mulher é um bicho doido
Mas tô louco pra uma ter

quinta-feira, 16 de junho de 2016

Uma Gota do Passado

Não sei ao certo a idade, mas eu era uma criança. Me destacava das outras, não por inteligência, ou força, ou tamanho, ou agilidade e destreza nos esportes – era tão comum quanto os outros. Destacava-me pelo fato de ser o mais antissocial da sala. De poucas palavras e muitos olhares, possuía um circulo de amizade que se resumia a uma pessoa; aumentava se eu levasse em conta meus amigos imaginários.

Acontece que era uma criança com um desenvolvimento normal, e logo a puberdade chegaria, os hormônios invadiriam meu corpo e eu iria começar a ver, sentir e desejar coisas que ainda passavam longe de meus pensamentos. E ele chegou, com força.

Foi na quinta serie que eu conheci o forte desejo pelo corpo feminino, que comecei a adentrar nas curvas insinuadas da delicadeza deste ser divino. A partir dai meu desenvolvimento abandonou o barco da normalidade, e mergulhou na tortuosa tempestade da confusão da adolescência.

Poderia continuar tendo um avanço emocional, físico e psíquico retilíneo, se eu não conhecesse uma doce garota que me encantou. Sim, havia garotas na sala de beleza mais gritante, algumas já beirando o corpo de mulher, e outras mais “pra frente” com os outros rapazes, sendo mais fácil uma conquista masculina. Mas foi aquela delicadeza angelical, e uma maturidade singular, que me fez perder o controle de minha existência.

Apaixonei-me por ela.

Mas o que acontece quando um pequeno rapaz, solitário, sem o desenvolvimento profundo sobre as relações humanas e de poucas palavras acaba se apaixonando por uma das garotas mais belas da sala? Acertou quem respondeu: um trauma.

Nunca consegui dizer-lhe o quanto a amava (seria amor?), só insinuava o desejo. Como meu conhecimento era acima da média, acabava sendo convidado pelo grupo dela a fazer os trabalhos em equipe. Ter ela por perto às vezes me desconcentrava e desconcertava, mas sempre desejava que ela ficasse ali, ao meu lado, para sempre.

Foram quatro anos estudando com ela. Com o decorrer dos anos letivos, mais pessoas acabavam desconfiando, e sabendo, desse sentimento. Não tive olhos para mais nenhuma garota, o que decorreu minha completa falta de habilidade na aproximação com mulher; pois como não me interessavam, não me aproximava e não me desenvolvia.

Ia nas festas da escola (era o Santo Agostinho), inclusive em “haves” (ou seria raves?), com a decisão de me aproximar e, enfim, revelar o que sentia. Nunca chegava a coragem, nunca aproveitava a festa, sempre me sentia um panaca.

Nos formamos, e nos separamos. Seguimos estradas distintas, e infinitamente distantes. Em raras ocasiões eu a vejo, e sinto que aquele sentimento, bem no fundo do coração, ainda existe. Sentimento bom, admito. Lembranças felizes, acima de tudo. Talvez tenha sido melhor assim, pois foi na solidão que brotou esta pobre mente conturbada por historias. Virei escritor.

E não é que a loucura é palco da arte?!

domingo, 12 de junho de 2016

Por que certos casais não assistem pornô juntos

Ela – Já começou, amor?
Ele – Já têm umas meia hora.
Ela - Desculpe, fui fazer a pipoca.
Ele - Pipoca?
Ela - Sim, não vamos ver filme?
Ele - Sim, mas é pornô.
Ela - E dai?
Ele - Dai que ninguém vê filme pornô comendo pipoca.
Ela - Você é muito certinho.
Ele - Não sou nada.
Ela - Bom... Aproveitei também pra lavar a louça do jantar que você deixou na pia
Ele - Eu ia lavar amanhã.
Ela - Sabe que não gosto de ver a pia com louça suja.
Ele - Tudo bem. Vamos ver o filme, que tá interessante.
Ela - Quem é o mocinho?
Ele - Que mocinho?
Ela - O mocinho... O cara bom do filme.
Ele - Nesse tipo de filme não tem mocinho ou vilão. Bom, depende do ponto de vista.
Ela - Como assim?
Ele - Têm uns atores que gostam de dar uns tapas, engasgar, essas coisas.
Ela - Credo! Maria da Penha neles.
Ele - É um filme, amor.
Ela - Mesmo assim. Eles instigam à violência doméstica mostrando essas coisas.
Ele - Nada a ver. Vamos ver o filme.
Ela - Já tô aqui há uns dez minutos e até agora ela só fez chupar o cara.
Ele - Esses filmes são assim.
Ela - Mas precisa demorar tanto tempo chupando?
Ele - Sei lá.
Ela - Como ela consegue por tudo isso na boca?
Ele - Nem é tão grande assim. E você também consegue.
Ela - Consigo, mas o teu não é tudo isso ai. Isso é aí é uma monstruosidade de enorme.
Ele - ...
Ela - Que foi?
Ele - Nada não.
Ela - Ela se levantou, acho que vai começar a ação.
Ele - Sim!
Ela - Como é o nome dessa meia mesmo?
Ele - Meia-calça?
Ela - Acho que tem outro nome.
Ele - Não sei.
Ela - Pensei que soubesse.
Ele - Nem tinha reparado que ela estava usando isso.
Ela - Tá olhando o que então?
Ele - Tudo, menos as roupas.
Ela - Oooowwwnn, que francesinha sensacional.
Ele - Não é assim que chama.
Ela - Como não?
Ele - É espanhola.
Ela - Tá doido? É francesinha.
Ele - Espanhola.
Ela - Quer saber de unha mais do que eu?
Ele - Unha?!
Ela - Sim, unha.
Ele - Ah, sim.
Ela - É francesinha ou não é?
Ele - Sim, é... Olha só onde ela conseguiu colocar a perna!
Ela - Ela é um pouco flexível.
Ele - Um pouco?
Ela - Sim, um pouco.
Ele - Achei bastante.
Ela - Grandes coisa.
Ele - Você não consegue por a perna nem metade de onde ela colocou.
Ela - E dai?
Ele - Bora ver o filme.
Ela - Ela geme muito.
Ele - Geme.
Ela - Isso não é normal.
Ele - Aí ela está atuando, mas há mulheres que são assim.
Ela - Como você sabe disso, Graucilando?
Ele - Sei o que?
Ela - Que têm mulheres que gemem muito.
Ele - Só sei.
Ela - Fala logo.
Ele - Há, meus amigos me contam suas aventuras.
Ela - Amigos é? Aventuras é?
Ele - Olha, nunca fizemos essa posição.
Ela - E dai?
Ele - Quer fazer?
Ela - Faz com essas pequenas que gemem muito.
Ele - Não tem ninguém, amor.
Ela - O que ela vai fazer com esse cabo de vassou... JESUS!
Ele - Até eu fiquei besta com essa.
Ela - O que essa mulher tem entre as pernas? Um buraco negro?
Ele - Ela é fogosa.
Ela - Graucilando?!
Ele - Oi.
Ela - O que é isso crescendo na sua calça?
Ele - Tanto tempo que tu não usa que já esqueceu?
Ela - Nem vem com tuas graças. Tá excitado com essa putinha ai?
Ele - Não amor. É que tô imaginando nós dois fazendo isso.
Ela - Com o cabo de vassoura?! Tá louco?!
Ele - Não, amor. Tudo, menos essa parte.
Ela - Por quê? Acha que não dou conta?
Ele - Não, amor. Não é isso.
Ela - PEGA A VASSOURA, AGORA!
Ele - Deixa disso, coração.
Ela - Deixa que eu mesmo pego.
Ele - ...
Ela - Olhe bem, Graucilando.
Ele - Esquece isso, Mauriciscleide. Vamos voltar a ver o filme.
Ela - Nada disso. Olha só... Tá vendo?... Huuumm... Viu como ela não é nada demais... Qualquer uma consegue... Vou girar pra tu ver... Esse sangramento é normal?... Graucilando, tô tonta.
Ele - Meu Deus do céu, Mauriciscleide!
Ela -...

***

Ele - Amor?
Ela - Onde estou?
Ele - No hospital. Você perdeu muito sangue e desmaiou.
Ela - Meu Deus!
Ele - Mas não se preocupe, você está bem. De manhã, dependendo dos exames, poderemos voltar pra casa.
Ela - Nunca mais pego num cabo de vassoura.
Ele - Isso é pra tu aprender.
Ela - Graucilando?
Ele - Oi?
Ela - Posso te fazer uma pergunta?
Ele - Claro?
Ela - Como acabou o filme? O mocinho venceu?
Ele - ...

FIM

Renan Medeiros
Breves, 12 de junho de 2016
FELIZ DIA DOS NAMORADOS

Por que certos casais não assistem pornô juntos

Ela – Já começou, amor?
Ele – Já têm umas meia hora.
Ela - Desculpe, fui fazer a pipoca.
Ele - Pipoca?
Ela - Sim, não vamos ver filme?
Ele - Sim, mas é pornô.
Ela - E dai?
Ele - Dai que ninguém vê filme pornô comendo pipoca.
Ela - Você é muito certinho.
Ele - Não sou nada.
Ela - Bom... Aproveitei também pra lavar a louça do jantar que você deixou na pia
Ele - Eu ia lavar amanhã.
Ela - Sabe que não gosto de ver a pia com louça suja.
Ele - Tudo bem. Vamos ver o filme, que tá interessante.
Ela - Quem é o mocinho?
Ele - Que mocinho?
Ela - O mocinho... O cara bom do filme.
Ele - Nesse tipo de filme não tem mocinho ou vilão. Bom, depende do ponto de vista.
Ela - Como assim?
Ele - Têm uns atores que gostam de dar uns tapas, engasgar, essas coisas.
Ela - Credo! Maria da Penha neles.
Ele - É um filme, amor.
Ela - Mesmo assim. Eles instigam à violência doméstica mostrando essas coisas.
Ele - Nada a ver. Vamos ver o filme.
Ela - Já tô aqui há uns dez minutos e até agora ela só fez chupar o cara.
Ele - Esses filmes são assim.
Ela - Mas precisa demorar tanto tempo chupando?
Ele - Sei lá.
Ela - Como ela consegue por tudo isso na boca?
Ele - Nem é tão grande assim. E você também consegue.
Ela - Consigo, mas o teu não é tudo isso ai. Isso é aí é uma monstruosidade de enorme.
Ele - ...
Ela - Que foi?
Ele - Nada não.
Ela - Ela se levantou, acho que vai começar a ação.
Ele - Sim!
Ela - Como é o nome dessa meia mesmo?
Ele - Meia-calça?
Ela - Acho que tem outro nome.
Ele - Não sei.
Ela - Pensei que soubesse.
Ele - Nem tinha reparado que ela estava usando isso.
Ela - Tá olhando o que então?
Ele - Tudo, menos as roupas.
Ela - Oooowwwnn, que francesinha sensacional.
Ele - Não é assim que chama.
Ela - Como não?
Ele - É espanhola.
Ela - Tá doido? É francesinha.
Ele - Espanhola.
Ela - Quer saber de unha mais do que eu?
Ele - Unha?!
Ela - Sim, unha.
Ele - Ah, sim.
Ela - É francesinha ou não é?
Ele - Sim, é... Olha só onde ela conseguiu colocar a perna!
Ela - Ela é um pouco flexível.
Ele - Um pouco?
Ela - Sim, um pouco.
Ele - Achei bastante.
Ela - Grandes coisa.
Ele - Você não consegue por a perna nem metade de onde ela colocou.
Ela - E dai?
Ele - Bora ver o filme.
Ela - Ela geme muito.
Ele - Geme.
Ela - Isso não é normal.
Ele - Aí ela está atuando, mas há mulheres que são assim.
Ela - Como você sabe disso, Graucilando?
Ele - Sei o que?
Ela - Que têm mulheres que gemem muito.
Ele - Só sei.
Ela - Fala logo.
Ele - Há, meus amigos me contam suas aventuras.
Ela - Amigos é? Aventuras é?
Ele - Olha, nunca fizemos essa posição.
Ela - E dai?
Ele - Quer fazer?
Ela - Faz com essas pequenas que gemem muito.
Ele - Não tem ninguém, amor.
Ela - O que ela vai fazer com esse cabo de vassou... JESUS!
Ele - Até eu fiquei besta com essa.
Ela - O que essa mulher tem entre as pernas? Um buraco negro?
Ele - Ela é fogosa.
Ela - Graucilando?!
Ele - Oi.
Ela - O que é isso crescendo na sua calça?
Ele - Tanto tempo que tu não usa que já esqueceu?
Ela - Nem vem com tuas graças. Tá excitado com essa putinha ai?
Ele - Não amor. É que tô imaginando nós dois fazendo isso.
Ela - Com o cabo de vassoura?! Tá louco?!
Ele - Não, amor. Tudo, menos essa parte.
Ela - Por quê? Acha que não dou conta?
Ele - Não, amor. Não é isso.
Ela - PEGA A VASSOURA, AGORA!
Ele - Deixa disso, coração.
Ela - Deixa que eu mesmo pego.
Ele - ...
Ela - Olhe bem, Graucilando.
Ele - Esquece isso, Mauriciscleide. Vamos voltar a ver o filme.
Ela - Nada disso. Olha só... Tá vendo?... Huuumm... Viu como ela não é nada demais... Qualquer uma consegue... Vou girar pra tu ver... Esse sangramento é normal?... Graucilando, tô tonta.
Ele - Meu Deus do céu, Mauriciscleide!
Ela -...

***

Ele - Amor?
Ela - Onde estou?
Ele - No hospital. Você perdeu muito sangue e desmaiou.
Ela - Meu Deus!
Ele - Mas não se preocupe, você está bem. De manhã, dependendo dos exames, poderemos voltar pra casa.
Ela - Nunca mais pego num cabo de vassoura.
Ele - Isso é pra tu aprender.
Ela - Graucilando?
Ele - Oi?
Ela - Posso te fazer uma pergunta?
Ele - Claro?
Ela - Como acabou o filme? O mocinho venceu?
Ele - ...

FIM

Renan Medeiros
Breves, 12 de junho de 2016
FELIZ DIA DOS NAMORADOS

Contratos quebrados.

Absorto, ele fixava sua visão no teto enquanto sentia os delicados dedos dela tateando seu tórax, deleitando-se com os resquícios de prazer ...